Fenómeno Tate McRae eletrifica o MEO Arena e todo o Parque das Nações, na noite de um concerto épico em Lisboa, no dia 7 de maio de 2025.
Texto: André Nunes / RML
Fotografias: Equipa Tate McRae
Ontem à noite, a MEO Arena recebeu um público vibrante e entusiasta para o muito aguardado concerto de Tate McRae. A jovem estrela canadiana conquistou Lisboa com um espetáculo visualmente arrebatador e tecnicamente irrepreensível, que deixou milhares de fãs — maioritariamente adolescentes e jovens mulheres — completamente rendidos.
Uma comemoração da vida
E o que iriamos ver era ação frenética com música arrebatadora, daquela que nos faz sentir bem e a querer festejar a vida.
Desde o primeiro minuto, a produção destacou-se pela versatilidade do palco, dividido em duas partes interligadas por uma “passadeira” central, que permitiu a McRae circular de forma fluida e envolvente. Várias plataformas elevatórias deram dinamismo à atuação, criando momentos de impacto visual que acompanharam de perto o ritmo da música.
As luzes aqueceram o púbico e preparam na para uma grande entrada, digno de um presidente de potência mundial ou astro de Hollywood lendário, num jogo de luzes e sons e emoção a que esta, Miss Possessive Tour já habitou os fãs dos vários cantos do mundo. Mas em Lisboa seria diferente, com promessa de que já vamos a esse ponto.
Também há que dizer que Tate usa roupa exuberante e usa também coreografias provocadoras para levar um aspeto mais extravagante do espetáculo, e não deixar ninguém sem reparar em alguma coisa.
Mais uma vez, aqui há uma novidade que posso dar acerca do espetáculo: o espetáculo de Tate é digno de se ver uma vez na vida. E não digo concerto, porque foi muito mais do que um mero concerto.
A performance que vai além da vocal
A sua performance corporal atribuiu valor e imagética às músicas de Tate, remetendo para diversas figuras e momentos do nosso imaginário, que por sua vez vão remeter para as nossas referências pessoais.
As coreografias estavam complemente sincronizadas e McRae demonstra um grande domínio físico e de preparação, nunca perdendo o folego mesmo nas notas mais difíceis ao tempo que dançava com bailarinos, fazia espargata ou usava cadeiras como adereços artísticos.
Em cada tema ela cria alguns momentos de tensão através de pausas estrategicamente pensadas que irão reverter para uma vibração ainda maior de cada tema, levando o público a gritar ainda mais alto após os momentos de tensão. Algo que se poderá chamar de mini encores.
Uma noite única: “Bem-vindos à Miss Possessive Wold Tour!”
E, através disto, aproveita este ambiente lisboeta, rendido à sua estrela maior nesta quarta-feira. Que não foi uma quarta-feira normal, devido a Tate McRae, e só temos de estar agradecidos, não foi uma quarta-feira normal. Foi uma quarta-feira a recordar!
“Bem-vindos à Miss Possessive Wold Tour!”, grita Tate. “Lisboa, como é que estão hoje? Vim há um ano atrás e as coisas ficaram maiores desde então!”, continua. Ao som da percussão, preparou-se logo para oferecer um novo tema de vibrações em que a percussão era como pancadas que elevam o espírito de festa e comemoração.
O palco divise-se em dois na horizontal (e mais tarde em três), com jogo visual de ecrãs que também se repartem para mostrar vários pisos de um mesmo prédio. E, as luzes das gruas abrem-se, levando Lisboa às alturas com esta performance tão grande que foi deste mundo!
Não é apenas um espetáculo pop
Nos primeiros temas compreendeu-se logo esta ligação de Tate McRae ao seu público e porque é que ela é uma das melhores a fazer o que faz. Hoje em dia ainda irá crescer mais. Depois chegamos ao tema “Uh-Oh” e através desta expressão falada que significa que fizemos algo que nos arrependemos a voz de Tate tem ainda mais ondas de significado.
Ou seja, não é só pop. E as canções não são só pop. E as letras não são só pop. Toda a entoação que ela dá, todo o acting que ela faz com a sua voz vai muito além de dizer se a voz é boa ou má, e tem um subtexto. E aqui é a mesma coisa nesta letra, pois é fazer algo que nos arrependemos, mas que fizemos de propósito bem lá no fundo. E com duas sílabas, Tate mostra que tem uma voz e um manusear de voz magníficos.
Num tema, Tate aparece na cave da arena, por entre as grades de suporte, a preparar-se para ser uma fénix a renascer para o ânimo de todos nós, com voz imponente e capacidade de ligar pontos das nossa vidas ao êxtase e alegria totais.

Vibes de verão eterno
Se, neste preciso segundo de espetáculo me pedissem para o descrever, diria que foi um concerto com as vibes de um verão eterno, ou desejo desse verão. Daqueles em que estamos num carro, com pessoas especiais, a caminho de lado nenhum. Porque o destino deixa de importar. O que importa é a viagem, o momento, a companhia.
E Tate McRae faz-nos sentir exatamente isso: que a vida pode ser só isto, uma viagem ao som certo, no tempo certo. Dentro de toda a sua produção e estratégia, Tate faz-nos pensar.
Tate, de facto, tem uma voz incrível, apesar da maioria do espetáculo ter sido um espetáculo pop. Um espetáculo pop grandioso, como poucos se conseguem fazer com este tamanho para artistas ainda em ascensão.
