Duarte no Coliseu Club: Vinte Anos de Fado, Saudade e Destino

Duarte no Coliseu Club: Vinte Anos de Fado, Saudade e Destino, num caminho que teve uma bela passagem pela nova sala lisboeta.

Texto: Rui Lavrador / Fotografias: Diogo Nora

Na noite de 11 de março, o Coliseu Club, nova sala inserida no Coliseu dos Recreios, abriu as suas portas ao fado e à celebração de um percurso singular.

Duarte, na companhia de Pedro Amendoeira na guitarra portuguesa, João Filipe na viola de fado e Carlos Menezes no baixo, trouxe consigo a densidade emocional do fado, o peso da palavra cantada e a viagem de duas décadas dedicadas à música.

Na plateia repleta estiveram admiradores, amigos e familiares, entre os quais se destacou Maria da Fé.

Mais do que uma presença, uma figura tutelar, a quem Duarte dirigiu palavras de profundo reconhecimento. Foi Maria da Fé quem lhe abriu as portas do Sr. Vinho, e esse gesto de confiança ecoou, nesta noite, nas palavras e na emoção com que o fadista lhe retribuiu.

Duarte: 20 anos de canções entre Lisboa e o Alentejo

O concerto desenrolou-se como uma tapeçaria onde cada fio tinha uma história a contar. Estado Limite (com João Filipe na guitarra elétrica) abriu a noite, como um primeiro suspiro de um fado que se impõe elétrico. Seguiram-se Não Inventes, Reviravolta, Mais do Mesmo e Dizem, cada uma trazendo consigo um fragmento de inquietação ou contemplação, entrelaçando a tradição com um olhar atento sobre o presente.

Covers revelou outras cores na voz de Duarte, com uma letra crítica refinada e algum subtil humor. Depois, Sobretudo Cinzento, Maria da Rocha e Rapariga da Estação trouxeram a essência das histórias quotidianas, de rostos e destinos que se perdem e encontram-se.

Em Quadras de um Dia Sozinho e Terra da Melancolia, o tempo pareceu suspender-se. O silêncio do público, atento a cada sílaba, transformou-se no espelho da densidade do que se cantava. Mistérios de Lisboa e Não Importou Que Ficasse trouxeram novos contornos à noite, conduzindo ao desfecho onde Saudades Trazes Contigo e Vou-me Embora pareceram evocar a inevitabilidade da partida.

O fado encontrou o seu apogeu em Estranha Forma de Vida, um instante de entrega absoluta, onde a essência do género se condensou num só momento. Para encerrar, o público ainda recebeu uma última Reviravolta, como um eco de tudo o que fora cantado.

O Coliseu Club revelou-se uma sala promissora para a música ao vivo no coração de Lisboa. Uma noite onde se celebrou não apenas um percurso, mas a própria alma do fado – entre a saudade e a entrega, entre a memória e o que ainda está por vir.

Por fim, assinalar o trabalho de António Martins no desenho de Luz e Cândido Esteves no som.

Alinhamento de Duarte no Coliseu Club:

Estado Limite.
Não Inventes.
Reviravolta.
Mais do mesmo.
Dizem.
Covers.
Sobretudo cinzento.
Maria da Rocha.
Rapariga da Estação.
Quadras de um dia sozinho.
Terra da Melancolia.
Mistérios de Lisboa.
Não importou que ficasse.
Saudades trazes contigo.
Vou-me embora.
Estranha Forma de Vida.
Reviravolta.

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