The Lumineers foram luz, nostalgia e “amor teimoso” no MEO Arena, ontem, dia 2 de maio de 2025 numa Lisboa que estava pronta para a emoção e para a alegria que iria receber com este grupo de Wesley Schultz e Jeremiah Fraites.
Texto: André Nunes / Fotografias: Nuno Tátá
Espetáculo destinado a ficar para a história
O ambiente estava pré-destinado a ser uma coisa enorme, a vermos esta banda de Denver a conquistar a cidade de Lisboa como nenhum americano tentou na história do nosso país. The Lumineers têm em si uma onda de nostalgia, porque o público que agora está na casa dos 20 e tais e 30 anos, lembra-se de “Ho Hey”, uma música deles, a passar nas rádios. Lembra-se de “Stubborn Love”, e mesmo em novo já pensávamos num refrão que um dia iria relembrar como é que era naquela altura, mas esse grande clímax vai ficar para o final deste concerto.
Por isso é nesta onda de nostalgia, e com este público eclético, que os novos fãs que não apanharam “Ho Hey” a dar em fluxo nas rádios (sem nunca nos fartarmos dele posso dizer) mas conheceram essas músicas antes e conhecem agora. Os mais novos álbuns deles e novos temas como “Cleopatra” ou “Ophelia”.
Nós lembramo-nos de tudo na vida
E porquê falar no ambiente? Bom, porque houve algumas coisas muito curiosas mesmo antes do acto musical de abertura. Porque a banda sonora escolhida pelos Lumineers para animar, ou melhor ainda, preparar os fãs para o que queriam ver no concerto deles, foi, na minha opinião, fascinante. E podia dar aqui diversos temas, mas há um que se revela e que me chamou imediatamente à atenção e que se revela como destaque, que é “I Remember Everything”, que é uma colaboração de Kacey Musgraves e de Zach Bryan.
Isto acaba por ser fascinante não só por ser uma música country (os Lumineers não são country puro, vão buscar muito mais o folk de Bob Dylan e atualizada para tempos modernos) mas por Zach Bryan ter colaborado com eles em “Spotless”. E este tema de Bryan abre logo aqui uma mensagem, que todo este concerto acabou por ter.
Nostalgia e Esperança
O que não deixa de ser um facto é que parece que os concertos recentes andam a incidir muito na parte nostálgica, seja de que forma for. Talvez o sinal do nosso mundo atual. Mas a nostalgia deve ser construída para trás e ser esperança para a frente.
Neste sentido, os Lumineers passaram essa mensagem de nostalgia durante todo o concerto. E ao rever agora mentalmente as músicas que escolheram para a banda sonora de animação da espera até ao primeiro número musical, noto que realmente a nostalgia era a mensagem que os Lumineers queriam passar.
Mas, novamente, nostalgia como criadora de esperança, porque soubemos que já tivemos tempos bons e que, por já termos tido tempos bons, tempos bons podem e irão de certeza voltar.
Esta é a mensagem. É o objetivo dos Lumineers, ou pelo menos o que passou para este público. E tem sido o que me levou a ouvir os Lumineers desde o início, desde os primeiros temas, desde “Charlie Boy”. E, curioso, como este tema (“I Remember Everything”) é de um cantor que já colaborou com eles e é muito também nostálgico — ou até mais melancólico — em que vai mergulhar nas complexidades de uma relação amorosa passada, vai capturar memórias contrastantes entre dois antigos amantes.
O publico mais diferente do Parque das Nações
Este público diferente não era só a nível de gerações, pois também a nível de nacionalidades. Tínhamos muitos britânicos e americanos no público, para não dizer sensivelmente metade ou até mais metade do público eram pessoas de outras nacionalidades. O que levou a uma mistura ainda mais de gostos e paixões musicais, até porque, por exemplo, vi t-shirts de bandas que normalmente nem sequer vejo pessoas a ouvir em Portugal. dos exemplos foi uma pessoa que se sustava a usar uma t-shirt dos Flatland Cavalry, criadores de temas como “West Texas In My Eye” e “A Life Where We Work Out”.
Assim, a antecipação era muita, com todos a tentar escolher os melhores lugares onde iriam ver estes heróis musicais que fizeram banda sonora das nossas vidas desde o primeiro álbum de 2012. Mas antes deles, teríamos o o número musical de abertura, de Michael Michael Marcagi, também americano e que tem acompanhado os The Lumineers nesta digressão pela Europa.