Contudo, há que parabenizar o seu guitarrista, porque em vários momentos, até de transição, ele consegue fazer covers de alguns dos temas de Tate com um aspeto puríssimo de rock and roll.
Tate McRae eletrifica o MEO Arena: Grandiosa ação em palco(s)!
É um espetáculo com muita ação, muita coisa a acontecer, e nós andamos de um lado para o outro a querer apanhar tudo em qualquer detalhe e absorver tudo aquilo.
Um dos pontos altos da noite foi a atuação numa pequena ilha no meio do recinto, onde a artista conseguiu uma aproximação especial ao público. Esse momento foi vivido com grande emoção pelos fãs, que, visivelmente comovidos, aproveitaram a rara intimidade com a cantora para cantar em uníssono, acenando luzes e palavras de afeto.
Foi nesse palco, semelhante a uma ilha, no meio da plateia, que Tate conseguiu maior proximidade com o público. Até essa chegada, a essa ilha, vemos um vídeo, a preto e branco, como se fosse a relatar a ilha que nós temos por dentro. E Tate também o tem.
Antes dos primeiros temas neste palco são reproduzidas fotos dela ainda em criança e adolescente, com todos os defeitos e qualidades que uma pessoa desta idade possa ter, com todos os sonhos e todos os medos dentro dela.
Tate McRae: “Andamos tão depressa na vida que nos esquecemos de aproveitar”
“Quero tirar um segundo para saber que todos estão aqui, a viver e saberem que estão vivos”, exclama a artista. E ainda, “Andamos tão depressa na vida que nos esquecemos de aproveitar. Vou fazer algo que nunca fiz. Muitos sabem mas eu comecei no YouTube a tocar músicas”.
“Parece louco tocar em salas assim”, desabafa enquanto olha para a sala preenchida do MEO Arena. Olha para o piano, e pede algum compromisso com o público: “Piano. Estou enferrujada. Não faço isto há algum tempo. Algumas são retrospetivas. Está eu tinha 15 anos quando escrevi”.
Há ainda que afirmar que, de facto, McRae tem razão, pois nos seus alinhamentos desta sua digressão, estes temas mais acústicos e mais de retrospectiva da sua carreira e mais no início da sua carreira, não estão a ser interpretados. Foi uma surpresa para Lisboa.
E ouvimos temas como “Greenlight” e “Nostalgia”. Temas sobre como as coisas mudam. E nós vamos mudando também. Um momento muito especial de interação com os fãs em que ela pôde olhar para a maioria e sentir que eles estavam lá a apoiá-la. E, por dentro, faz essa comparação entre ela agora, com esta idade e com o sucesso, e ela ainda pequena, a sonhar com tudo isto, pensando ser difícil.
“Run for the Hills”
Quem sabe se, por saber que o fado é saudade, nostalgia e correr descalço para um sonho, McRae foi buscar o seu lado mais despido, fazendo jus à nossa cultura.
De facto, vimos e quem não sabia ficou a saber que Tate tem uma voz incrível, que pode ir muito além do pop. Os seus temas acústicos, a guitarra ou ao piano, têm sido sempre muito bem recebidos pelos fãs, mesmo antes desta sua fama. Não é por nada que ela irá colaborar com Morgan Wallen num tema do seu próximo álbum….
No final desta parte, o último tema ficou “Run For The Hills”. Um tema que está relacionado com o que sonhamos às vezes. No fundo… É um desejo que temos de correr para as montanhas, em total liberdade, e com quem queremos, e não olhar para trás. Mas depois, esse sonho que nós temos pode ser mesmo isso: um sonho. E acordamos.
Tate McRae na MEO Arena: O triunfo da música
Mas foi após este mini-concerto que voltou ao palco e que voltou em apoteose total, em que tudo o que vimos de efeitos visuais, de poder de voz, de poder de banda, da parte cénica, da parte dos adereços, tudo isto aumentou um patamar acima, o que parecia impossível. Estava tudo bem se fosse impossível, mas não foi impossível. Subimos mais um nível em qualidade num espetáculo já com muita qualidade.
“Eu amo-vos, adeus Lisboa!”, despedia-se enquanto mandava beijos ao público e acenou à velhinha capital portuguesa, que foi juventude e foi foco de luz na vida que todos temos direitos de viver.
MEO Arena: um verdadeiro santuário pop por uma noite
Com uma presença em palco simultaneamente provocadora e sensual, Tate McRae apresentou um espetáculo pop na sua essência, mas com espaço para emoções e mensagens a serem absorvidas com atenção. A artista mostrou maturidade, carisma e domínio total do espaço e do público, que reagiu com entusiasmo a cada canção, coreografia e troca de olhares.
Foi uma noite de energia contagiante e uma demonstração clara da força crescente de Tate McRae junto das novas gerações, que fizeram da MEO Arena um verdadeiro santuário pop por uma noite.
Alinhamento de Tate McRae no MEO Arena
- Intro
- Miss Possessive
- No I Am Not In Love (short)
- 2 Hands
- Guilty Conscience
- Purple Lace Bra
- Like I Do
- Uh Oh
- Dear God
- Siren Sounds
- Greenlight
- Nostalgia
- Medley
- You Broke Me First
- Run For The Hills
- End of Song
- Back to Main Stage
- Exes
- Bloodonmyhands
- She’s all i wanna be
- Revolving Door
- It’s Ok I’m Ok
- Sports Car
- Greedy
- I Know Love (só faixa a ser reproduzida para saída de palco)