Bandidos do Cante trouxeram ecos alentejanos de Beja ao Caixa Alfama, a 26 de setembro de 2025 no Palco Ermelinda Freitas, situado no Rooftop do Terminal de Cruzeiros de Lisboa. Um concerto que também contou com Bruno Chaveiro.
Texto: André Nunes
Fotografias: Carlos Pedroso
As artérias de Lisboa misturam-se com planícies de Beja
Começa o Caixa Alfama nas artérias principais do coração de Lisboa, tornando o tecido humano e paisagístico ainda mais cultural. Os Bandidos entraram próximos do pôr do sol e, com uma rampa ao Tejo, começaram com “É o que é”, dos D.A.M.A. Acusticamente, conquistaram o público com este tema conhecido do cancioneiro português.
Uma letra que serviu de mote: a vida é o que é, e por isso mais vale ouvir boa música, acompanhar com a bebida favorita e ver o Tejo a partir de um rooftop, com lateral para a encosta mais bela de Lisboa, na velhinha cidade. O que rodeia são casas típicas, grandes monumentos e inspiração religiosa.
“Obrigado por meterem a mãozinha à frente para nos verem mesmo com sol. Vamos apresentar um pouco dos nossos temas, do nosso trabalho, do nosso Alentejo, e esperemos que gostem”.
“Quero acreditar que não temos dias maus, só temos dias menos bons”
É no lado melancólico mas prazeroso da vida que cantam “Quero Acreditar”: “quero acreditar que não temos dias maus, só temos dias menos bons”. Uma forma idílica de ver a vida e a noite a porem-se em Lisboa.
Entrou depois Bruno Chaveiro, com “Nada mais”. Logo depois, passaram para “Incerteza”, do próprio Chaveiro. É na linha do aproveitar a vida que surge este tema, sobre questões da vida e sobre quem somos. Às vezes já não somos o que sonhávamos ser, mas misturamos em nós passado e futuro para conquistar os sonhos.
“Um dia hei de voltar” é o tema que se segue. E, de ano para ano, é o que se diz sobre ouvir fado na capital e sobre este festival.
“Amigos Coloridos” continua a perdurar na memória do público
O ponto alto viria com “Amigos Coloridos”, ao som das palmas de um público romantizado e encantado com uma Lisboa rendida a um verão que teimosamente recusa deixar o outono sentir-se.
Partiu-se depois para temas mais alentejanos, onde o Alentejo foi rei na capital. Ganhou-se a alma da planície alentejana neste momento, mesmo face a um cruzeiro de enormes dimensões e a uma baixa inesquecível. E o público, mesmo vindo de sítios longe do Alentejo, cantou com os Bandidos o “Menina estás à janela” e “Gotinha de Água”. Antes de revelarem em público o seu novo tema, “Tanto Tempo”.
“Casa”, de D.A.M.A e Buba Espinho, soube ainda melhor ouvir com versos como “Crianças, o banco de trás e o pôr do sol em frente”, num ambiente de grande impacto visual, já com a bravura do pôr do sol lisboeta.
Cante, Fado, Country e pardais no céu
“Quem já ouviu o nosso segundo single? Vamos acabar com os pardais no Caixa Alfama.” E as pessoas do navio de cruzeiro saíram dos seus quartos para desfrutarem de um copo a ouvir a melodia. E os Bandidos pediram: “Vamos estremecer até o castelo de Beja daqui.”
Terminaram a “arranhar” positivamente com o country de John Denver, como música para a estrada de regresso a casa, nos acordes iniciais de “Não é Tarde nem é Cedo”. Mas o festival tinha acabado de começar e a noite, que também deu mais tempo e bem-estar ao dia, ainda era uma criança.
Ficámos então com a despedida dos Bandidos: “Boa noite, meus senhores, rapazes e raparigas.”, como está no tema.
Alinhamento de Bandidos do Cante no Caixa Alfama
- É o que é
- Quero acreditar
- Nada mais
- Incerteza
- Um dia hei de voltar
- Adeus
- Amigos
- Menina estás à janela
- Gotinha
- Tanto tempo
- Casa
- Pardais
- Não é tarde




