Joaquim Nicolau recorda Maria João Abreu, Luís Aleluia e Pedro Lima, em conversa com Júlia Pinheiro, no programa Júlia, na SIC.
Hoje, Joaquim Nicolau esteve à conversa com Júlia Pinheiro, na SIC, e recordou alguns dos seus amigos actores que faleceram nos últimos anos, entre eles Pedro Lima, Luís Aleluia e Maria João Abreu.
“Eu costumo dizer que sou um ator por conveniência. Interessa-me trabalhar e interessa-me também ser diferenciado, mas, na verdade, eu gosto muito de fazer direção de atores e de encenar”, revelou, acrescentando que tem “talento para isso”.
“Comecei realmente cedo, há bastante tempo que o faço e tive a sorte de encontrar pessoas que também me ajudaram nisso, que me perceberam. Isso também me ajudou a fazer o meu trabalho. Eu tive essa sorte de trabalhar com essas pessoas. Continuo também a trabalhar com pessoas interessantes agora, mais novos”, acrescentou Joaquim Nicolau.
“Mas eu gosto mesmo de atores, acho que é uma coisa que me fascina. Eu não tenho jeito para cantar, nem para dançar, nem para nada disso, mas tenho jeito, tenho talento para dirigir atores”, destacou Joaquim Nicolau.
Júlia Pinheiro lembrou alguns amigos atores que já faleceram nos últimos anos.
Joaquim Nicolau confessou: “Ultimamente não tem sido fácil, porque, quando as pessoas se vão no tempo certo… nós temos de entender a vida, que ela é isto, é uma passagem. Agora, não ir no tempo certo”.
Destacou Maria João Abreu, que morreu a 13 de maio de 2021: “Tinha uma ligação muito forte, porque éramos da mesma geração, fomos sócios numa loja de roupa”.
Recordou Pedro Lima, que morreu em 2020, e Luís Aleluia, no ano passado.
“Acho que tenho muita honra em substituí-lo [a Luís Aleluia] na peça ‘Noite de Reis’. Faço o papel que era dele e estávamos a trabalhar quando isso aconteceu. O que é terrível é que eu estava a trabalhar com o Pedro e com o Luís Aleluia no momento em que tudo isso aconteceu”, comentou Joaquim Nicolau.
“O Pedro foi extremamente traumático, porque eu, através de um grande amigo meu, tivemos acesso ao que ia acontecer. Eu venho do Algarve com essa pessoa, a andar, de certa maneira, muito rápido e falando sempre ao telefone. Essa pessoa sempre também muito amiga dele… a tentarmos perceber, a tentarmos chegar a tempo”, assinalou.
“Lembro-me que quando cheguei precisamente à praia foi quando o helicóptero estava a sair, a dizerem ‘já encontraram o corpo’. O Pedro era alguém que eu conheci muito novo também. Apesar de ele ser mais novo que eu, mas somos de gerações parecidas, em que partilhávamos muita coisa”, disse ainda Joaquim Nicolau.
“Ele, lá está, para mim, era uma rocha e, afinal de contas, não. Afinal de contas, somos todos muito frágeis. Afinal de contas, temos fragilidades onde a gente espera que elas não estejam. Mas é isto, a vida tem de continuar”, considerou.
Sobre Luís Aleluia, disse: “Honestamente, percebi que havia qualquer coisa de estranho, porque ele evitava-me… naqueles últimos dias, ele evitava falar comigo e eu disse ‘mas será que o Luís tem aqui alguma coisa que não tenha corrido bem?’. Não, nada. Nós tínhamos uma belíssima colaboração os dois, falávamos… ele estava a fazer uma personagem”.
“Depois, quando isso acontece, faço as contas, juntei dois mais dois e disse: ‘Ok, ele não queria falar. Já estava na dele, já não queria falar. Sabes quando a gente já não quer partilhar, que isso é que é complexo’. E, aí, eu percebi que ele evitava. Só juntei depois esse dois mais dois. E o Pedro também foi assim”, partilhou Joaquim Nicolau.
“A Maria João foi, realmente, um processo diferente, doloroso, porque a Maria João era mesmo minha amiga… ela, o José, os filhos… Nós fomos para o Ribatejo na mesma altura”, rematou Joaquim Nicolau.
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Assim, emocionado, Joaquim Nicolau recorda Maria João Abreu, Luís Aleluia e Pedro Lima.