Sabores no Barro 2025: O Alentejo Que Se Molda na Alma. Uma edição que foi extraordinária, marcando todos os que ali foram.
Beringel viveu quatro dias de celebração intensa, entre 27 e 30 de março, numa extraordinária edição do “Sabores no Barro”.
Não foi apenas um evento – foi um grito de identidade, um hino à terra, ao povo, à alma alentejana que pulsa entre o barro moldado pelas mãos sábias dos oleiros, os acordes dolentes do cante e os sabores que trazem consigo séculos de história.
O Barro
Desde as primeiras horas do certame, mais dedicado às escolas, a vila foi tomada por uma energia vibrante, um fervilhar de emoções que ecoavam nos passos dos visitantes pelas ruas. O VIII Congresso de Oleiros do Sul voltou a unir mestres do ofício e novos talentos, garantindo que o barro de Beringel continua a ser memória viva e futuro promissor. Oficinas como “Mãos no Barro” deram corpo à tradição, permitindo que cada pessoa sentisse a ligação visceral entre a terra e a criação.
A Gastronomia
A gastronomia foi um espetáculo por si só. Na “Tenda dos Sabores”, os aromas fundiam-se no ar, contando histórias de gerações passadas. O pão, o azeite, os queijos e os enchidos, a doçaria feita de paciência e amor – tudo serviu como um banquete à identidade alentejana. Comer no “Sabores no Barro” não foi apenas um ato físico, mas um ritual de pertença.
E depois, a música. O cante alentejano, que não se canta, sente-se. Vibra nos ossos, faz tremer a pele, invade a alma.
Buba Espinho, Os Descendentes e uma panóplia de talentos
Este ano, os embaixadores da cultura alentejana – Buba Espinho, António Caixeiro e Bruno Chaveiro – ergueram as vozes como bandeiras, transportando-nos para um lugar onde o tempo se dissolve e resta apenas a emoção crua e infinita do Alentejo. Nota que António Zambujo e Antelmo Serrado estiveram no Brasil e Índia, respectivamente, daí a sua ausência no certame, sendo eles também embaixadores do evento.
Quando “Os Descendentes” tomaram o palco, assistiu-se a um dos grandes momentos. Ainda assim, foi no concerto de Buba Espinho e dos amigos que se atingiu o ponto mais alto do evento. As palavras parecerão sempre poucas para o que ali se sentiu. Foi um momento de comunhão, de lágrimas nos olhos e sorrisos cúmplices, um instante eterno onde o público não apenas assistiu – viveu.
O encerramento foi apoteótico. Como se um feitiço pairasse no ar, os embaixadores do cante reuniram-se espontaneamente para um último tributo. Sem ensaios, sem artifícios – apenas vozes e corações a bater no mesmo compasso. Um abraço sonoro que se entranhou na pele de quem teve o privilégio de estar ali.
O “Sabores no Barro 2025” não foi apenas um evento cultural. Foi um juramento silencioso de que o Alentejo continua vivo, na força das suas raízes e na ousadia do seu futuro. Quem lá esteve, levou consigo um pedaço de Beringel na alma. E é assim que as tradições se tornam eternas.
Até breve e obrigado, Beringel!