O Auditório do Casino Estoril tem em cena o musical rock “Quase Normal” com Henrique Feist, Lucia Moniz e Mariana Pacheco a liderarem o elenco que conta ainda com Valter Mira, André Lourenço e Diogo Leite. A encenação está a cargo de Henrique Feist, a direcção musical é de Nuno Feist. O texto e as letras são de Bryan Yorkey e a musica de Tom Kitt.
A historia retrata uma mãe que luta contra a sua bipolaridade e os efeitos que esta doença e as tentativas da sua cura tem sobre a família. Lucia Moniz interpreta Diana de forma absolutamente brilhante. A actriz e cantora consegue neste espectáculo arrebatar o público do primeiro ao último minuto. Ora com voz doce e suave, ora com uma interpretação intensa e vibrante. Henrique Feist interpreta Dan que é o marido de Diana. Tenta ser um marido e pai presentes, quase como um bombeiro de serviço que faz de tudo pela sua família. A sua interpretação é de qualidade superior. Henrique Feist transmite uma sensação de “peixe na água” em formatos musicais. E neste formato é dos melhores actores nacionais. Mariana Pacheco estreia-se em teatro musical e a verdade é que não é perceptível essa situação. Neste musical interpreta a filha dos personagens de Henrique Feist e Lucia Moniz com elegância. A sua interpretação transmite uma verdade e naturalidade encantadoras.
O elenco conta ainda com três jovens actores de grande potencial Valter Mira, André Lourenço e Diogo Leite. A encenação e direcção de actores de Henrique Feist resulta muito bem nesta peça. Muito do mérito do que o público vê, deve ser atribuído ao responsável pela encenação que retira o que de melhor cada actor tem para dar. Cantar e representar com tamanha qualidade e de forma eximia é de um esforço gigantesco, mas a verdade é que este elenco faz tudo parecer fácil. A direcção musical de Nuno Feist é também ela, como habitualmente, de grande qualidade.
Neste espectáculo há ainda um nome a destacar que é Paulo Santos. O jogo de luzes é absolutamente maravilhoso e que ajuda “Quase normal” a ser dos melhores musicais que passaram por palcos portugueses. Paulo Santos tem tido a seu cargo projectos de enorme importância no teatro português e a verdade é que é dos melhores na sua função. A sua iluminação é sentimento e amor a uma arte reflectida em palco.
O Infocul falou ainda com Henrique Feist, encenador e actor que revela “o maior desafio foi controlá-lo. É um personagem que facilmente podia ir pelo mesmo caminho de Diana e ter os polos opostos das emoções extremas: A Euforia e a Depressão. E faria todo o sentido. Mas tem de aguentar. Claramente vamos buscar experiencias da nossa vida pessoal que nos ajudam a colorir o personagem. O desafio está no saber dominar estas experiencias e deixá-las servir tão somente o papel e não a nossa pessoa” sobre a construção do seu Dan.
“Desde 2009 que eu queria fazer este musical, mas era e é caro. Há um momento certo na vida para tudo e eu achei que este seria o momento certo. Abordar um tema tão actual e até mesmo polémico fascinou-me pois, como é sabido, nem sempre os musicais se aventuram por esses caminhos. A modernidade da musica também me seduziu pois é esta mesma modernidade que confere e facilita uma maior aproximação à narrativa da parte do público. Falei com a Music Theatre International e mandei-lhes o meu CV para aprovação pois na América, não basta só ter o dinheiro para comprar os direitos. Eles querem ver e perceber a quem estão a vender. Aceitaram-me” começa por dizer sobre o processo que permitiu trazer este galardoado musical a Portugal.
Acrescenta ainda que “o facto de ser um musical que depende muito do trabalho do actor foi o desafio que mais “pica” me deu. As canções são diálogos, são discurso directo e isso provou ser uma dor de cabeça quando estava a traduzir e adaptar. Não há grande poesia nem grande lirismo nas letras das canções. É tudo muito directo, muito discurso de dia a dia o que também ajuda no rápido entendimento e compreensão do musical”.
Este musical foi nomeado para 11 Tonys vencendo 3 – Melhor Partitura, Melhor Orquestração e Melhor Atriz. Venceu, também, o Prémio Pulitzer para Drama, em 2010, sendo o oitavo musical de sempre a receber esta honra. Tem andado em digressão pelos Estados Unidos após a temporada fixa na Broadway.
O ciclo de representações decorrerá, de Quinta-Feira a Sábado, às 21h30, e aos Domingos às 17 horas. Henrique Feist é um homem que gosta de desafios e habitualmente surpreende os espectadores com espectáculos de grande qualidade. Este ficará certamente na memória de todos aqueles que o forem ver. Para bem da cultura e destes talentosos actores, esperemos que sejam muitos.
Fotografias: Alfredo Matos