Pedro Chagas Freitas defende o IRA: “São pessoas comuns que se recusam a ser indiferentes”, considerou.
O escritor sai em defesa do grupo e critica decisão política
O escritor Pedro Chagas Freitas recorreu às redes sociais para deixar um longo desabafo sobre o trabalho do IRA – Intervenção e Resgate Animal, elogiando o grupo e condenando a recente decisão política que limita o uso de sirenes e luzes nas suas operações de resgate.
No texto, partilhado esta quinta-feira, o autor de Prometo Falhar expressou profunda admiração pela associação e criticou duramente o sistema político. “Eu amo a malta do IRA. Já o escrevi. Escrevo de novo. Têm neles a coragem que falta a quase todos, a mim também”, começou por afirmar.
“Estão nos escombros, nas cheias, nos incêndios, no inferno”
Com um tom emotivo, o escritor destacou a entrega dos voluntários, que atuam em situações de grande risco sem procurar protagonismo mediático. “O país entretém-se com debates de plástico, com moralidades de trazer por casa; eles estão nos escombros, nas cheias, nos incêndios, no inferno, nos vários infernos, a tirar do medo aquilo que ainda respira. Fazem-no sem o aplauso fácil da televisão: fazem-no porque alguém tem de o fazer”, escreveu.
Pedro Chagas Freitas sublinhou ainda a incoerência das autoridades ao retirar instrumentos fundamentais ao grupo. “A política, os políticos, tiraram-lhes agora as sirenes, as luzes, o direito de dizer: ‘estamos a caminho de salvar uma vida’. É uma espécie de contrário da poesia: é a anti-humanidade, a anti-empatia, provavelmente vinda de anti-pessoas. É a tristeza basilar: decidir que os animais (e, por vezes, as pessoas) podem esperar mais um pouco. Não podem, muitas vezes não podem.”
“Os operacionais do IRA não são criminosos”
Mais adiante, o escritor voltou a deixar críticas duras à burocracia do sistema e à falta de empatia das instituições. “Os engravatados assumem uma declaração de indiferença. São os burrocratas (não há erro algum nesta palavra) na sua vã glória, na sua polidez oca, no recreio dos pequeninos. O país que celebra heróis nas redes sociais é o mesmo que lhes retira ferramentas elementares”, lamentou.
Por fim, reforçou a sua solidariedade com os voluntários do IRA. “Os operacionais do IRA não são criminosos, delinquentes, seres perigosos; são pessoas comuns que se recusam a ser indiferentes.”




