Luís Fialho pretende chegar a um público que “desfrute da nossa cultura e tradição” e “jovem”, destacou em conversa com o site Infocul.pt, numa entrevista que se revelou interessante na compreensão da jornada que este jovem está a ter na sua ascensão no cante alentejano, em nome da sua região.
Assim, conversámos sobre alguns aspectos que têm marcado a sua viagem no mundo da música, como a participação no programa “The Voice”, influências musicais, família, amigos e como demonstra sempre “o máximo respeito pelo Alentejo”.
No tema “Vem ter comigo”, a letra pede a alguém amado para “ir ter com ele para um último adeus”. Essa situação aconteceu na sua vida pessoal e foi passada para a vida? Ou foi um paralelo para outra situação?
A história da música “Vem ter comigo” foi imaginada e criada por mim pelo Khiaro e pelo Mário Monginho. Imaginámos uma história de amor com origem no Alentejo onde há uma rapariga da cidade (Lisboa) que passa férias em casa da avó numa vila do Alentejo, nessa vila vive um rapaz que se apaixona pela rapariga e que não tem tempo para lhe expressar o que sente nem para se despedir dela.
“Surgiu da necessidade de expressar as saudades que tenho dos meus avós”
Neste sentido, os temas têm sempre um fundo pessoal e de experiência própria? Ou partem do imaginário alentejano?
Depende sempre de canção para canção. Temos o caso da “Estrada da Imperfeição” que foi uma música que me foi dada por outros autores e com a qual me identifiquei, o caso do “Vem ter comigo” que foi uma história imaginada e o caso da música “Sozinho” que surgiu da necessidade de expressar as saudades que tenho dos meus avós e também como forma de os homenagear.
“Tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas novas na área da música”
Pelo seu trabalho dá para perceber que tem influências do cante alentejano e da música flamenca também, até pela biografia do programa “The Voice”. Qual destas aprecia mais enquanto fã atualmente, em termos de lazer?
Creio que as minhas influências vêm todas do Alentejo e do cante alentejano. Durante a minha carreira tive uma banda de flamenco onde passei muitos bons momentos entre amigos e onde demos muitos concertos mas que nos dias de hoje pouco ou nada influencia nas minhas canções ou interpretações.
Relativamente à questão do lazer gosto muito de ouvir diversos estilos de música portuguesa onde retiro muitas inspirações para as minhas músicas.
O que retira da experiência do “The Voice”?
A experiência do The Voice foi positiva e enriquecedora. Tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas novas na área da música, crescer enquanto artista, aprender a lidar com os nervos e testar os meus limites. Foi também desde a minha participação no “The Voice Portugal” que percebi que me queria dedicar a 100% à música e começar a trabalhar a minha carreira a solo.
Na biografia do programa diz que “a família próxima ouve muita música”. Quais as influências musicais da sua família? Quais artistas e géneros?
Desde miúdo que fui habituado a ouvir muita música. O meu pai sempre gostou de cante alentejano, a minha mãe punha sempre vários discos nas viagens de carro que me marcaram muito e no Natal sempre se cantou fado depois de almoço.
Recordo-me de ouvir muito Xutos e Pontapés, Queen, Luís Goes, Grupo Coral de Cantares Regionais de Portel, etc.
“Aproveito para dar sempre uma palavrinha de motivação a todos”
Quem seria o músico ideal para colaborar e porquê?
Tenho muitos artistas com os quais gostaria de colaborar, mas quando esta pergunta é feita lembro-me imediatamente da Sara Correia.
É uma artista que admiro muito, pela voz que tem, pela alma que dá aos poemas que canta e pela forma como defende o fado.
Segue algum processo ou ritual antes de uma atuação para se livrar do nervosismo ou da ansiedade de palco?
Antes de entrar em palco tenho o hábito de me isolar da equipa durante 20 minutos. Aproveito esse tempo para aquecer a voz, concentrar-me no concerto e desligar-me de tudo o resto. Gosto também sempre de confirmar que a minha equipa está toda bem disposta e aproveito para dar sempre uma palavrinha de motivação a todos.
Luís Fialho: “Vai sair um single em colaboração com outros dois artistas em abril”
O que acha que o distingue de outros músicos do seu género musical?
O que me distingue enquanto artista é a roupagem jovem e moderna com que tenho tentado vestir o cante alentejano. Sempre com o máximo respeito pelo Alentejo e também com o objetivo de abranger um público mais jovem para que este ouça e desfrute da nossa cultura e tradição.
Em termos de novidades discográficas, seja álbum ou singles, o que está previsto para breve?
Estive desde dezembro sem lançar nenhuma canção mas tenho estado a trabalhar em várias ao mesmo tempo.
Posso adiantar que vai sair um single em colaboração com outros dois artistas em abril, um projeto ao qual me tenho dedicado muito em maio e se tudo correr como esperado o meu primeiro disco em setembro.
“Não tem havido um Luís fora da música”
Luís Fialho, como está a agenda para este ano e quais as datas que quer destacar?
Felizmente já tenho algumas datas marcadas e ainda estamos a trabalhar para fechar mais algumas datas.
Das datas que posso revelar, gostaria de destacar o 25 de abril em Vila Viçosa e também o meu concerto em agosto nos Açores.
Fora da música e da parte artística que conhecemos, quem é o Luís e o que lhe dá prazer fazer?
É uma pergunta difícil de responder porque nós últimos tempos não tem havido um Luís fora da música. Por estar a viver em Lisboa cada vez que tenho um dois dias livres aproveito para ir até ao Alentejo, descansar, passar tempo com a minha família, com os meus amigos de lá e aproveitar o campo. Em Lisboa, nos meus tempos livres, tenho aproveitado para jogar padel com os meus amigos e fazemos também vários convívios com regularidade.
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