Tiago Bettencourt foi ao Coliseu dos Recreios, em Lisboa, com um espectáculo 360º, actuando por isso no centro da sala lisboeta perante uma plateia vasta, perto de esgotar.
“A Procura_” é o mais recente disco de Tiago, editado há um ano e o sexto da sua discografia, e era o principal motivo para esta ida ao Coliseu, que revelou-se surpreendente e muito bem conseguida. Tiago Bettencourt esteve com as boas energias, que tanto abordou durante a noite, conectadas com o público e a sua música foi poesia viva que fez um espectáculo musical atingir uma dimensão espiritual que se enquadra na actual época festiva que vivemos.
Tiago Bettencourt teve dos melhores desenhos de luz e produção visual que assistimos este ano. Nada de megalómano, mas criando tonalidades intimistas, poderosas e envolventes para quem assiste. Um complemento perfeito da poesia que Tiago cantou, brilhantemente acompanhado pelos Mantha.
O músico português optou por um vasto alinhamento que passou pela sua discografia. Tocou temas novos, deu vida a temas ‘esquecidos’ e recordou alguns dos maiores sucessos da sua discografia e da música portuguesa.
É conhecido o talento de Tiago Bettencourt enquanto intérprete, compositor, autor, com a guitarra ou ao piano, mas por vezes esquecemo-nos de que o Tiago é humano e consegue fazer isto tudo bem. Habituou-nos a uma qualidade tão peculiar e elevada que já achamos normal o que depois apresenta em palco, e na verdade não é. Tiago Bettencourt é um músico com créditos firmados e qualidades inegáveis, que por vezes peca na forma como comunica (é uma questão de gosto).
O músico optou por interagir muito com o público, desde logo para dizer que “estou muito feliz por estar aqui. Espero que estejamos a altura desta sala e deste magnífico público. Vamos tocar músicas novas, músicas antigas e espero que seja um concerto especial”. Embora no início do espectáculo, o sistema sonoro da sala anunciasse proibição de captação de imagem ou som, Tiago Bettencourt permitiu e incentivou que o público filmasse o especulo. Isto depois de ter ido ao concerto da sua amiga Márcia e ter visto filmagens engraçadas.
Recuperou temas como “Lugar” ou “Dragão” (este escrito numa viagem a Pequim e estreado num posterior concerto em Macau). E conseguiu ainda colocar, várias vezes, o público a cantar os temas consigo, principalmente no refrão.
Fotografia: Tiago Bettencourt (Facebook Oficial)