Azambuja: A Arte, A Alegria e o Desalento, na corrida de touros realizada esta tarde.
Texto: Rui Lavrador
Fotografia: Rute Nunes e Carlos Pedroso
A Praça de Touros Dr. Ortigão Costa, em Azambuja, recebeu, este domingo – 9 de Outubro, a sua última corrida de touros desta temporada.
Frente a touros de Herdeiros de Paulino da Cunha e Silva, actuaram os cavaleiros Gilberto Filipe, João Moura Caetano, Marcos Bastinhas, Parreirita Cigano, Paulo D’Azambuja e António Ribeiro Telles [filho].
Para disputar o concurso de pegas, estiveram em praça os grupos de forcados amadores de Azambuja, Arruda dos Vinhos e Cartaxo.
Gilberto Filipe é um exímio equitador e a pulso tem conquistado cada vez mais oportunidades para mais corridas, enquanto cavaleiro tauromáquico.
Foi muito aplaudido na entrada para a arena, por ser bicampeão mundial de equitação de trabalho. A sua lide foi positiva, mas sem romper em triunfo. Destaca-se pela positiva o segundo ferro comprido e os dois primeiros curtos, desenhados em sortes frontais, com reuniões cingidas.
Telmo Carvalho, pelos Amadores de Azambuja, concretizou a pega ao primeiro intento, numa excelente execução em que a força e a garra lhe permitiram aguentar a investida do touro.
João Moura Caetano teve em 2022 uma das melhores, senão mesmo a melhor, temporadas da sua carreira. Ciente do seu valor, confiante e com uma quadra de cavalos a responder bem e perfeitamente acoplada à sua concepção artística, o ginete obteve vários triunfos de grande mérito.
Em Azambuja, Moura Caetano pintou o toureio, com pinceladas de classe e sofisticação. A sua concepção artística é luz em noite escura e água no deserto. Essencial para os apaixonados pelo toureio. Brega ajustada, estética, sortes desenhadas a compasso, reuniões templadas e remates poderosos. Ao contrário da moda das altas velocidades, Moura Caetano é a contemplação do tempo. Lide triunfal e brindada à sua equipa.
João Costa, pelos Amadores de Arruda dos Vinhos, concretizou a pega ao primeiro intento.
Marcos Bastinhas tem em 2022 uma temporada triunfal, faltando ainda alguns compromissos (Moita, Vila Franca de Xira e Cartaxo) para a concluir. Exuberância, raça e arte foram os ingredientes usados para finalmente acabar com qualquer dúvida que pudesse existir e afirmar-se como um dos mais importantes cavaleiros da actualidade. A isto juntou uma vasta, eclética e qualitativa quadra de cavalos.
Arrebatador esteve em Azambuja. Foi ele a alegria do público. Actuação em que diversificou as sortes, iniciando com sortes frontais, seguindo depois para um ferro em sorte Mourina, um de palmo com cites em circulares e ainda um par de bandarilhas, deixado à segunda. Público em êxtase e Marcos a ter mais uma tarde de apoteose.
Tiago Fonseca, pelos Amadores do Cartaxo, concretizou a pega ao segundo intento, após no primeiro o touro desviado a rota, impedindo a reunião.
Parreirita Cigano é um jovem em busca de um lugar ao sol, algo que está ainda longe de conquistar.
A sua actuação em Azambuja foi irregular e com os ferros a pecarem por ficarem díspares na localização e as reuniões maioritariamente passadas. Valeu o esforço.
Ruben Santos, pelos Amadores de Azambuja, concretizou a pega ao primeiro intento, naquela que foi a sua estreia.
Paulo D’Azambuja, cavaleiro praticante, regressou às arenas nesta corrida.
A sua actuação foi peculiar, mostrando-se nervoso e chegando a pedir ao director de corrida para que um colega seu pudesse terminar a lide. Cravou dois compridos e um curto. Foi muito acarinhado pelo público.
Nuno Miguel, pelos Amadores de Arruda dos Vinhos, concretizou a pega ao segundo intento, numa execução cheia de raça e com um grande primeiro ajuda.
António Ribeiro Telles [filho] foi um dos, senão o, mais destacados cavaleiros praticantes desta temporada. Com uma concepção artística já bastante definida, mescla alguns elementos identitários do seu pai, com outros que são seus. Uma mistura que lhe permite ser um clássico contemporâneo, renovando a arte de tourear.
Actuação muito agradável em Azambuja, com classicismo e a saber o que fazer perante um oponente que tinha as suas complicações. Destaque para dois curtos de muito boa nota.
Bernardo Sá, pelos Amadores do Cartaxo, concretizou a pega ao primeiro intento.
A última pega foi a vencedora do concurso, com o júri constituído pelos três cabos dos grupos actuantes.
Corrida dirigida por Marco Gomes, assessorado por José Luís Cruz. José Henriques marcou presença no cornetim.