Michael Marcagi esteve à altura!
Ele começa logo bem com “Savannah”, uma música sobre dar novas oportunidades e sobre, mesmo quando nos falham, lá estaremos. Aqui, logo novamente, uma nostalgia mais virada para a melancolia, em que pedimos a alguém para regressar a casa, mas não é por isso que o coração, despedaçado, volta a ficar agrafado. Mesmo que fique, nota-se o ferro que foi nos pensos rápidos.
O cantor diz: “Lisboa é uma das cidades mais bonitas que já conheci na minha vida. Esta digressão tem sido um sonho”. E a partir daí vamos por músicas mais mexidas, que metem toda a gente a abanar a cabeça, a bater o pé, mas sem guardar forças e sem guardar ânimo para o que viria a seguir.
Ouvimos também, por exemplo, “Good Enough”, uma música sobre fazer alguma coisa por amor, mesmo quando nos consideram que não somos bons o suficiente — e fazemos tudo na mesma. Michael diz que está pronto para os The Lumineers: “Não são só a melhor banda do mundo, são as melhores pessoas”. E continuamos para mais músicas que derretem todos os presentes. E apesar de estar tudo a pensar nos Lumineers, ninguém ficou incógnito às canções de Michael, mesmo que não as conhecessem.
Quando as batalhas acabam
Em “Good Enough” também há alguma introspeção, que vai além da nostalgia, e fica presente no público. Porque, por vezes, abandonamos locais, pessoas, porque temos batalhas a travar ainda. E, por isso, não somos bons suficientes — porque temos a nossa cabeça completa de outros pensamentos e de outras lutas. E, às vezes, quando elas acabam, os locais e as pessoas já não lá estão.
Após vários temas que animaram o público, incluindo um cover de uma música de Olivia Rodrigo, terminamos esta primeira parte de Uma Grande Noite com “The Other Side”. Uma música que iria abrir caminho, que colocou o público em palmas e que esse público quis apanhar o caminho em direção aos The Lumineers. Mas aproveitou, na mesma, o concerto de abertura de uma estrela em ascensão.
O concerto das nossas vidas espreitava à porta
Segue-se, então, silêncio. E os Lumineers iriam levar minutos até entrar em palco. Mas as pessoas começaram-se a agrupar cada vez mais à frente para terem a melhor visão possível daquilo que seria… e isto é um claro spoiler… um concerto a não esquecer para o resto das nossas vidas.
Até que as luzes diminuem mais. Até que o som fica um pouco mais alto. E ouvimos um saxofone… a dar a música de entrada. Um saxofone com uns tons nostálgicos.
Esta era, de facto, uma cover da canção “Here I Go Again”, dos Whitesnake, em que a banda diz que voltam à estrada, solitários. Uma música de entrada tal como pugilistas a entrar na arena, prontos a enfrentar as suas emoções, passado e futuro, de vida. Mas num presente que teremos de aproveitar ao máximo nestas horas de concerto de The Lumineers.
Aliás, pegando no ato nostálgico, até o lettering com que o nome The Lumineers aparece rodeado de cassetes, de fita, no palco contribuiu para este ato nostálgico.
“Same Old Song” que queremos ouvir sempre
E para dar um mote, e confirmando que eu tenha estado a pensar até aqui acerca deste concerto como nostalgia e como expressar emoções de forma retro e vintage, o primeiro tema é logo “Same Old Song”. Um tema que relata a história de alguém que é doce como mel, mas o ferrão da abelha dói, e dói muito. E quando a pessoa sai, deixa um coração em dor. E tudo o que falta, tudo o que sobra, é uma canção favorita. Aquela à qual costumávamos dançar, aquela que traz doces memórias de amor ternurento.
Mas, em jeito de lamúria, na letra da canção, os Lumineers dizem que também se fartam de ser a mesma velha canção. Que teve um significado diferente quando a pessoa saiu, mas começam a ficar fartos da mesma canção.
Flores no cabelo dela…
Percebemos também, a partir das próximas músicas, que os The Lumineers iriam fazer um concerto diversificado no que aos seus álbuns concerne. Por exemplo, logo a seguir tivemos “Flowers in Your Hair”, uma música deles de 2012, que os próprios disseram em palco que estava relacionada com não ser ignorado e, mesmo assim, manter a pessoa de quem gostamos no coração.
