PAN pede suspensão imediata das touradas no Campo Pequeno, após o ocorrido com o forcado Manuel Trindade.
Partido envia cartas e propostas à Assembleia da República
O PAN enviou três cartas abertas ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, à Casa Pia de Lisboa e à empresa Plateia Colossal, promotora de eventos tauromáquicos, solicitando a suspensão da atividade em Lisboa nesta época.
Além disso, o partido apresentou na Assembleia da República, esta terça-feira, duas propostas: suspender as touradas no Campo Pequeno e reconverter a praça, e interditar a participação e assistência de menores de 18 anos nestes eventos.
Tragédias recentes motivam ação do PAN
As iniciativas surgem após a morte de um jovem forcado de 22 anos e de um espectador de 73 anos, durante a última tourada no Campo Pequeno.
“Para o PAN, enquanto sociedade não podemos ficar indiferentes a estes incidentes trágicos demonstram, mais uma vez, a necessidade de se refletir sobre estes espetáculos que continuam a matar pessoas e animais na arena, num país onde a maioria da população já é contra as touradas”, afirmou a líder do PAN, Inês de Sousa Real.
Defesa da proteção das crianças e condenação da violência
A deputada destacou ainda que os espetáculos expõem crianças a cenas de extrema violência, contrariando princípios da Convenção dos Direitos da Criança.
“Não podemos ignorar o impacto que uma tragédia como a que aconteceu no Campo Pequeno tem, que culminou também na morte de um espetador adulto e que também as crianças e jovens que estavam a assistir presenciaram este episódio.”
Inês de Sousa Real considera que a violência na tauromaquia é “cruel e anacrónica”, e defende que a proteção de menores e do bem-estar animal deve prevalecer sobre tradições.
PAN reage a críticas nas redes sociais
Na segunda-feira, a mãe do forcado morto, Manuel Maria Trindade, publicou uma carta aberta criticando comentários de pessoas nas redes sociais e associando o PAN às reações.
No entanto, uma fonte oficial do partido esclareceu: “Em momento algum [o partido] não teve empatia ou respeito pela família do jovem”, garantindo que o PAN lamentou desde o início a morte ocorrida no contexto das touradas.
Argumento ético e internacional
O PAN recorda que a ONU já recomendou duas vezes medidas para afastar menores da tauromaquia e que pareceres da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco e da Amnistia Internacional alertam para a exposição de crianças à violência.
“O divertimento e uma suposta ‘tradição’ não podem estar acima do valor da vida humana, do bem-estar animal e da proteção de crianças e jovens em relação à exposição à violência. A abolição da tauromaquia é mais do que um imperativo ético e civilizacional, é um dever coletivo para protegermos as pessoas e os animais”, concluiu Inês Sousa Real.