Homenagem ao último público da velhinha Praça João Branco Núncio em Alcácer do Sal, numa galeria humana que demonstra o que se viveu a 5 de outubro de 2025, na última “tourada”.
A tarde em que o tempo abrandou com fé taurina
Por ser uma praça centenária, e por ter sido palco de uma despedida especial, importa sublinhar a sua força simbólica uma vez mais. O povo de Alcácer respondeu, como sempre, ao chamamento: pode não ter esgotado todas as bancadas, mas encheu a praça de alma e sentimento.
Aliás, faz isto em todas as corridas. A população de Alcácer e, claro, todos os aficionados que se deslocam de vários outros locais sempre com orgulho em estarem presentes.
É uma das praças sempre com entradas de excelência, seja qual for o cartel, tamanha é a força geográfica de Alcácer do Sal e magnitude do nome da praça.
A força de Alcácer do Sal e a sua velhinha praça feita de coração
Esta é, por isso, uma praça com uma tendência muito forte — emocional e popular. Esta galeria humana serve assim como homenagem, pois não basta só aos seus edificadores nem aos artistas nem à corrida em si. Achei por bem homenagear o seu público, que marcou presença nesta última corrida com a mesma paixão de sempre.
Esta galeria humana, de índole social, mostra os rostos, os sentimentos e as verdades dos aficionados nesta tarde tão bonita de dia 5 de outubro de 2025.
Uma tarde com os protagonistas Ana Batista, João Moura Caetano, Andrés Romero, Luís Rouxinol Jr., Paco Velásquez e António Ribeiro Telles Filho, com pegas a cargo dos Amadores de Lisboa e Alcochete e com os oponentes na figura dos touros da ganadaria Santa Maria.
O eco de “Casablanca”: “Teremos sempre Alcácer”
No filme “Casablanca” que deu o mote à crónica devido à inspiração que o filme melancólico fez rebentar nas bancadas e arena, a personagem Rick de Humphrey Bogart diz: “Teremos sempre Paris”. Por aqui dizemos “Teremos sempre Alcácer”.
E teremos sempre a Praça João Branco Núncio como o local de tanto cinema puro que deu tantas recordações a tanto público, cavaleiros e forcados.
“Enquanto o tempo passa”, estamos cá! E a galeria humana mostra isso.
Viagem a preto e branco até à era dourada da praça e da tauromaquia
Por isso também segue a preto e branco e com o grão clássico, remontando para a época áurea da tauromaquia, com classe e glamour, onde este praça era local de paragem nos roteiros mais douradas da cultura taurina.
Por isso, viajamos no tempo, como se estivéssemos a ver o “Califa” de Alcácer, João Branco Núncio, a tourear com colegas da altura como Mestre Batista.
Teremos outras lutas por amor e glória em várias arenas por este mundo fora, mas esta tarde… foi a tarde.