Jacobo Botero: A vida, o sonho e o apoderamento de Alberto Garcia- Tauroemoción

Jacobo Botero: A vida, o sonho e o apoderamento de Alberto Garcia- Tauroemoción

Jacobo Botero foi notícia na última semana, após o anúncio do apoderamento por parte de Alberto Garcia, da Tauroemoción, na América e ainda por ser anunciado na Feira de Cali.

O rejoneador colombiano, que está em Portugal há 15 anos, volta assim ao seu país natal, para integrar uma feira de grande importância e, por certo, ao lado de grandes figuras da tauromaquia mundial.

Jacobo recebeu a equipa do Infocul e conversou sobre vários assuntos relacionados com a sua vida e com a sua carreira. Desde os sonhos de menino, às dificuldades que lhe foram colocadas, aos ensinamentos de Rui Fernandes, a adoração por Ventura e a ligação a Pablo Hermoso de Mendoza, nada ficou por dizer.

A última corrida que toureou em Portugal, relembrou-nos, foi há 4 anos na praça de touros Dr. Ortigão Costa, na Azambuja.

Sobre os motivos de não tourear há muito tempo cá, disse: “Por várias situações, há alguns anos que não toureio em Portugal. Há 4 anos que não toureio em Portugal, com muita pena minha. Depois meteu-se a questão da pandemia, e muito mais coisas, mas para mim tourear em Portugal é um prazer enorme”.

Eu estava em casa de uma figura do toureio de Portugal [Rui Fernandes] e a verdade é que existia muito movimento. Mas sabes que não podemos viver apenas do sonho. Há que analisar outros factores económicos. Encanta-me tourear e isso tudo, mas para viver e ter uma família, não basta apenas o sonho”, acrescentou.

A infância, o sonho em ser toureiro e a importância de Rui Fernandes no seu percurso

Recuou à infância para explicar que “a família da parte do meu pai faz criação de gado manso, de engorda, de búfalos. A parte da minha mãe é ligada à hotelaria e construção. A minha avó cedeu quartos a César Rincon quando lá foi tourear. César Rincón retribui oferecendo bilhetes”.

Então, na altura tinha uns sete anos, a minha avó disse-me: Vamos aos touros. Nunca tinha ido a uma corrida de touros, fomos, ficámos na barreira, para mim era toda uma coisa nova. Quando César Rincon estava a dar a volta à arena, com as orelhas, me mandou uma. Quando eu fico com a orelha na mão, fiquei com uma sensação de querer ser igual aquele homem que estava ali dentro da arena. Quando chego a casa, digo ao meu pai que quero ser toureiro. Epá, mas era como qualquer criança que diz que quer ser astronauta, polícia ou bombeiro. Até porque, a minha família nada tinha a ver com touros e o meu pai sabia que era impossível proporcionar-me esse tipo de coisas”, continuou.

Sabes que a tauromaquia, pelo menos na Colômbia, é uma coisa que não é normal. E foi assim que começou”, disse ainda, “depois, devido ao trabalho da minha mãe, fomos viver para Cali. Quando chegámos a Cali, já a Feira Taurina era grande, com corridas de touros, grandes figuras do toureio. O presente de Natal que eu quis nesse ano era o abono. Mas vê bem a afición da minha família, que comprámos dois abonos. Um para mim e outro para um acompanhante qualquer. Quem quisesse ir, ia”, lembrou.

Aqui surgiu a vontade de agarrar aquele que viria a ser o seu futuro.

Quando eu vejo um toureiro a cavalo, lidando um touro, portanto, juntando a parte do toureio com a dos cavalos, à qual tinha tido ligação a minha infância toda, então aí percebo: É isto que eu quero. Mais do que tourear a pé, eu queria era tourear a cavalo”, comentou.

Nesta altura, “conheci Rui Fernandes, em Cali, e convidou-me para vir a Portugal. Fiquei na sua casa, comecei a ir às corridas, a preparar os cavalos, a ajudar os seus empregados e a estar sempre com eles, mas eu era um miúdo com muita vontade de aprender. Então ia no camião dos cavalos e tentava captar tudo. Depois, desenvolvi então a parte profissional”.

Ao longo do seu percurso, aprendeu com Fernandes, partilhou cartel com Ventura e agora tem uma ligação de amizade e profissional com Pablo Hermoso de Mendoza. Perguntei-lhe o que que captou de cada um.

