José Cid é um dos artistas com maior destaque em 2019, por ter conquistado um Grammy Latino. O músico que agora lançou um novo disco.
Após receber o Grammy Latino, em Las Vegas, José Cid lançou um novo disco, ‘ Fados, Fandangos, Malhões…e uma Valsinha’. E foi com base no prémio e no disco, que o entrevistámos. Tempo ainda para falar sobre a carreira, os nomes que lançou e a actualidade musical em Portugal. Anunciou ainda concerto na Altice Arena…apenas não disse o dia.
Num disco em que presta homenagem à música tradicional portuguesa, José Cid conta neste disco com duetos com Marisa Liz ( No Meu Fado Há sempre um Blues), Ricardo Ribeiro (Por calles y vielas) e Matilde Cid (Que bem que baila a Moura).
Por entre originais e temas que recupera, José Cid reiventa-se e demonstra estar para continuar a fazer música portuguesa.
Tem sido um defensor da música tradicional portuguesa. Este disco é uma homenagem que faz à música tradicional portuguesa, que por vezes é desvalorizada?
Sim! Desvalorizada e injustamente muito esquecida! Por isso este álbum vem contra a corrente, contra o que é musicalmente certo e por isso é um álbum provocador e que nos faz acordar para a nossa identidade cultural.
Abre o disco com um tema que fez grande sucesso com Paulo Bragança, um artista no qual o José Cid teve importância na carreira. Dos artistas que ajudou a aparecer e a crescerem na música portuguesa, quais os que destaca?
Sem dúvida o Paulo Bragança é de longe, de todos, o mais talentoso.
Como é que no Fado consegue existir um blues? Isto relativamente ao tema ‘No meu fado há sempre um blues’…
A letra da canção diz tudo, não vale a pena repeti-la, o Tejo e o Mississipi encontram-se no meio do Oceano.
O José por norma é muito directo e preciso nas avaliações que faz a outros músicos. Marisa Liz é das melhores vozes da actualidade musical portuguesa?
Sem dúvida alguma! É enorme talento e alia a isso tudo uma enorme simplicidade!
O Fandango é um género musical que obriga a alguma técnica ao dançar. No disco tem um tema intitulado “A Vida é como um Fandango”. Pergunto se é preciso perícia e arte para saber viver?
De que maneira! Além de mais, no outro fandango do álbum “ Fandangueiro à luz da lua”, a rítmica é toda feita com pés gravados de José Triguinho, o fandangueiro de Riachos.
Um dos destaques deste disco é o acompanhamento instrumental no qual conta com guitarra braguesa, guitarra portuguesa, concertinas, gaitas de foles, adufes, cavaquinho, entre outros. É o disco mais tradicional da sua carreira?
Com certeza! E todos esses sons fazem parte da alma do nosso povo!
‘No tempo Feliz’ é dedicado à sua mulher. Parte do seu sucesso é também por a ter consigo?
A minha mulher de bom grado trata de todas as coisas que são jornalísticas da minha carreira, da correspondência e no que for preciso e que esteja ao alcance dela. O tema “No tempo feliz” também é a história do nosso quotidiano.
Recentemente recebeu um Grammy Latino. Houve quem valorizasse e quem desvalorizasse este prémio. Qual a importância que tem para si?
Cada um pensa como quiser! Cada um envenena-se com o que lhe apetece! Esses que desvalorizaram já só podem ver-me no horizonte!
Como reage à desvalorização, por parte de alguns sectores, a este prémio?
A resposta está na resposta anterior, mas podem ir-me ver no dia 30 de Dezembro na Praça do Comércio! E como sempre digo: “ Sigo cantando”.
Embora acabe de lançar este disco, pergunto-lhe o que tem já definido fazer em 2020?
O meu álbum de Rock sinfónico “Vozes do além” já está pronto!
Há algo de que se arrependa de ter dito ou feito ao longo do percurso?
Tudo aquilo de que me arrependi pedi desculpa publicamente, o que muita gente não consegue fazer!
Qual é a pergunta que nunca lhe fizeram e que gostaria de ter respondido?
Sinceramente não me ocorre!
Parar é um verbo ainda distante da realidade do músico José Cid?
Acertou em cheio! Enquanto a minha voz, a minha saúde e a minha inspiração cá estiverem, não há razão nenhuma de eu parar ou de você ser jornalista. Este é o nosso projeto de vida!
Dos novos valores que despontam na música portuguesa, quais os que mais destaca?
Felizmente há muita gente nova com imenso talento! Os que estão mais próximo são os Ganso, Capitão Fausto e os Prana.
Os portugueses são um povo culto ou a falta de aposta na cultura por parte dos sucessivos governos, começa a fazer-se notar?
Podíamos ser mais se as entidades oficiais apostassem mais! Mas também está nas nossa próprias mãos cultivar-mo-nos!
Vivemos num período de extremismos. Acha que existe liberdade de livre pensamento, actualmente?
Sim acho! Se assim não fosse era sinal de que estávamos de regresso ao tempo da velha senhora!
Tem sido um dos divulgadores, também, da importância do mundo rural. Continua a ser um mundo esquecido e ostracizado por quem tem responsabilidades?
Cada vez mais! As auto-estradas servem para ver o país ao longe! Mas se pararmos um pouco descobrimos que esse mundo é maravilhoso e deveria ser protegido exaustivamente. Temos que dar dignidade ao Portugal profundo! Porque a tradição é o futuro!
Acha que continuamos a ter portugueses de primeira e de segunda?
Enquanto a corrupção não for combatida cada vez essas distâncias se afirmam mais ! O que é lamentável!
Uma das áreas associadas ao mundo rural é a tauromaquia e ultimamente está sempre em causa a possibilidade de se acabar com as touradas. Qual o seu posicionamento perante este assunto e como encara o extremismo animalista?
Um velcro de silicone à volta da garnacha e do dorso do touro permitirá espetar as farpas e manter a tradição da tourada mas sem sangue.
É dos artistas com mais concertos por ano. Tem ideia de quantos concertos já fez ao longo de toda a sua carreira?
Tem que fazer pergunta à Wilkepedia …
Qual a sala que lhe falta actuar?
O “Altice Arena” e vai ser muito em breve!
Qual a mensagem que deixa aos nossos leitores?
Desejo a todos os leitores um 2020 cheio de tudo de bom! Sucessos, saúde e que realizem todos os vossos sonhos.!