Pedro Passos Coelho surpreende ao esperar mais de uma hora na fila do velório de Francisco Pinto Balsemão, ontem.
Um momento de respeito no Mosteiro dos Jerónimos
O Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, foi palco de uma emocionante homenagem a Francisco Pinto Balsemão na noite de quarta-feira, 22 de outubro. O fundador da SIC e antigo Primeiro-Ministro de Portugal foi recordado por políticos, figuras da televisão e personalidades das artes, num velório marcado pela sobriedade e admiração pela sua vida e legado.
Entre os muitos presentes, Pedro Passos Coelho destacou-se por uma atitude de humildade e respeito que rapidamente se tornou tema de conversa entre os presentes.
“Fez questão de ficar na fila durante mais de uma hora”
O ex-chefe de Governo chegou ao Mosteiro por volta das 18h30 e, apesar dos privilégios protocolares que lhe foram oferecidos, recusou qualquer tratamento especial, preferindo aguardar na fila como todos os outros cidadãos.
“Fez questão de ficar na fila durante mais de uma hora, esteve desde as 18h30 até às 20h00, sem que ninguém dali o conseguisse arredar.”, descreveu Pedro Passos Coelho, jornalista da SIC que acompanhou o momento.
Segundo o repórter, a decisão do antigo líder do PSD foi espontânea e deliberada, uma escolha que traduziu respeito e simplicidade num momento de grande solenidade.
“Recusou o privilégio e quis ficar à espera”
Durante o velório, foi montada uma estrutura organizada com um percurso alternativo para altas figuras do Estado. No entanto, Pedro Passos Coelho optou por recusar essa facilidade.
“Num velório como estes tem que ter produção, e duas pessoas da produção foram falar com o antigo líder do PSD e disseram-lhe ‘o senhor, na sua qualidade de antigo Primeiro-Ministro, tem o direito de ir por outro lado da fila, não precisa de ficar na fila’, mas este recusou e fez questão de ficar à espera.”, revelou o jornalista da SIC.
A atitude foi amplamente elogiada pelos presentes, que destacaram a postura discreta e respeitosa do antigo governante num momento de despedida a uma das figuras mais influentes da democracia portuguesa.
“Balsemão contribuiu muito para o reconhecimento dos direitos humanos”
Após prestar as suas condolências à família, Pedro Passos Coelho fez questão de recordar o papel determinante de Francisco Pinto Balsemão na defesa da liberdade e na construção de um Portugal moderno e democrático.
“Foi um homem que remou muito e contribuiu muito para acelerar o reconhecimento por parte de instituições portuguesas e da cultura democrática portuguesa dos direitos humanos, e isso merece ser sublinhado também.”, afirmou o ex-primeiro-ministro, visivelmente emocionado.
Por fim, destacou ainda uma dimensão frequentemente esquecida do legado de Balsemão: “Muitas pessoas esquecem-se às vezes dessa dimensão, em particular no que respeita às mulheres.”, acrescentou.