Eu quando comecei a montar, em casa de Rui, para mim Diego Ventura sempre foi uma referência muito forte. Quando começou a vir cá a Portugal, à Moita e tal, e Rui Fernandes sempre concordou que eu vestisse à espanhola. Eu sempre gostei mais de vestir à espanhola, mas vesti à espanhola por causa de Diego Ventura. Fernandes sempre me apoiou com isso. E Diego Ventura é isso que lhe devo, além de que é um figurão do toureio! Dentro da praça, é uma figura fora do normal”, disse sobre Diego Ventura.

Sobre Rui Fernandes, desfez-se em elogios e gratidão por tudo o que este lhe proporcionou.

Depois, de Rui Fernandes eu tenho tudo. Tudo o que sou hoje, devo a Rui Fernandes. Ensinou-me a viver dos cavalos, ensinou-me a pôr um cavalo e a trabalhar um cavalo, neste mundo que é tão difícil viver dele. É inevitável evitar tema de Rui Fernandes, porque eu devo tudo a Rui Fernandes! Eu estive quase 13 anos em casa de Rui, ele moldou a pessoa que sou hoje”, destacou.

Depois, numa fase posterior, surge Pablo Hermoso de Mendoza, numa altura em que eu já tinha a alternativa, já preparava cavalos e fazia isso tudo. A relação que tenho com Pablo é uma relação de amizade, mas também de negócios, a preparar e vender cavalos, mas é uma relação boa”, frisou ainda, sobre Pablo Hermoso de Mendoza.

Em resumo, destaca que “para mim, poder trabalhar com estas três personalidades que falámos, é um privilégio enorme. Não posso pedir mais”.

Jacobo Botero: A vida, o sonho e o apoderamento de Alberto Garcia- Tauroemoción

O Toureio, Os Sonhos… e os Objectivos

Jacobo Botero agradece tudo o que a vida lhe foi proporcionando, de bom e de mau, destacando que “tive a sorte de poder tourear em muitos sítios e poder absorver várias culturas, como França, Espanha, Portugal, Canadá, Califórnia. Depois, quando analisas tudo, acaba por ser positivo. Os momentos maus são os que te ensinam, os que ajudam a melhorar. Quando triunfas, todos te elogiam e dizem que vais ser figura, mas o que te ensina são as coisas menos boas”.

Sobre as pessoas que perdeu e ganhou neste percurso, considerou que “perdi e ganhei. Há 7 anos, eu estava deitado na minha cama a ver um filme e nesse filme apareceu um casamento. E eu pensava: Quando me casar, tenho de fazer uma coisa fora do normal. De Espanha, da Colômbia, de todas as partes do mundo. E depois quando analiso todas as situações que se passaram na minha vida, chego à conclusão de que foram um filtro. Às vezes pensas que perdeste pessoas que eram importantes e amigos de verdade, mas é nos momentos maus que vês quem é o teu verdadeiro amigo. É como colocares numa balança, há momentos em que uma pessoa vale por 30. Depende sempre do que estão a fazer na tua vida. Tive pessoas que se passaram por meus amigos, mas isso acontece a qualquer um. Têm outros interesses, que não a verdadeira amizade”.

O Regresso a Cali e a ligação com Alberto Garcia- Tauroemoción

No final deste ano, início do próximo, regressa ao seu país, e está já, como anunciámos acima, confirmado na Feira Taurina de Cali.

É a concretização de um sonho, após fazeres tantos esforços. É colocares as coisas más atrás das costas, continuares a lutar, este ano não deu, no próximo também não, e continuares a bater naquela tecla, até que consigas. Mais do que a parte económica, mais do que os contratos, é uma meta pessoal ir à Feira de Cali. Sonhei com aquilo, é muito mais do que dinheiro. Concretizares um sonho que sempre tiveste, poderes chegar lá, com a tua família, o teu grupo de amigos, passados quinze anos chegares lá e estares anunciado na Feira e seres a primeira contratação, é uma coisa que não tem explicação”, começou por nos dizer.

Sobre a forma como surge esta parceria com Alberto Garcia, e a Tauroemoción, revelou que “há um grupo de amigos, desde jovem, com toureiros e bandarilheiros colombianos. Quando Alberto Garcia começa a dar corridas na Colômbia, conheceu este grupo de pessoas, meus amigos íntimos. Então começaram-lhe a dizer que tinha de levar Jacobo Botero, há também uma grande vontade em ver toureio a cavalo, não podem ser apenas figuras a pé. Na Colômbia, há uma grande afición ao cavalo, não só na questão de tourear, chama outro tipo de público, de pessoas que querem ver os cavalos que vão da Europa, os cavalos lusitanos, que lá é uma coisa meio exótica”.

