Rui Bento Vasques: Nazaré, Almeirim e Campo Pequeno em discurso directo!

Fotografia: Hugo Calado/Toureio.pt

Matador de Touros, Gestor Taurino e Apoderado de reconhecidos méritos, Rui Bento Vasques marcou o regresso à tauromaquia com estrondoso sucesso, no passado sábado na Nazaré.

Rui Bento Vasques é o consultor da empresa Doses de Bravura, que organiza actualmente as corridas de touros na Nazaré, após ter estado 14 anos como director de actividades tauromáquicas do Campo Pequeno.

                                                                       Sobre a Nazaré

Sobre a primeira corrida de touros na Nazaré esta temporada, no passado dia 22, fez um “balanço que é extremamente positivo”, destacando o facto de toda a temporada ter sido alterada, por efeitos da pandemia provocada pela COVID-19.

Sobre o facto de não ser a Confraria de Nossa Senhora da Nazaré a organizar corridas, como no ano passado, explicou que devido “à pandemia, à responsabilidade social e também ao facto de este ser um assunto que provoca diferentes reacções, não estavam reunidas as condições para que isso acontecesse”.

Agradeceu profundamente a toda a equipa da empresa Doses de Bravura e a todos os patrocinadores e intervenientes da corrida de touros.

Sobre a empresa Doses de Bravura, e em resposta a várias notícias vindas a público, Rui fez questão de explicar o organograma desta nova entidade: Isabel Viçoso, sua mulher, é a gerente da empresa e ele tem uma procuração como consultor da empresa. Ou seja, em termos práticos, Rui Bento Vasques colabora gratuitamente com a empresa da sua família, emprestando o seu know-how na área em que a mesma actua: a tauromaquia.

Rui disse-nos ainda que a Casa Rui Bento tem duas marcas: a Margarui Toros e a Doses de Bravura. A primeira mais usada na questão dos apoderamentos e a novel empresa na parte de organização de corridas (neste caso, na Nazaré).

E após explicar o organograma, realça que não existe nenhuma sociedade com António Nunes. O que existe é “uma parceria, que provém de uma cordial relação de muitos anos”. Rui Bento recordou-nos que “na primeira corrida da temporada passada, a televisionada na RTP, António Nunes também tinha sido parceiro”.

Rui Bento Vasques elogia mesmo o facto de “existirem empresas, empresários ou pessoas singulares com capacidade e disponíveis de aportarem financeiramente a organização de corridas de touros”, até porque “sabemos as dificuldades em que muitos artistas e muitas áreas da cultura estão a passar, não apenas na tauromaquia”. E nesse sentido destacou o patrocínio conseguido para a Nazaré e que permitiu que “todos os que ali actuaram e trabalharam recebessem escrupulosamente os seus honorários”.

Quanto às notícias que saíram, classifica-as de “patetice, mesquinhez e demonstra a pequenez enquanto pessoas e a pequenez jornalística”, deixando ainda críticas a quem fez chegar essas “notícias” a quem as publicou. Disse ainda que “algumas pessoas não conseguem dar o passo em frente, vivem agarradas ao passado e sempre em busca de confusões”.

Referiu mesmo que “já tive uma conversa” com António Nunes sobre as declarações dele.

Sobre a Nazaré mais dois apontamentos: com as medidas da DGS, a praça tem lotação máxima de 1300 pessoas.

Para o próximo dia 5 de Setembro, pelas 22:15, actuam os cavaleiros Marcos Bastinhas (triunfador do ano passado) e Francisco Palha. Pegam os forcados de Santarém e Beja. Lidar-se-ão touros Passanha. Falta fechar o terceiro cavaleiro, que será um dos 4 triunfadores do Campo Pequeno até ao momento.

Rui Bento revelou-nos que devido à pandemia não pôde levar “por diante algumas ideias que tinha e alguns artistas que estavam apalavrados”. Recordou que “o grupo de forcados amadores de Lisboa era para estar na primeira corrida da temporada e não foi possível, tendo já eu ligado ao cabo Pedro Maria Gomes, que mais uma vez foi de uma compressão total

Recordou ainda que Nuno Batalha, presidente da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré (proprietária do tauródromo) desejava que Rouxinol e os Amadores de Lisboa tivessem na primeira corrida da temporada da Nazaré.

Contudo, a pandemia alterou tudo: de 6 corridas pensadas, apenas realizam-se 2. E isto obrigou a alterações. Nuno Casquinha estava também apalavrado, depois do sucesso ali alcançado no ano passado, e também não marca presença este ano. Mas deu ainda outros exemplos: “A Ana Batista celebra 20 anos de alternativa e gostava que tivesse vindo, tal como Rui Salvador, um toureiro sempre querido na Nazaré, queria dar oportunidade a uma das miúdas novas, mas infelizmente não deu este ano…

Contudo, Rui Bento Vasques revelou-nos que “na próxima temporada espero poder fazer 2/3 corridas mistas na temporada da Nazaré” , na temporada que deverá ser delineada no formato habitual com 5/6 corridas, porque “quero continuar a dar oportunidades aos matadores e novilheiros portugueses que têm qualidade e merecem ser apoiados”.