É uma canção sobre romantizar o passado — pois, na letra, é referido que o narrador romantiza muito um momento simples e algo efémero em que viu “flores no cabelo dela”. E, na mesma canção, diz que depois cresceu um pouco. Tudo o que disseram tinha razão, mas cresceram e viram que as coisas, por vezes, mudam. E ele até quer voltar a amá-la de volta, e esperam que não seja demasiado tarde, mas talvez não consiga. Por isso, mantém-na na memória dos olhos, e na memória do coração.
Ainda dentro desta diversidade de músicas, passamos então para “Angela”, um tema algo mais recente, sobre sair de uma cidade. Sobre deixar entrar todos os lugares selvagens e travar as nossas guerras. E talvez voltar a casa, mas passando por hotéis e motéis, entretanto num carro velho.
A estrada aventureira de Denver no estado do Colorado
“Tocamos há 20 anos e sabemos colocar os nossos egos de parte, e sabemos que precisamos um do outro. Todos precisamos de alguém e por isso aqui vai” e ficamos a ouvir “All We Got”. E é em “All We Got” que começam a aparecer vídeos que nos revelam que, quando estamos, vai ficar tudo bem — e que às vezes é preciso fazer estrada.
Começamos a ver montanhas do estado do Colorado, começamos a ver uma estrada bastante semelhante à mítica Route 66, e começamos a ver o carro a dirigir-se até ao pôr-do-sol. Uma temática imagética e verbal que está a ser muito comum hoje em dia.
Esta situação toda da aventura e do perigo do Oeste faz-nos sentir vivos. Até no Cante Alentejano, vemos a questão do pôr-do-sol. Vai ser muito interessante toda esta conjuntura.
Mas claro, os Lumineers iriam falar mais disso — ou não fossem eles de Denver, de uma cidade multifacetada no estado selvagem do Colorado, onde essa mesma beleza corre nos rios e escala pelas serras acima. É um estado com cores vivas, desde o branco da neve que arrasta nas montanhas sonhadas até à parte mais do campo e dos riachos, onde tem vida é bucólica.
Um brinde aos “assholes”
Depois das vibrantes “You’re All I Got” e “Where We Are”, ficamos com um tema especial que me chamou à atenção nesta noite em específico, de nome “Asshole”. Antes do tema, os The Lumineers afirmam que iremos de viagem pela mente de um asshole: “a minha mulher, quando me conheceu, pensava que eu era um asshole.” Ora, um asshole é um sacana ou patife, uma pessoa difícil, egoísta, que muitas vezes magoa os outros sem grande consciência ou filtro. E dizem-nos também: “cuidado, quando as pessoas se apresentam com virtude, é fachada. Têm esqueletos — e esses esqueletos são coisas assustadoras. Às vezes acho que as melhores pessoas são aquelas pessoas raggedy e rough around the edges” (pessoas gastas e sem polimneto, que não se preocupam como se parecessem e como falam). Por isso, um brinde a todos os assholes”. E se achares, e disseres, que não és um asshole, então secretamente és um.”
Após temas de datas diferentes, incluindo “AM Radio”, sobre, através da rádio, perguntar a alguém se lhe traz memórias e esperar que volte atrás no tempo e que nós possamos todos regressar ao passado. Sendo isso difícil, só há uma coisa que poderia tornar isso possível, e era ouvir um dos temas que deu a conhecer The Lumineers, um dos temas que nos fez apaixonar por The Lumineers, e por este novo flow do folk, ficámos a ouvir “Ho Hey”.
Simplesmente… “Ho Hey” pois “I don’t think you’re right for him, take a look at what might have been”
E o que vem a seguir vai-me dar bastante trabalho a tentar simplificar. Desde bater com os pés, desde as palmas, desde os gritos do público, a acompanhar todos os momentos da música que parece ter sido feita por uma interação extrema, maximizada, intensa, e ao mesmo tempo intimista com o público, estas pessoas no MEO Arena conseguiram fazer isso. Nunca vi um público assim. Por isso, deixo-vos só uma das minhas coisas favoritas nesta canção: “I don’t think you’re right for him, take a look at what might have been, if he took a bus to Chinatown.”
Outro dos temas aguardados era “Sleep on the Floor”, e The Lumineers sabiam perfeitamente disto. Assim que chega a letra, “Will You Rail Against a Dying Day?”, uma explosão de confetis acontece no MEO Arena. Uma comemoração de música excelente, uma comemoração de um ambiente incrível e de uma banda que não deixou nada por dizer nem nada por cantar.