Posteriormente, “um dia, Alberto Garcia contacta-me e pergunta-me se é possível ir a Cali tourear. Sabia que eu estava assim um bocado em stand-by. E eu fiz-lhe uma proposta, a pensar que ele me diria que não. E isto, porque, não tenho dinheiro para perder, não tenho nenhum sponsor que coloque lá o dinheiro. É do meu trabalho. Então, disse-lhe o que precisava para ir à Colômbia. Ele respondeu: Não te preocupes, em quinze dias falamos”.

Eu fiquei a pensar que ele não aceitaria, porque eu não sou uma figura como Pablo Hermoso de Mendoza ou Diego Ventura, não sou Roca Rey nem El Juli. Pedi uma coisa que não fazia sentido pedir, mas pedi. Passados quinze dias, recebo uma chamada de Alberto Garcia, para ir a Madrid. Fui a Madrid, sentámo-nos à mesa, começámos a estar o tema e ele disse-me para ajustarmos uma coisa aqui, outra li, e então negócio feito e apertámos as mãos. Quando lhe apertei a mão e assinei contrato, nem queiras saber as emoções que comecei a sentir. Mais do que um sonho, é uma responsabilidade muito grande. Sabes que é uma feira taurina com um peso enorme. Nem vamos falar da parte monetária, mas imagina a projecção, para todas as figuras irem. Neste negócio, de modo que fosse bom para ambas as partes, o que propusemos foi uma exclusiva para a América. E foi assim que se criou a ligação com Alberto Garcia”, disse ainda.

Actualmente, Alberto Garcia gere várias praças importantes em Espanha, tem também uma importância crescente na Colômbia e apodera toureiros como Leonardo Hernández, Emílio de Justo, El Cordobés e agora Jacobo Botero.

Jacobo Botero: A vida, o sonho e o apoderamento de Alberto Garcia- Tauroemoción

Lamento por não tourear em Portugal

Questionei Jacobo Botero sobre como se sente ao ser aposta de um empresário importante de Espanha e não actuar cá em Portugal e não ser contratado pelos empresários portugueses.

É uma grande pena para mim, não poder tourear em Campo Pequeno. É uma praça muito importante para mim, onde me apresentei e tirei alternativa. Outra praça muito importante é Évora. São praças muito importantes para mim. E porque não posso lá tourear? Porque como não tenho um fundo de maneio e vivo disto, tenho outros negócios no estrangeiro, mas tourear é sempre um bichinho… Mas também por isso, a festa brava está como está. Não é culpa dos anti-taurinos que estão fora. Muitas vezes somos nós os culpados. Há algumas coisas com as quais não concordo e por isso não toureio”, disse.

Isto funciona assim no mundo do touro, mas quando te sai um cartel, eu como aficionado, eu não o quero ver. Porque já sei o que vai acontecer! É uma rotina, já se sabe o que vai acontecer. Depois, aqui há 3 ou 4 praças num raio de 10 kms, Montijo-Moita-Alcochete, e para veres as três tens de fazer um esforço económico, mas se são três cartéis iguais é muito complicado, monótono, cansativo, repetitivo. Tem de vir uma figura de fora como Pablo ou Diego para levar mais pessoas. Mas depois, há sempre um tio que é empresário e cria-se um núcleo muito fechado e em que são sempre os mesmos cartéis. Como aficionado, não coloco dinheiro de parte para ir ver tal corrida”, acrescentou.

Questionado se desde a corrida em Azambuja e o telefonema de Alberto Garcia, pensou desistir, disse que “nunca pensei em desistir, mas coloquei em stand-by. Na vida, para teres uma família, um carro, uma casa, tens de pagar contas. Temos de trabalhar, não podemos viver apenas do sonho. Precisamos de algo que nos faça acordar cedo, muitas vezes o sonho faz isso. Mas é preciso a outra parte. Não podemos viver de filmes de Hollywood. Ou tens fontes de rendimento e fazes disto hobby, gastando assim dinheiro. Mas eu, desgraçadamente ou felizmente, não tenho essa parte”, respondeu.

