Alentejo sem Lei: Bandidos do Cante em entrevista na Ovibeja sobre irreverência e “Ronaldos”, no passado dia 1 de maio de 2025 após um concerto que preencheu por completo a plateia da maior feira do sul.
Entrevista: André Nunes e João Silva / Fotografia: João Silva
Um fenómeno musical numa noite inesquecível
Assim, uma Ovibeja preenchida deu as boas-vindas a um fenómeno que cruza o Cante com a ousadia de quem não tem medo de renovar tradições. São cinco, vêm do Alentejo, são “bandidos” e assaltam as emoções dos públicos para quem tocam.
Uma noite inesquecível e novidades sobre álbum
Com humor, paixão pelo Cante e uma ponta de rebeldia, os Bandidos do Cante falam nesta entrevista sobre a origem do grupo, o peso de atuar na Ovibeja, os afetos do público e o caminho que os levou até ao tão aguardado álbum.
Entre “Vingadores” e “Ronaldos”, a verdade é que estes foras da lei chegaram para ficar.
Entrevista aos Bandidos do Cante:
Uma pergunta que não fizemos na última entrevista, em Beringel, nos Sabores no Barro, como é que surgiram os Bandidos do Cante?
Os Bandidos do Cante surgem, como nós dissemos esta noite, através do convite dos Dama e do Buba Espinho para ingressarmos na canção “Casa”. Individualmente, éramos até mais amigos do Buba que fizemos parte dessa canção. Fomos ficando e criámos aqui o núcleo dos cinco.
Eles fizeram força para avançarmos para formar um grupo, e chamavam-nos os “Bandidos”. Ficámos os Bandidos do Cante e hoje aqui estivemos com uma sala cheia na nossa cidade, que é um orgulho enorme.
“Nós fazemos o que vem do nosso coração”
Pegando no nome Bandidos. Bandidos do Cante está relacionado com cowboys ou foras da lei, mas no Alentejo?
Epá. Há uns tempos… (Risos).
Mostra um bocado da irreverência que nós temos em cima do palco, somos muito brincalhões e gostamos muito de nos divertir. E eu acho que é por isso que veio o nome de Bandidos.
Inovar no Cante pode ser arriscado. Sentem alguma resistência ou é de braços abertos que vos recebem?
Nós fazemos o que vem do nosso coração e o que o vem da nossa alma e acho que isso toca nas pessoas. Todos os dias, tem sido incrível o apoio e sentimento que as pessoas nos dão e isso só nos dá força para continuar a trabalhar.
“Ver que a cidade veio e apoiou uma banda local, foi inédito para nós”
Na última entrevista, estavam com expectativa para a Ovibeja, o vosso “coliseu” da vossa cidade. O que é que representou, para vocês, atuar hoje na Ovibeja? À queima-roupa, o que sentiram?
É um orgulho enorme. Nós desde pequenos que viemos a esta feira, é a maior feira da nossa cidade. Nós vimos muitos concertos aí desse lado e poder, com tão pouco tempo, pisar este palco e ver que a cidade veio e apoiou uma banda local, foi inédito para nós.
O que acharam do público de hoje?
Foi incrível! Incríve! Uma loucura. Estiveram connosco desde o primeiro segundo até ao último. E tivemos muitos amigos e a nossa família, que são aqueles que nos apoiaram desde o início e é importante sempre referir isso.
“Incrível! Uma loucura!”
E sobre o álbum? O que dizem?
(Cantam em uníssono) Está a chegar, está a chegar o álbum. (Risos)
Esta a chegar, é este ano. Vamos apresentá-lo em primeira mão no Pax Julia, em Beja, no dia 20 de dezembro.
“Os Ronaldos!”
O vosso caminho até aqui, como o resumem em poucas palavras?
Amazing. Amazing. Lindo.
No Infocul.pt, já vos chamámos de “Vingadores do Cante”, quando se juntam todos em palco com Buba Espinho e Luís Trigacheiro, por exemplo. Sentem-se como os Vingadores, nesses momentos quando estão todos em palco?
Não, sentimo-nos os Ronaldos! (Risos).
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