Este tema vai combater a nostalgia, porque parece que não gosta muito da parte do passado numa cidade pequena de acordo com a letra. Tanto diz que, “se não deixamos esta cidade, podemos não sair de todo”. Ou seja, aqui a nostalgia sempre como algo positivo ou algo negativo. E The Lumineers jogam muito bem com este equilíbrio, dando uma lição que temos de aprender com o passado, temos de amar as coisas boas, mas temos de seguir em frente. E com confetis. O que trouxe muita alegria e sorrisos ao público.
Explosão e comemoração
Já no tema mais à frente, “So Long”, ainda existiam confetis no ar, a pairar quase em teimosia para não cair no chão, como nós muitas vezes fazemos no nosso dia-a-dia. Aqui, “So Long” era algo psicadélico, com cores brilhantes, tentando emanar alegria para o público com festejo da vida.
Porquê? Porque “So Long” é um adeus colorido para coisas melhores, ainda com o resto de confetis, como o resto das nossas memórias e bocados de recordações do que conhecemos. São, eram no fundo, cacos físicos no tempo, por assim dizer, do tempo desperdiçado e do tempo perdido. Ou seja, do tempo despedaçado como um coração que sente sem já ter objeto de amor para sentir.
Note-se que mesmo em temas menos conhecidos, devido a serem muito mais recentes do que outros, ninguém ficou incólume. Ninguém ficou em meter os seus órgãos interiores a vibrar ao som de cada nota. O que nos leva a destaques como “It wasn’t easy to be happy for you”, sobre sorrir por um amor perdido e tentar continuar. O que nos leva também a “Automatic”, com novamente um valor nostálgico e uma imagética retro enorme.
“O-O-PH-I-L-IA, O-O-PH-I-L-IA”
Continuando a comemoração passamos para uma música que todos cantamos no refrão, mesmo sem conhecer a música e já visto inúmeras vezes.
Vamos para “Ophelia”, em que os dois membros principais da banda começavam a atirar a banda de direitos um ao outro enquanto cantavam “O-O-PH-I-L-IA, O-O-PH-I-L-IA” com todo aquele público a acompanhar.
Também na parte elementar da calma e da nostalgia, tivemos o tema “Leader of the Landslide”, com sons de natureza e imagens de natureza à volta. Ficámos rendidos numa grande floresta. E, imediatamente a seguir, o cover de “You Can’t Always Get What You Want”, dos The Rolling Stones, que o puxou pela parte mais rock do público e mais rock dos The Lumineers. Isto tudo antes de “Ativan”, que, segundo os The Lumineers, é sobre ser amado e ser alguém.
Regressa Micahel Marcagi
Desta forma, e já com o concerto mais à metade, os The Lumineers quiseram falar de algo bonito. E o vocalista diz, “A minha mulher caminhou até o altar com esta música”. Deem boas-vindas de volta ao palco a Michael Marcagi. E voltamos a ouvir o tema principal de Michael. Desta vez com os The Lumineers. Desta vez, já todos a saber a letra de cor e salteado. E a pensar que, de acordo com a letra deste tema e história, Os The Lumineers merecem ser felizes, porque nos fizeram também muito felizes. Fizeram-nos pensar, reviver coisas, repensar coisas, mas também viver muito. E com felicidade na mente.
Continuamente, os Lumineers perceberam que este público estava lá pronto para absorver tudo o que eles iriam cantar. Então quiseram agradecer da melhor maneira e disseram obrigado na nossa língua portuguesa.
Palmas para “The Big Parade”
Todos os membros da banda conseguiram cantar versos do tema “The Big Parade”. Esta canção tem aquele sentimento de cidade pequena, ou como diriam os americanos, o “small town feeling”, e trata-se de candidato a lugar político que está a fazer a campanha porta-à-porta. Toda a gente conhece este novo grande candidato, por muita pequenez que tenha na sua extensão enquanto candidato e possível político.
Mas é este “small town feeling” que atribui a esta música novamente, e digo isto com a maior alegria e orgulho possíveis, a nostalgia que este concerto quis conceder. Enquanto todos os membros eram apresentados e cantaram versos, o membro da banda Stelth Ulvang subiu até aos balcões do MEO Arena, do estilo Homem-Aranha. Inclusive esteve só na ponta de um dos balcões, uns centímetros apenas, e tudo isto enquanto tocava, e não faltava uma única nota. Foi um daqueles momentos que os The Lumineers adoram fazer.