Aprendi a viver só do cavalo, sem ser dos touros. Mas quando aparecem oportunidades, como há dois anos em que o empresário da Califórnia, George Martins e o cavaleiro Paulo Jorge Ferreira, tive lá 3 meses e toureei 7 corridas. Aquilo deu-me outra vez a ilusão de voltar a ser toureiro, de voltar a ter essa rotina. Isso são sentimentos íntimos para um toureiro, como desenrolar um cavalo antes da corrida, e que faz de nós especiais. O toureiro é diferente das pessoas normais. Quando as circunstâncias todas não se reúnem, prefiro não tourear”, ressalvou.

Desde essa corrida na Azambuja, “mudou uma coisa que molda todas as pessoas, chama-se maturidade. Ou fazes as coisas bem, ou é preferível não fazer. Eu na minha vida perdi oportunidades, como qualquer pessoa, por não ter maturidade. Agora, com a equipa que tenho montada, com a ajuda fora do normal que tenho do maestro Pablo Hermoso de Mendoza, as coisas como as tenho hoje estudadas, penso que pode sair muito melhor”.

O Casamento, a paternidade, a família!

Jacobo vive um momento pessoal de muita felicidade, após casar-se, com Mariana Espírito Santo Botero, e ter sido pai de um menino, Jacobo.

Quando te casas, quando és pai, quando tens uma mulher ao lado que te entende e apoia, sabes que os toureiros se sacrificam por esta vida (…) mas hoje em dia faço isso com muito maior prazer. Poder, por exemplo, todos os dias montar um cavalo de Manuel Veiga, de Pablo Hermoso de Mendoza ou de Manuel Braga, para muitas pessoas é um luxo. Eu posso fazer isso todos os dias, é uma prenda que Deus te dá”, disse, sobre a forma como passou a saborear tudo, após constituir família.

Uma coisa que reparo em muitos toureiros, é que sofrem muito antes da corrida, depois a questão do empresário e outros problemas, ou seja, quando chegam dentro da praça não desfrutam porque têm a cabeça noutro lugar. Têm uma vida muito sofrida. O toureio é uma coisa de improviso, de momento, de arte. Não pode ser uma coisa estudada, de fazer assim ou assado. Tens de ter a cabeça treinada para resolver no momento, mas hoje em dia tenho a cabeça organizada de outra maneira, as coisas boas e más fazem parte da minha história”, acrescentou.

Fez-nos ainda uma curiosa revelação, sobre como encara a paternidade e como o facto de ser pai o inibe ou não de fazer o que gosta [minuto 22.50].

A Fé!

Sou um homem de muita fé, se não fosse por Deus, as coisas boas e más que me aconteceram, não teria conseguido nada”, disse-nos sobre a importância da Fé, na sua vida.

Porém, “sou um tipo de fé, mas não é apenas esperando de joelhos que cheguem as coisas. Temos de ter espírito de sacrifício e lutar por elas. Hoje em dia é muito fácil ter tudo, mas a questão é: Quanto estás disposto a pagar pelo que queres? Não é economicamente, é sacrifícios, é engolires sapos que não gostas”.

Os sapos que engoli foram os que me moldaram como pessoa, hoje. Mas são sapos que engulo uma vez, obrigado, e não quero mais”, explicou.

O Sonho de tourear em Espanha e confirmar alternativa em Madrid.

Com esta relação agora firmada com Alberto Garcia, questionei Jacobo se sonha com Espanha, tendo em conta a importância deste empresário no país vizinho.

É um tema que me faz sonhar, não te vou mentir. Gostava de um dia confirmar alternativa em Madrid e isso tudo. São metas pessoas que nós toureiros temos. Mas, hoje em dia, prefiro dar um passo de cada vez. Hoje em dia, sofremos por antecedência, porque queres uma coisa, depois não acontece e ficamos frustrados. Saborear cada momento que Deus nos dá. Agora é Cali, saborear a corrida, ver a equipa que vai comigo, os cavalos”, explicou Jacobo.

Foi ainda mais longe e deu a conhecer a dimensão da importância da sua ida a Cali.

Vou-te contar uma história: Eu era pequeno e a minha mãe comprou os abonos [para a Feira de Cali], num centro comercial. A minha mãe queria comparar um cd, eu tinha 8 anos, meti uns phones e um pasodoble. Tirei os phones e disse à minha mãe: Estou a sonhar que estou a tourear em Cali. A minha mãe riu-se, perguntou se eu queria o cd e comprou. Passados estes anos, estares anunciado ao lado de figuras, é uma coisa que não tem preço. Depois, todos os esforços que fizemos e as coisas más apagam-se. Ver os meus amigos contentes, depois de todo o meu esforço, é gratificante”, contou.

