Dino D’Santiago emociona-se no programa de Júlia Pinheiro: “Sentia que podia morrer a qualquer instante”, contou.
O cantor recordou a infância difícil e revelou como a terapia mudou a sua vida
Dino D’Santiago foi o convidado do programa Júlia, na SIC, e emocionou-se ao revisitar os capítulos mais duros da sua vida. Numa conversa íntima com Júlia Pinheiro, o cantor recordou uma infância marcada pela pobreza e por uma constante sensação de urgência em viver.
“O bairro onde nasci obrigava-me a sentir que tinha de agir rápido”
Natural de Quarteira, Dino D’Santiago falou abertamente sobre as dificuldades que enfrentou durante os primeiros anos de vida.
“O bairro onde nasci obrigava-me a sentir que tinha de agir rápido, de fazer algo com urgência”, partilhou o músico, visivelmente emocionado.
Segundo o cantor, o ambiente em que cresceu era de escassez e de luta diária pela sobrevivência.
“Sentia, dentro de mim, que podia morrer a qualquer instante”
Com uma sinceridade desarmante, Dino D’Santiago revelou que viveu muitos anos com a sensação de que a vida poderia terminar a qualquer momento.
“Naquela altura, havia um cheiro de morte no ar. Sentia, dentro de mim, que podia morrer a qualquer instante. Foi isso que me levou a fazer tudo com pressa — cantar, pintar, escrever — porque precisava de deixar algo feito.”
O artista confessou ainda que aquele impulso de viver intensamente foi, durante muito tempo, um reflexo das cicatrizes deixadas por uma juventude difícil.
“Não era medo propriamente dito, era mais a sensação de ter mais ar do que o corpo conseguia suportar. Queria viver sem limites.”, desabafou.
“Tu chegas a casa como um cadáver. O nosso filho precisa de ti”
Hoje, com uma carreira consolidada e reconhecimento nacional e internacional, Dino D’Santiago contou que, durante muitos anos, carregou o peso de querer dar aos filhos uma vida melhor do que a que teve.
“Prometi que ia estar mais presente, que não ia trabalhar tanto, mas quando o meu filho Lucas nasceu, veio o medo de não conseguir dar-lhe o que precisava.”, revelou.
O cantor partilhou ainda o momento decisivo em que a mãe do seu filho o fez repensar tudo.
“Um dia, ela olhou para mim e disse: ‘Tu chegas a casa como um cadáver. O nosso filho precisa de ti, mas não é deste modo’. Foi ela quem me incentivou a procurar ajuda e a começar terapia. Desde então, a psicoterapia tem sido um pilar essencial na minha vida.”, afirmou com gratidão.
“Percebi que não era preciso ser perfeito para ser um bom pai”
Dino D’Santiago contou que, através da terapia, aprendeu a ser mais compassivo consigo próprio e a viver com mais equilíbrio.
“Percebi que não era preciso ser perfeito para ser um bom pai. O importante é estar presente, com verdade e amor.”, afirmou.
Essa jornada interior inspirou também o seu livro Cicatrizes, onde partilha as dores, as lições e o crescimento que marcaram o seu percurso pessoal e artístico.
“Quis deixar aos meus filhos a mensagem de que podem falhar quantas vezes for preciso, porque eu estarei sempre aqui para os acolher. São nesses erros, nessas curvas e contracurvas, que nasce o verdadeiro ‘eu sou’ de cada um.”, concluiu.
