O Terras sem Sombra, que este fim-de-semana realiza-se em Ferreira do Alentejo, recebeu Helena Gragera e Antón Cardó na Igreja Matriz, para o sexto concerto desta edição do festival de música sacra/erudita.
Helena Gragera é Meio-Soprano e conta com uma sólida carreira tendo em Espanha pisado os mais importantes palcos, como são disso exemplo o Teatro Real, Teatro de la Zarzuela, Palau de la Música, Festivais Santander, Torroella de Montgri, Alicante. Mas destaca-se também no plano internacional, onde teve oportunidade de actuar em cidades como São Petersburgo, Varsóvia, Paris, Londres ou Amesterdão.
Conta com bastantes gravações discográficas e ao longo do seu percurso trabalhou, também, com importantes directores musicais como é o caso de Helmut Rilling, Josep Pons, Ramón Torrelledó, entre outros.
Helena Gragera conseguiu um espectáculo muito equilibrado e denotando uma enorme inteligência. Isto porque percebeu as condições acústicas da igreja e adaptou a sua interpretação. Denotou sentido estético e uma sensibilidade no seu canto que permitiu um concerto sem oscilações mas muito equilibrado, terminando num final de excelente nível e que agradou ao público que esgotou a lotação deste espaço religioso. Optou e bem por não ir a notas muito altas, destacando assim o sentido da palavra cantada que foi absorvida por inteiro por parte da assistência Fez ainda dois encores.
Ao piano, Antón Cardó seguiu o mesmo padrão da meio-soprano ao adaptar-se às condições acústicas e sendo um suporte de enormíssimo virtuosismo e qualidade, permitindo o brilho maior da interpretação atingido por Helena Gragera.
O ritmo de espectáculo foi também outra característica importante nesta noite, pois o mesmo permitiu uma confortável viagem por um repertório de excelência e que ganhou brilho pela interpretação de Cardó e Gragera.
Um alinhamento que tinha (e teve) como destaques maiores obras em castelhano de Camões (De dentro tenho mi mal), Gil Vicente (Muy Graciosa es la doncella) ou Garcia de Resende (Mira gentil dama), entre muitas outras obras escritas por lusitanos na língua de ‘nuestros hermanos’ e que teve tradução de Ruy Ventura, para serem interpretados esta noite.
Fotografias: Alfredo Rocha