Jorge Fernando celebrou ontem 40 anos de canções no MEO Arena, num espectáculo em que contou com vários convidados em palco, além da presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa na plateia.
Intérprete, músico, compositor, letrista, produtor e mais uma infindável panóplia de saberes e virtudes profissionais, fazem de Jorge Fernando dos mais geniais artistas que Portugal conheceu/conhecerá. Ontem num concerto solidário a favor da Associação Novo Futuro foi homenageado pelos seus 40 anos de carreira e teve em palco alguns dos nomes maiores da música portuguesa a cantar os seus temas. Houve momentos de grande emoção, outros mais descontraídos, nua noite em que se percorreu 40 anos da música portuguesa, ou melhor, da música de Jorge Fernando.
Sam the Kid foi o primeiro convidado a subir a palco para com Jorge Fernando interpretar “Pois é”. O rapper improvisou na letra e provocou a primeira explosão de aplausos no MEO Arena, num dueto bem conseguido.
Jorge Fernando que antes do dueto já tinha feito um medley com alguns dos temas da sua vasta carreira, voltou a estar apenas com os músicos em palco e começar a desfiar alguns dos maiores êxitos do seu percurso como “Trigueirinha” ou “Chegou a hora” em que contou com o coro do MEO Arena, que é como quem diz com o público a cantar consigo o refrão dos temas.
O segundo convidado da noite foi José Gonçalez que tirou Jorge Fernando do palco e sentou-se com ele mesmo em frente à primeira fila da plateia, num momento intimista que contou com o Presidente da República e a Responsável da Associação Novo Futuro junto dos intérpretes enquanto estes cantaram um tema que foi originalmente escrito por Jorge Fernando para a sua mãe. Um dos momentos mais bonitos da noite, num dueto bem conseguido, com destaque para a desenvoltura de José Gonçalez que colocou o Presidente da Câmara Municipal de Cascais a filmar o momento.
O desfile de sucessos de Jorge Fernando continuou com “Boa noite Solidão” e “Pode ser saudade”, antes de Fábia Rebordão subir a palco para dois temas com o homenageado da noite. Em “Falem Agora” exagerou na interpretação e não precisa de o fazer, é das melhores vozes nacionais.
Um dos grande momentos da noite teve como personagens principais Jorge Fernando e Agir em “Rumo ao Sul”, no melhor dueto da noite. Agir saiu da sua zona de conforto, o mestre acarinhou-o e incentivou-o e o resultado final foi um momento sublime. “Desespero” levou ao palco Virgul e Dino D´Santiago para junto de Jorge Fernando num momento de cumplicidade e emoção sem contudo atingir a excelência.
Os Expensive Soul também subiram a palco para abrilhantar a festa e colocar o público de pé a aplaudir o homenageado da noite. “Entre o céu e o chão” foi muito bem conseguido em termos instrumentais e nas harmonias vocais.
Camané trouxe “Guitarra” numa interpretação arrebatadora. O fadista tem a capacidade de raramente falhar ou estar mal. Ontem foi quase perfeito e o mestre congratulou-o.
Ana Moura foi a convidada que mais furor criou na plateia e não deixou créditos em mãos alheias. Esteve segura, e na interpretação de “Os Búzios” alterou a letra para relembrar a importância de Jorge Fernando na sua carreira, num momento de gratidão e beleza.
Num espectáculo de grande qualidade e que permitiu-se uma viagem além do fado, há a destacar os músicos que acompanharam Jorge Fernando: André Sousa Machado na bateria, Yami Aloelela no baixo, Miguel Ramos na viola de fado, o multi-instrumentista José Manuel David, Davide Zaccaria no violoncelo, António Barbosa no violino, Guilherme Banza, Bruno Chaveiro e Custódio Castelo na guitarra portuguesa.
A festa terminou com todos em palco e ao som de “Umbadá”, já depois de Jorge Fernando ter provocado uma chuva de estrelas com telemóveis ao som de “Chuva”.
Como nota negativa: Apesar da boa moldura humana, o público português podia e devia ter acorrido em maior número a este espectáculo e por dois motivos: concerto de solidariedade a favor de crianças e a homenagem a um dos nomes mais importantes da música portuguesa.