João Chora actua a 22 de Novembro no Fórum da Maia. “Aromas de Fado” é o seu mais recente disco e será a base para um espectáculo que irá percorrer os 30 anos de carreira de um homem de tradições mas também atento ao presente e disponível a receber o que o futuro lhe trouxer.

 

 

 

Sábado a meio-dia, Lisboa com nuvens que ameaçavam chuva. Zona Oriental, junto do Altice Arena com vista sobre o Tejo. Pontualmente, à hora marcada, lá nos encontrámos. À mesa falámos de Touros, da Arte Tauromáquica, do Fado, da juventude e da experiência e claro do Ribatejo e das suas tradições, não esquecendo a gastronomia.

 

 

João Chora tem a capacidade de através da sua sabedoria nos levar a tempos idos mas com uma linguagem actual, clara e fundamentada. Um homem de afectos e de apego às tradições e às suas raízes.

 

 

 

A 22 de Novembro subira a palco, no Fórum da Maia, levando assim os temas de uma carreira com 30 anos e do mais recente disco “Aromas de Fado” ao público do norte.

 

 

Como disse e bem, este mais recente álbum que assinala 30 anos de carreira, “Aromas de Fado”, é um bocadinho a base e o porquê desse concerto no próximo dia 22 de Novembro, embora este álbum por si só não faz o concerto, porque estamos a falar de 11 temas dois dos quais eu até gravei com a Ana Laíns e com o Rodrigo e portanto há depois toda uma viagem pela minha discografia onde são cantados alguns fados emblemáticos, que as pessoas já se habituaram ouvir na minha voz”, começou por desvendar, falando, entre outros, do “Fado Ribatejo”, “O que é que eu digo à saudade”, que assim “fazem parte do alinhamento deste concerto para as gentes do norte, neste caso da Maia”.

 

 

Do Ribatejo levará ‘O homem do Ribatejo’, “que é uma viagem poética por terras do meu Ribatejo escrito pela Rosa Lobato faria e música do nosso amigo José Luís Nobre Costa, a par de uma música que eu também fiz em parceria com o Bruno Mira, “Canção do Ribatejo”, escrita pelo José Fernandes de Castro, que é um homem do norte curiosamente, é digamos um dos temas… são alguns dos temas em que eu vou recordar, digamos, o Ribatejo cantando também ali Maria Manuela Cid, minha poetisa conterrânea, portanto é esta minha vertente Ribatejana que irá impor também ali, falando também das minhas tradições, das minhas raízes e da minha vivência e do meu Ribatejo”.

 

 

Em palco terá como convidados especiais, e já anunciados, Custódio Castelo, Marla Amastor e Fernando Maia.

 

Ao longo destes 30 anos, e a par com o seu percurso, tem sido um revelador e impulsionador de talentos. Questionei sobre qual seria o prazer maior: compor e criar o seu percurso ou dar palco e espaço a novos talentos. João Chora revelou que “as duas coisas estão ligadas de certa maneira, claro que é muito bom termos o nosso percurso e ao longo dos anos ir cimentando, criando o seu estilo que é o mais difícil, eu acho que de certo modo, modéstia à parte, não sou eu que o afirmo, são mais as pessoas que me rodeiam e que há muitos anos me ouvem e que dizem que o timbre e o estilo estão comigo. Realmente o ter percebido que alguém tem talento e tem jeito para o Fado, ter feito essa descoberta, enfim, nalguns casos, acho que foi importante também ter dado essa facilidade, ter dado a mão digamos assim, porque às vezes ninguém faz nada sozinho e portanto filo com muito gosto e não me arrependo”.

 

 

Até ao final do ano ainda tem mais espectáculos, “mais duas datas, para já, para fazer 22 de Novembro e o dia 1 de Dezembro e depois há algumas festas de natal. Dia 1 de Dezembro vai ser ali na zona de Azeitão, em Mora”, acrescentando que “não direi fechar o ciclo, porque os concertos vão sendo agendados… algumas coisas previstas para 2019, mas digamos que faz estes mês de Novembro um ano que o primeiro concerto de “Aromas de Fado” aconteceu em Santarém no Convento de São Francisco e portanto não direi que é fechar um ciclo, porque enfim, estamos a falar de um ano de vivência deste “Aromas de Fado”, mas de certa maneira, entre o primeiro que aconteceu em Novembro de 2017 e este na Maia é o fechar este ano artístico”.

 

 

João Chora foi, por mim, desafiado a uma questão gastronómica. Se este disco fosse uma iguaria tradicional seria “Couves a Soco com bacalhau assado, que é como uma miga, mas é uma expressão que eu me lembro só de ouvir na Chamusca, porque aquilo era feito pelas gentes do campo numa hora e portanto aquilo era as couves assim… a soco e tal, e depois mexíamos e quando a colher de pau ficasse de pé, estava boa. Numa outra linha, trouxas-de-ovos, que é um doce típico da Chamusca”.

 

 

Sendo um homem do Ribatejo era impossível terminar o almoço e a conversa sem falar de tauromaquia, das lezirias, de touros e cavalos. Sobre a polémica em redor da tauromaquia, disse que “a liberdade de uma pessoa termina onde começa a do outro e portanto eu acho que às vezes, e acho que não devem existir dois pesos e duas medidas, acho que as coisas devem ter algum equilíbrio, se o IVA dos espectáculos é 6, porque é que o outro não há-de ser também. Acho que às vezes se faz um bocadinho uma tempestade num copo de água e é como disse no início, as pessoas têm de respeitar os gostos de cada um, as pessoas podem gostar imenso de futebol, não sou grande amante do futebol, mas não critico quem goste. Acho que às vezes se empolam as coisas e às vezes há coisas mais importantes para resolver e tratar neste país do que propriamente este tipo de questões”.

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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