Em Setembro não foi publicado editorial e essa é a primeira situação que quero abordar. Não foi publicado porque estávamos a meio de um festival e porque na verdade nada de importante havia a transmitir. Assim, regressamos este mês à normalidade.
E desde Agosto até agora tanto aconteceu. Eleições legislativas, a reentrada cultural, o fim da temporada tauromáquica no Campo Pequeno, a Feira de Outubro em Vila Franca de Xira, entre tantas outras situações de realce.
Mais importante do que se descrever aqui tudo o que fizemos, quero aproveitar este editorial para alertar sobre o que nos espera em breve.
Continuamos numa era vanguardista que mais não é do que uma tentativa, de alguns sectores da sociedade, competirem por um máximo de ridículo.
Não me choca ver um Homem de saias. Os Pauliteiros de Miranda usam-nas, numa recriação das tradições.
O que me choca é a necessidade de as pessoas se fazerem notar por algo sem conteúdo, sem nexo. Imaginem ir a um funeral vestido de encarnado.
Independentemente da ideologia política ou sexual de cada um, que devem sempre ser respeitadas, não podemos entrar no extremismo de tentar acabar com tudo o que é diferente daquilo que defendemos.
Da mesma forma que não devemos continuar com uma postura de superioridade moral sobre algo ou alguém, ainda para mais quando cometemos os mesmos erros.
Impedir seja o que for, por decreto, é do mais absurdo que existe. Porque perde toda e qualquer legitimidade para promover a liberdade de escolha/pensamento.
Perante isto, Rafael quis provocar ao ir de saia para o parlamento. Conseguiu. Era tão evitável. O Governo quer aumentar a idade de acesso às touradas. Irá fazer o mesmo com o futebol?
Entretanto o mundo tauromáquico anda em alvoroço com a possível chegada de Álvaro Covões ao Campo Pequeno.
Arrisco-me a dizer que 70% da malta dos touros não conhece Covões e então aposta em duas vertentes: o bajulismo provinciano ou a desconfiança.
Calma, Covões é o responsável pela maior produtora cultural, e de entretenimento, portuguesa.
Mais, é um homem que tem defendido as tradições portuguesas, veja-se o sucesso dos festivais de fado por esse mundo fora, e do pluralismo de opinião e pensamento. Ah, e todos conhecem o NOS Alive, produzido por ele.
No meio de todas estas polémicas, há 50% de eleitores portugueses que estão a ‘borrifar-se’ para isto tudo. Porque quem não vota, está literalmente a deixar nas mãos de outros o seu próprio destino.
Qual é a alegria de viver se não definimos o próprio destino?