Cowboys, Country e os Acasos que fazem Sentido, numa vida que é uma estrada repleta de curvas e poucas linhas retas.
Há momentos na vida em que tudo parece fazer sentido — não porque encontramos todas as respostas, mas porque certas pessoas aparecem nos nossos caminhos e, sem sabermos bem como, colocam tudo em perspetiva. São encontros raros, mas quando acontecem, algo dentro de nós acorda. E, às vezes, basta uma música country a tocar no rádio para percebermos que estamos exatamente onde devíamos estar.
Hoje, essa música country é a banda sonora de alguém que entrou recentemente na minha vida. Alguém importante. Que me surpreende com a sua forma de ver o mundo e de o sentir. E que, curiosamente, me fez recordar outra pessoa — alguém que já partiu, mas que amo profundamente. Essa pessoa adorava cowboys. Os filmes, os heróis solitários, os horizontes infinitos, a ideia romântica de uma vida em liberdade, mesmo com toda a dureza que ela acarreta.
E dou por mim a pensar nas voltas que a vida dá. Em como é belo — e até necessário — colocar tudo em causa de vez em quando. Deixar cair certezas, redefinir caminhos, olhar para dentro com olhos novos. Porque, no fundo, amar e viver são gestos que não cabem em identidades rígidas, nem precisam de justificações. Hoje, os amores não têm de estar arrumados em prateleiras identitárias. Basta sentir. Basta viver. Tal como a música country.
Essa música não pede licença. Não segue tendências. Não quer ser moderna, nem popular — quer ser sentida. Fala de perdas, de encontros, de raízes, de estrada, de saudade. E talvez seja por isso que me toca tanto agora. Porque também eu estou num momento de estrada interior, de reencontros e despedidas, de amor que nasce ao mesmo tempo que a memória se acende.
A ligação entre cowboys e música country não é só simbólica. É emocional, existencial. São dois lados da mesma alma: a que procura sentido em movimento, que carrega feridas com dignidade, que ama sem medo da entrega. Que canta, mesmo que a voz venha trémula.
E por isso, quando ouço uma canção country, não ouço apenas notas. Ouço dois amores: o que perdi e o que agora me encontrou. O passado e o presente cruzam-se no mesmo compasso. E nesse instante — só nesse — tudo faz sentido.
Boa Páscoa a todos.