Ricardo Ribeiro! Num cartaz fortíssimo e ecléctico, Ricardo Ribeiro continuava a ser um dos grandes destaques do Artes à Rua, em Évora. Este domingo, 12 de Agosto, subiu ao palco, montado, na Praça de Giraldo, e… quando se junta o talento à verdade e se transforma a verdade em arte, todas as palavras passam a ser poucas para expressar o alimento da alma.

 

 

Ricardo Ribeiro é um dos casos que congrega, no homem e no artista, a grandeza do conhecimento com a simplicidade da humildade. Não é preciso dizer-se que se é bom, quando na verdade o somos. Não precisamos esconder nem omitir, mas basta demonstrar. Demonstrar de uma forma simples, ou não, através da arte e do talento. Se o fizermos com verdade, então o tão esperado (para alguns) reconhecimento chega. No tempo certo!

 

 

Um dos maiores talentos da actualidade fadista que alarga os seus horizontes, e projectos, a outras áreas além do fado, Ricardo Ribeiro, conta com um percurso seguro, ascendente e personalizado. Mas não espartilhado. A liberdade da sua arte não permite aprisionar-se a um só género mas permite ser prisioneira da verdade. Porque não o sendo, deixaria de ser arte.

 

 

Ao Artes à Rua, Ricardo Ribeiro vinha com um alinhamento esquematizado, mas alertava-me a meio da tarde que “em cima do palco altero tudo, sou o terror dos músicos”. Uma arrumação de palco simples e clássica, cadeiras pretas para os músicos e para si, apenas usada em alguns momentos, um fundo com o seu nome e imagem associada a esta digressão e um jogo de luzes que soube elevar o espectáculo.

 

 

Acompanhado pelo seu trio de ases habitual: José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença, na viola de fado e Daniel Pinto, no baixo, Ricardo Ribeiro proporcionou um espectáculo sempre de alta intensidade. Bem suportado pelo trio instrumental, a voz de Ricardo foi poderosa, melancólica, suave, permitindo uma viagem entre a dor e a alegria, a melancolia e a angústia, o desespero e a esperança. Há quem tenha a vida de alguém nas mãos, Ricardo Ribeiro tem várias vidas na voz.

 

 

Em termos de alinhamento há a destacar “Destino Marcado” (de Fernando Farinha na melodia do Fado Menor), “Olhos Estranhos” (Fado Corrido), “Nos dias de Hoje” (de Tozé Brito), “Moreninha da Travessa” (recordando Fernando Maurício), “Barro Divino” (Álvaro Duarte Simões), “Fadinho Alentejano” (num grande momento de comunhão entre público e artista), “Abandono” (dedicado à Dª Inácia, da Fábrica dos Pastéis), “Fama de Alfama” ou “Fado do Alentejo”, entre outros, numa escolha de repertório que incluiu um instrumental que sacou ao público eborense das maiores ovações da noite, num espectáculo de altíssimo nível.

 

 

Ricardo Ribeiro apostou ainda numa forte interacção com o público na qual falou sobre a sua ligação ao Alentejo, “não sou alentejano mas gostava muito de ser” e contando como curiosidade que “costumo vir muita vez a Évora, para descansar, e porque tenho cá muitos amigos”, e falando sobre o prazer de actuar na “Praça do Giraldo de fronte para a Igreja de Santo Antão”. Falou ainda da gastronomia alentejana, com claro destaque para as especialidades feitas pela Dª Inácia, da Fábrica dos Pastéis. O sentido de humor esteve presente numa noite muito agradável em termos meteorológicos.

 

 

Em breve apresentaremos entrevista realizada na tarde deste domingo com o artista e ainda fotografias do concerto realizado na Praça do Giraldo.

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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