Mariza fez da MEO Arena a ‘Casa’ do ‘Amor’, na noite desta sexta-feira, 22 de Novembro, com actuação magnificente.
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Diogo Nora
Simplesmente sofisticada, dominadora e pujante. Assim surgiu Mariza no palco da MEO Arena perante uma sala repleta de público para a ver, ouvir e aplaudir.
Com, aproximadamente, 25 anos de carreira, a artista explanou um espectáculo requintado, com bom gosto, um alinhamento adequado, de tempos certos. Inestimável para melómanos ou puros consumidores da arte que conforta a alma e nos faz – mesmo que momentaneamente – viver num espaço melhor.
De Moçambique a Portugal, a ‘Casa’ é a língua portuguesa
Internacionalmente reconhecida, por cá nem sempre valorizada na real medida do seu inquestionável valor, Mariza está num momento de maturidade em que (quase) tudo lhe sai bem.
Após um instrumental, Mariza surgiu em palco para abrir a (sua) noite com ‘Estranha Forma de Vida’, seguindo para ‘Meu Fado Meu’, destacando-se, aqui, João Frade no acordeão.
Natural de Moçambique, Mariza destaca em todos os espectáculos – além de a valorizar – a língua portuguesa, e nesse sentido chegou ‘Beijo de Saudade’, explicando Mariza que “a morna é um primo direito do fado e está morna faz uma ponte entre Lisboa e São Vicente, para vocês Beijo de Saudade“.
Nesse sentido, um dos momentos mais bonitos da noite teve por base uma canção dedicada “ao homem da minha vida”, referiu Mariza. Referiu-se ao seu filho Martim, antes de cantar ‘O tempo não para’, da autoria de Miguel Gameiro.
Ou seja, Mariza preparou várias surpresas para a sua actuação na maior sala do país, como por exemplo apresentando em primeira mão ‘Onde Vais’, que irá integrar o seu próximo disco.
Emocionada, mas a com a imponência de um vulcão de emoções, a artista destacou que “o que interessa é estarmos aqui a celebrar a música, o cantar em português, a cultura, o amor“.
‘Casa’ foi lançado há aproximadamente uma semana e, constará do novo disco, tem sido um sucesso. Por isso, ontem teve o público na MEO Arena a reagir muito bem. Pouco tempo falta para ser um dos ‘hits’ da artista. Conta com Maninho e Afonso Dubraz na composição.
Ou seja, num português com sotaque quente vindo do outro lado do Atlântico – mas já bem implementado em Portugal – Maninho foi o primeiro convidado da noite para cantar um dos seus ‘hits’, ‘Até ao fim’.
Assim, destacar que além de integrar a banda de Mariza, Maninho (Phelipe Ferreira de seu nome) tem uma carreira a solo que tem crescido muito rapidamente, com Mariza a considerá-lo “um compositor de mão cheia“, entre outros elogios.
A força de amar Mariza pelas palavras cantadas
‘Amar-te’, canção escolhida por Mariza para a recente colaboração com o ‘Colors’, sendo que também irá integrar o novo disco, intitulado ‘Amor’.
Abraçando o ‘Amor’ nas suas diferentes formas e vivências, Mariza contou com a participação do segundo convidado da noite, o seu primo Otis. Este fez um excelente solo de saxofone e participou na conhecida ‘Chuva’, da autoria de Jorge Fernando.
Sem perder nada e a ganhar tudo o que o público tinha para dar, Mariza prosseguiu com ‘Melhor de Mim’, antes de ‘Rosa Branca’, na qual demonstrou toda a sua extensão vocal.
A explosão festiva na MEO Arena chegou com ‘Maria Joana’ e os convidados Nuno Ribeiro e Calema, para uma canção que marcou a cena musical em Portugal no ano corrente.
Surpreendentemente, a noite terminou numa fusão de Fado e Afrodrill. Com Mariza e Supa Squad em palco. Ou seja, para uma versão de ‘Ó Gente da Minha Terra’, que estes artistas gravaram com Apollo G.
Com uma cenografia minimalista, mas sofisticada e que permitiu um espectáculo com várias dinâmicas, destacar ainda o desenho de luz e qualidade de som.
Nesse sentido, nota de relevo, para os músicos que acompanharam Mariza: João Frade, Maninho, Luís Guerreiro, Daniel Lopes, João Freitas, Manuel Oliveira e ainda um quarteto de cordas.
Por fim, Mariza apresentou três distintos vestidos durante todo o concerto e em todos eles brilhou. Porém, o que mais se destaca é a flecha interpretativa da artista que sai certeira ao coração e à alma de quem a ouve. Inigualável artisticamente!
Mariza: “Ninguém no mundo caminha sozinho”
“Foi um privilégio e uma honra cantar para vocês esta noite. Obrigado pelo carinho e por abraçarem os meus sonhos e fazerem-no realidade. Nós caminhamos mundo, fazemos grandes salas, grandes tournées, fechamos o ano com cerca de 90 concertos pelo mundo todo. É uma honra poder cantar em português, a nossa cultura, o fado de alguma forma e a gente da minha terra. Ninguém no mundo caminha sozinho. Todos os meus passos até aqui foi sempre convosco ao meu lado“, referiu Mariza.
Na Lisboa multicultural, Mariza fez da MEO Arena a ‘Casa’ do ‘Amor’ e da língua portuguesa.