Clara de Sousa: “Uma mulher assertiva continua a ser lida como demasiado qualquer coisa”, assinalou a jornalista.
Clara de Sousa foi recentemente distinguida pela revista Executiva como uma das figuras femininas mais influentes do país.
Contudo, a jornalista não pôde comparecer à cerimónia em Lisboa, mas enviou uma mensagem crítica sobre o papel das mulheres na sociedade e no meio jornalístico.
“No jornalismo, em particular, não há verdadeira influência sem a confiança de quem nos vê e de quem nos ouve. E a confiança constrói-se com um trabalho certo e com coerência“, afirmou.
Assim, “a mentira tenta derrubar a verdade e em que o escrutínio é, muitas vezes, visto como um ataque”.
Seguidamente, Clara de Sousa sublinhou a importância de não ceder na função de informar, mesmo perante pressões.
“Não pode ceder na sua função de desmontar, de esclarecer e de fazer as perguntas incómodas“, referiu, acrescentando que essa tarefa se torna mais complexa quando realizada por mulheres.
“Quando esse trabalho é feito por uma mulher, o desconforto parece maior. Eu sinto isso“, reforçou.
“Porque se a mulher é incisiva, [é porque] é agressiva, se contraria, [é porque] é arrogante. Uma mulher assertiva continua a ser lida como demasiado qualquer coisa”, explicou.
Enquanto isso, um homem com o mesmo comportamento é visto como “firme, determinado. É um líder”.
“Para a maioria de nós, o caminho é sempre mais difícil. Sabem bem que nós nos habituámos a usar stilettos na calçada… e nunca deixámos de chegar ao destino. Parabéns a todas as mulheres aqui distinguidas. Cada uma está a abrir caminho, com trabalho, com coragem e sem pedir licença“, rematou.