Sobre a Nazaré, e para finalizar, revelou ainda que “tive conhecimento de que apareceram aqui duas pessoas a querer organizar corridas na Nazaré. Mas mais grave do que isso, a forma como se apresentaram foi diferente. Organizavam as corridas, pagavam isto e aquilo mas havia um problema. Ambas as pessoas não tinham empresa. Então, haveria uma empresa com fortes responsabilidades na festa que daria a cara por eles e organizariam a corrida. Quando o responsável dessa empresa me ligou por outro assunto, eu abordei este assunto e a pessoa ficou engasgada e sem saber o que dizer”.

Sobre estes atropelos disse que “enquanto isto continuar a acontecer na festa dos touros, as coisas não irão pelo caminho certo”, reforçando que “o trabalho desenvolvido anteriormente” acabou por fazer valer perante a Confraria da Nossa Senhora da Nazaré.

Rui pediu aos aficionados para comprarem antecipadamente os bilhetes para a próxima corrida, de modo a não acontecer como no passado dia 22: “Houve muitas pessoas do Alentejo e Ribatejo que chegaram aqui e já não tiveram bilhete. Portanto tratem de tudo em antecipação, seja através do número das reservas, seja pedindo a alguém que passe aqui para comprar os bilhetes”.

 

                                                                    Sobre Almeirim

No próximo dia 11 de Setembro, a Arena de Almeirim recebe uma corrida de touros que será televisionada, na RTP1, e os bilhetes estão “a vender-se muito bem”. Rui Bento disse-nos mesmo que está “tudo reunido para termos lotação máxima permitida pela DGS, toda preenchida”.

E esta será a única corrida este ano em Almeirim. Rui Bento justificou isto com a pandemia e ainda com o facto de o espaço, depois das obras, ser um multiusos que permite receber diferentes tipos de espectáculo, lembrando que estão anunciados “concertos do Paulo Gonzo, da Katia Guerreiro e da Cuca Roseta”.

A Arena de Almeirim conseguirá ter 1400/1500 pessoas na corrida de touros de dia 11 de Setembro.

 

                                                                Sobre o Campo Pequeno

Foram 14 anos como director de actividades tauromáquicas do Campo Pequeno e o seu trabalho é por todos reconhecido, obviamente com coisas boas e outras menos boas.

Sobre o Campo Pequeno, disse-nos que “a nova administração, a Plateia Colossal, extinguiu a direcção de actividades tauromáquicas. Nesse sentido, houve uma negociação para a minha saída e que foi cordial. Primeiro com uma proposta, depois com uma contra-proposta e depois chegámos a um acordo que satisfez ambas as partes”.

Destaca que “tenho uma relação cordialíssima com o director-geral do Campo Pequeno, o João Gonçalves, com quem trabalhei noutra altura e adianto ainda que nas duas primeiras corridas desta temporada fui convidado, mais a minha família, a estar nas corridas. Primeiro numa barreira e na segunda no camarote da empresa”, deixando assim claro que saiu a bem e com tudo resolvido.

Mas a saída anunciada apenas este ano, ainda antes da pandemia, foi tomada muito antes. Pela primeira vez, Rui Bento revelou que “a minha decisão sobre fechar o ciclo dos 14 anos, foi tomada no dia 25 de Julho do ano passado”, dia da corrida em que teve no cartel João Telles, Palha e Rouxinol Jr., sendo que Rui Bento reuniu a sua equipa, no final da corrida, e informou que “no final da temporada terminava o meu ciclo no Campo Pequeno”.

Assume que falou com a administração para ser ele o promotor das corridas de touros no Campo Pequeno, tendo em conta que desde o início a Plateia Colossal, através de Álvaro Covões, disse que não organizava touradas, mas que não as impediria.

Posteriormente, após a empresa Ovação e Palmas de Luís Miguel Pombeiro ter vencido o concurso para organização de corridas de touros, foi convidado por Pombeiro para ficar como consultor e declinou o convite, “expliquei os motivos ao Luís Miguel, ele entendeu, e eu agradeci profundamente o convite mas expliquei que precisava de me afastar um pouco”. E assim o fez.

Para a próxima temporada, e perspectivando-se novo concurso no Campo Pequeno, deixa já a informação de que “não me candidatarei ao concurso. É ponto assente!” salvo se “a administração me fizer algum convite, meditarei sobre o assunto…”.

E perante isto remata dizendo que as notícias que saíram sobre ele integrar a organização de uma corrida no Campo Pequeno “são invenção e não tem qualquer sentido”.

E deixa um apelo ao mundo taurino: “A empresa Ovação e Palmas, e o Luís Miguel Pombeiro como responsável máximo, merecem que todos nos unamos em redor do Campo Pequeno. É a primeira praça do país, é um ano de grandes desafios e é hora de estarmos todos juntos. Não adianta pegarem em querelas do passado. É hora de olhar em frente e unirmo-nos”.

 

Texto e Entrevista: Rui Lavrador
Fotografia: Hugo Calado/Toureio.pt

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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