Perguntei a Jacobo, se após anúncio do apoderamento de Alberto Garcia, teve pessoas a tentarem aproximar-se dele por interesse.

Sim, já. Algumas pessoas com intuito de negócio, outras com segundas intenções. Mas cá está, se isto me acontecesse há uns anos atrás, eu não tinha os Kms que tenho hoje. Mas hoje em dia já sei distinguir, contornar a conversa. Mas sei com que intuito as pessoas se aproximam. Por vezes, enganamo-nos. Mas quer dizer, aquelas que não te dizem nada há anos, e agora aproximam-se…”, contou.

Jacobo Botero: A vida, o sonho e o apoderamento de Alberto Garcia- Tauroemoción

O Cartão de Crédito, e o coração dividido entre Colômbia e Portugal

Um dos momentos mais engraçados da entrevista, surgiu quando Jacobo Botero contou o momento em que o pai o deixou em Portugal…ensinando-a a usar um cartão de crédito, mas explicando-lhe que apenas podia usar dinheiro para roupa e comida. [29 minutos].

Sou uma pessoa que se move por paixão. Tudo o que eu faço é um sonho de pequeno, um objectivo, uma luta do princípio ao fim. Exemplo do casamento: Conheci uma pessoa, casei, tive um filho”, disse-nos sobre a actual maturidade.

Criticou os tempos actuais, porque “sinto que hoje em dia se vive tudo de forma superficial, mas eu gosto de levar tudo até ao fim, mesmo que perca por isso. Por vezes, levamos alguns barretes, como se diz em Portugal”.

Sobre se tem o coração dividido entre Colômbia e Portugal, foi claro: “Pelos anos em que cá estou, sou mais português do que colombiano. Mas na vida, o mais importante que temos é a família. E a minha família está na Colômbia. Colômbia será sempre o país que amo. Mas gosto muito de Portugal, foi onde me formei profissionalmente e como homem, casei-me, gosto muito do país”.

Bronca à portuguesa…no dia da Alternativa no Campo Pequeno

Jacobo Botero foi ainda questionado se algum empresário ou colega toureiro se portou mal com ele e contou uma história que ocorreu no dia da sua alternativa, no Campo Pequeno.

Jacobo Botero tirou alternativa, em 2014, no Campo Pequeno, tendo Rui Fernandes como padrinho e Diego Ventura como testemunha.

Tive uma situação muito particular. O tema da minha alternativa.  Eu nunca me trajei à portuguesa, nem enquanto amador nem enquanto praticante. Trajei sempre à espanhola. E as pessoas nunca criaram problemas, nunca houve problema nenhum. No dia da corrida, no Campo Pequeno, à hora do sorteio, vem o director de corrida, fecham-nos numa sala e dizem: Se Jacobo tirar a alternativa trajado à espanhola, vai ter de levar uma multa. E nós, continuámos. Passados uns tempos, sabes que tudo se sabe, três ou quatro toureiros portugueses mais antigos, devido ao impacto que teve a corrida, fizeram uma carta anónima ao Sindicato dos Toureiros, em que diziam que não concordavam por eu ter tirado alternativa, trajado à espanhola. Depois, há raivas pessoais, tendo havido uma pessoa no sindicato dos toureiros, que disse: Enquanto eu estiver aqui, na parede onde estão todos os cavaleiros de alternativa em Portugal, não estará fotografia de Jacobo Botero. E assim foi, durante os anos em que aquela pessoa esteva ali. E foi assim esta raiva durante alguns anos, sem motivo algum porque não vim tirar lugar a ninguém. Os portugueses quando vão lá fora, vão de casaca. Mas também já vi irem de traje curto. Eu não preciso dos empresários nem dos touros para viver, mas é algo que estou disposto a continuar, embora com outra perspectiva”, contou.

Depois de Cali…

Cali está já confirmado, mas Jacobo adiantou-nos que “podem sair mais 3 ou 4 corridas. Mas que ainda não estão fechadas”.

Se depois disso, vou tourear em Espanha, Portugal, só deus sabe. Neste momento, a minha meta pessoal é Cali”, disse ainda.

Aos 26 anos e com várias metas cumpridas, sente-se um privilegiado e explica o porquê [44.50 minutos]

Entrevista e Texto: Rui Lavrador
Ideia: Diogo Nora
Vídeo e Fotografias: Rute Nunes e Carlos Pedroso

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