Gisela João é incontestavelmente uma das melhores vozes da nova geração fadista. Acaba de lançar o seu segundo disco e em entrevista ao Infocul aborda a concepção do novo trabalho discográfico e aborda também o seu percurso e até quais as suas referências musicais.
“Nascida em Barcelos, Gisela viveu seis anos no Porto para, finalmente, o canto impor a sua vontade e a levar para Lisboa. Numa pequena casa “emprestada” na Mouraria debateu-se com o peso imenso da solidão, pensou várias vezes em desistir, mas resistiu. Conquistou primeiro meia Lisboa e depois Lisboa inteira, das Casas de Fado à mítica discoteca Lux e do Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém ao Teatro São Luiz” é assim descrita no seu site. Em entrevista ao Infocul dá mais alguns pormenores sobre o que é e o que a levou a dar o nome de “Nua” a este segundo disco.
Quando é que começaste a preparar este disco?
No final de 2014, principio de 2015.
Quais os critérios que usaste para definir o alinhamento?
Os poemas e as melodias têm de me fazer ficar com todos os meus sentidos ao alto.
Durante estes três anos de intervalo entre discos, sentiste de algum modo pressionada pelo sucesso e impacto de que o teu primeiro disco teve?
Muito, muito, por tudo o que as pessoas me iam dizendo.
Sentes que desde a capa até ao alinhamento este é um disco arrojado e que prima pela diferença?
Do fundo do coração não consigo responder a isso porque para mim ele é um disco muito simples e cru.
Neste disco contas com temas que não são Fado, como por exemplo os de Cartola. Sentes que o fado está em ti e no modo como interpretas os temas?
Sinto que o fado está nos poemas e nas melodias que me fazem reconhecer a minha vivência.
“Nua”. Porquê este nome? Já recebeste alguma crítica por este titulo para um disco? Qual tem sido o feedback do público à capa e ao nome do disco?
“Nua“ porque cada poema que canto é um pouco de mim…é a tal nudez da alma, da personalidade. Tem sido incrível a forma como as pessoas têm recebido o “ Nua “
Achas que o meio fado ainda tem em alguns sectores uma mentalidade fechada?
Não perco tempo a observar isso, acho que no geral, o nosso país é muito conservador.
Quem são as tuas grandes referências na música?
Ella Fitzgerald, Billy Holiday, Nina Simone, Charles Aznavour, Jaques Brel, Sinatra, Serge Gainsbourg, Maria Bethânia, Piaff, Amália, Chopin, Steve Reich, Bjork, Odetta, Camané… a lista podia continuar …
Há quem te considere a sucessora de Amália. Qual a tua opinião sobre isto?
Sou a primeira Gisela João (sorri).
Qual o artista com que mais desejarias fazer um dueto caso fosse possível?
Aznavour e os outros guardo segredo (sorri).
Nas tuas publicações nas redes sociais, tens sempre, ou quase sempre, uma mensagem que transmite amor, genuinidade, simplicidade. Sentes que são das coisas mais importantes na vida?
Sem dúvida, tenho uma coisa dentro de mim que me faz querer abraçar todo o mundo e tomar conta de toda agente.
Sendo um dos nomes mais aclamados do fado, actualmente, como descreverias este teu percurso? Foi o que alguma vez sonhaste ou já está para além dos sonhos?
Eu que sempre amei a Branca de Neve sinto-me a Cinderela.
A fadista regressa em 2017 aos Coliseus de Lisboa e Porto.