Alegria e esperança no amanhã
Ao mesmo tempo que tudo isto acontecia, e até depois, passavam imagens frenéticas, eufóricas, nos ecrãs, que passavam de um ângulo para o outro, de um músico para o outro, até a violinista aparecia a dançar à roda, enquanto também tocava, num momento de alto êxtase, um momento que foi luz. Foi claridade.
Também há que referir o grande carrossel 3D que apareceu em palco como esta arena nunca viu, e que parecia bem real.
The Lumineers comentam, a comparar com a última vez que ali estiveram, que o público era a dobrar. E na continuação desde desabafo feliz, cantam o tema “Cleopatra”, um tema energético e que mexeu com todos os membros do público que sabiam bem a letra “But I was late for this, late for that, late for the love of my life”. Por vezes chegamos atrasados ao amor das nossas vidas, e focamos noutras situações que nos atrasam a felicidade.
A luz do “amor teimoso” que nos ilumina
Começam os acordes para o evento principal. Aquela canção que todos ansiávamos, mas tínhamos receio que significaria o fim do espetáculo. Senhoras e senhores, “Stubborn Love”.
Em “Stubborn Love”, nunca recuei tanto no tempo. Se há uma máquina no tempo do mundo, é este tema. Recuei mais de dez anos no passado, a uma altura de ensino secundário. E como eu disse no início deste texto, mesmo em novos, já pensávamos no refrão. Já pensávamos neste refrão que um dia nos iria relembrar como era naquela altura. Um refrão com a capacidade de fazer isto e olhar para o futuro e saber que a música nos irá acompanhar, é de facto um marco e uma obra de arte. Este concerto foi obra de arte. Desde todos os efeitos, desde a musicalidade, desde as luzes, os ecrãs, tudo esteve no ponto certo. E tudo nos tocou no ponto certo.
Uma obra de arte que é uma máquina no tempo
Já sabíamos que iriam existir pessoas que iriam, como diz a música, mentir, roubar, aldrabar, enganar, e que depois iriam dizer que era a última vez que fariam tal coisa. E ficamos com este buraco no coração, um que não conseguimos, nem que queremos reparar. Quando éramos novos fizemos o suficiente, e temos de acreditar nisso. Damos o nosso melhor. E é melhor, como diz a letra, sentir dor, do que não sentir nada. Pois isto é o oposto da indiferença do amor. E mais vale a diferença pela dor, do que a neutralidade emocional, pela indiferença.
The Lumineers deixaram o alpendre com a luz ligada
“I’m standing on your porch, screaming out, and I won’t leave until you come down the stairs”. Talvez seja a altura de todos nós irmos para os alpendres de quem perdemos. E se queremos recuperar, vamos para lá agora. Vamos para lá a gritar, ou a recordar.
A sugestão do espetáculo é lembrar os alpendres. Ver a luz ligada nos alpendres e ir lá ficar de pé. Se a luz estiver apagada, “keep your head up”.
A nostalgia é esse amor teimoso. É amor que já não tem a pessoa física, e não tem para onde ir e está perdido. Então cai na nostalgia. E nós tocamos nela e sentimos um pouco do nosso passado, tentamos agarrar como se fosse uma pedra. Depois sorrimos, damos a outra face. E tentamos ir ate ao futuro. A ouvir The Lumineers, claro. Porque é um amor teimoso já.
Alinhamento de The Lumineers no Meo Arena
- Same Old Song
- Flowers in Your Hair
- Angela
- You’re All I Got
- WHERE WE ARE
- Asshole
- A.M. RADIO
- Plasticine
- Donna
- Ho Hey
- Dead Sea
- BRIGHTSIDE
- Sleep on the Floor
- Gloria
- So Long
- Salt and the Sea
- Keys on the Table
- Slow It Down
- Strings
- Automatic
- Ophelia
- Leader of the Landslide / You Can’t Always Get What You Want
- Ativan
- Walls (Circus) – Com Michael Marcagi
- Big Parade
- BRIGHTSIDE
- REPRISE
- Cleopatra
- Stubborn Love
Alinhamento de Michael Marcagi no MEO Arena
- Savannah
- Good Enough
- In The Light
- Follows You
- deja vu (Olivia Rodrigo cover)
- Flyover State
- Scared to Start
- Midwest Kid
- The Other Side