
Tiago Correia é um dos jovens sobre os quais recaem maiores expectativas no que ao futuro do fado concerne. De reconhecido valor, o jovem teve uma actuação triunfal no Santa Casa Alfama 2019 e regressa este ano ao festival, integrado no espectáculo ‘Fado em Boas Mãos’ no qual participam também Maura, Joana Almeida e Buba Espinho.
O fadista concedeu uma entrevista ao Infocul para abordar este espectáculo e também o que está a preparar para o festival.
Tiago regressas ao Santa Casa Alfama. Em termos de espectáculo o que estás a preparar?
É uma grande alegria para mim poder voltar ao Festival Santa Casa Alfama. Um lugar onde tantas coisas bonitas acontecem e onde o fado e a música se reúnem, numa manifestação cultural entre público e artistas que nos mostra que todos estamos interligados às raízes da música tradicional portuguesa. Tal como o público, também eu, vivo sempre lado a lado com as minhas raízes sendo grato a todos os que passam pela minha vida, humanamente e musicalmente. E é essa gratidão que vai estar em palco nos temas que apresento. Numa ligação entre temas dos grandes mestres do fado e outros temas simplesmente feitos por mim. Dessa ligação resulta a minha verdade. E é essa que estará no palco do Santa Casa.
Quem serão os músicos que te acompanharão?
Os músicos serão: O Bruno Chaveiro na Guitarra Portuguesa, o João Domingos na Viola de Fado e o André Moreira no Baixo.
No ano passado tiveste um concerto muito positivo, tendo inclusive sido considerado o melhor do festival pela equipa do Infocul. O que mudou em ti, enquanto fadista, neste último ano?
Se há coisa que muda quase diariamente para além do meu estado de espírito e a vontade de temas diferentes, quase todos os dias, é também a minha exigência e responsabilidade em relação a esta grande paixão. Canto porque amo, e vivo o Fado de forma viva, isto é, como se ele fosse uma vida dentro da minha própria vida. Quando uma determinada atitude da nossa vida não é a melhor, ao consciencializarmo-nos desse erro, não nos sentimos confortáveis e tornamo-nos críticos. É igual a cantar. Cantar o Fado é um ato de vida. Como se fosse um cristal. Que quando bem explorado tem seus grãos (a nossa felicidade), se mal aproveitado é sempre igual. E por isso a minha responsabilidade acresce a cada dia que passa. À medida que o Fado se torna mais vivo dentro de mim. Estarei sempre grato ao INFOCUL por esse reconhecimento do Festival Santa Casa Alfama 2019.
Participar no maior festival de fado do mundo é uma responsabilidade acrescida?
É sentir que estamos no centro da verdade dos Fados. Tudo aquilo que nos rodeia neste Festival é o carismático bairro de Alfama. Em cada rua um fado, em cada pessoa um verso. Não há como não nos sentirmos no centro daquilo que amamos. É como estar em casa junto dos nossos, em festa. E quando atuas em casa a responsabilidade é diferente de qualquer outro sítio. Porque tens a vontade de orgulhar o teu pai ou mãe ou avós. Neste caso, é tentar orgulhar toda uma história de fados. É igual.
De que modo a actual pandemia que estamos a viver, afectou o teu trabalho?
A Pandemia afetou-me, a muitos níveis como em muitos colegas meus, ficando ausentes das nossas casas de fado, do nosso público, das palmas. É um sentimento de frustração e receio. Frustração porque para quem ama isto é um alimento. Receio, porque não compreendemos o espaço temporal de um acontecimento desta natureza. E isso põe em causa muitos fatores pessoais e profissionais da nossa vida. Mas estamos a retomar. Aos poucos, mas retomando.
Há alguma novidade a ser preparada em termos de disco ou de single?
Para já, não há nenhuma novidade. Ao longo da minha vida vou fazendo muitas coisas e elas ficam guardadas. Depois quando sinto um momento certo, velozmente essas novidades saem cá para fora. Sou o 8 ou 80.
Tens alguma superstição antes de subires a palco?
Tenho, mas esse é o meu maior segredo na vida da música.
Qual a mensagem que deixas aos nossos leitores?
A todos os leitores agradeço a forma como me acompanham. A forma como me acarinham. Sou tão feliz quando bem tratado por vós. Espero encontrá-los, dia 03 de Outubro, às 18:30 no Palco Ermelinda Freitas no RoofTop do Terminal dos Cruzeiros. E espero encontrá-los sempre.
O concerto em que participa Tiago Correia será no dia 3 de Outubro, a partir das 18:30, no rooftop do terminal de cruzeiros.