O grupo Al Mouraria acaba de lançar o mais recente trabalho discográfico, intitulado ‘com Vida’.
Valentim Filipe, fundador do grupo, concedeu uma entrevista ao Infocul para falar sobre este disco.
Um disco no qual os temas contam com instrumentos como guitarra portuguesa, viola acústica, contrabaixo, percussões, acordeão e outros sopros.
Conta também com muitos convidados, como: Joana Amendoeira, Ana Laíns, Teresa Tapadas, Filipa Sousa, Tatiana Pinto, Teresa Viola, Vânia Leal, Cremilde, Sara Gonçalves, Liliana Martins, Argentina Freire, Ricardo Anastácio, Melissa Simplício, Inês Gonçalves e Filipa Carvalho.
Neste disco destaque ainda para os autores das letras, Tiago Torres da Silva, Amália Rodrigues, Maria do Rosário Pedreira, Frederico de Brito, Armando Machado, Paulo Abreu de Lima, entre outros.
Paulo Abreu de Lima que faleceu recentemente e sobre quem Valentim Filipe revela que “teve oportunidade de ouvir o trabalho. Ele tem dois temas neste disco, o ‘Amor Sem Tempo’ e ‘Margarida Vai à Fonte’, e quando acabei de gravar mostrei-lhe”.
Deu ainda a conhecer que o tema ‘Margarida vai à fonte’ tem “uma história gira, porque facilmente compus aqui o tema, só que quando chegámos ao estúdio começámos a inventar, inventar, inventar e quando acabei de gravar mandei-o ao Paulo e ele dava pulos e só me dizia ‘isto está extraordinário. Nunca vi uma coisa assim’”.
“Houve uma rádio nacional que decidiu apoiar o disco, promovendo dois temas e um dos quais era esse, e liguei ao Paulo no dia em que acabou por falecer. Ele só não soube que o disco tinha sido apoiado por uma rádio nacional, mas teve oportunidade de ouvir os temas”, acrescentou.
Emocionado, disse ainda que “o Paulo não era apenas uma pessoa com quem trabalhava. Éramos amigos. Eu ia lá a casa, ele vinha cá a casa. Continuo a falar com a Ana, a viúva do Paulo, e ela no outro dia perguntou-me quais os temas que ele tinha dado a mim porque há muitas pessoas a pedir temas do Paulo. Fui ver e tenho aqui uns 30/40 temas para trabalhar”.
Deu ainda a novidade de que “há uma ideia no ar, minha com a mulher dele, de fazermos um trabalho tendo o Paulo como epicentro. Vamos ver como vai correr e se temos tempo para isso. Ver se há saúde e se as coisas voltam ao normal para agarrarmos esse trabalho”.
Mas ainda sobre este trabalho dos Al Mouraria, disse que “este é um disco diferente dos outros. A cada trabalho que fizemos tentámos sempre acrescentar algo diferente”, acrescentando que neste “abriu-se uma janela de oportunidade para fazer algo que eu queria há muito tempo, que era convidar muita gente. (…) Todos eles aceitaram o meu convite”.
A pandemia provocada pela COVID-19 adiou o lançamento do disco, porque “isto era para sair no ano passado, o disco começou a ser gravado em Setembro de 2019, com vontade que saísse em Abril/Maio. Em Março, acabámos de o gravar em Lisboa e fomos atacados pela pandemia. A mistura e masterização e toques finais do disco já foram feitos por tele chamada. Depois era para ser lançado em Junho, passou para Outubro, depois Dezembro e até que decidi que era agora. Não ia perder mais tempo. A empresa distribuidora ainda tentou adiar, porque as lojas estavam fechadas, mas eu disse que era para ser agora e que não queria saber de nada”, disse-nos Valentim Filipe.
O disco tem como primeiro single “A Lua”, com letra de Amália Rodrigues e música de Valentim Filipe.
O disco foi gravado no Boxer Studios em São Brás de Alportel-Algarve e Atlantico Blue Studios – Lisboa.
Na entrevista concedida ao Infocul, Valentim Filipe falou ainda sobre a redução da lotação das salas de espectáculos, algumas peripécias que aconteceram com os Al Mouraria ao longo do tempo, da dificuldade financeira e social pela qual alguns artistas estão a passar e deu até um exemplo que se passou consigo, entre muitas outras histórias.
Poderá ver e ouvir a entrevista na íntegra, no link abaixo: