“Comboio do Cante” levou 400 vozes de Lisboa e Setúbal até à Ovibeja, levando o Alentejo a todos as paragens até Beja, recriando o ambiente das planícies e terras alentejanas. O comboio partiu de Lisboa rumo à Ovibeja, onde se realizou o Encontro de Grupos Corais, dando início à festa por volta das 14h.
Texto: André Nunes / Fotografias: João Silva
Três horas de viagem a recriar o Alentejo num comboio
Durante cerca de três horas de viagem, os cantadores trouxeram ao convívio várias modas tradicionais do cancioneiro do Cante. “Castelo de Beja”, “Ceifeira linda ceifeira” e “Alentejo é nossa terra” foram algumas das canções escolhidas pelos vários grupos que subiram a bordo.
De Lisboa e Setúbal arrancaram 20 grupos corais, aos quais se juntaram outros já em Beja. Ao longo das paragens em Sete Rios, Pragal e Pinhal Novo, mais vozes se reuniram, transformando a viagem numa verdadeira celebração de tradições, com versos que percorrem a poesia de outros tempos e criações mais atuais.
“Um percurso afetivo que transporta a alma do Alentejo”
José Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, explicou o significado da iniciativa: “Muito mais do que uma viagem entre Lisboa e Beja, este é um percurso afetivo que transporta a alma do Alentejo. Esta iniciativa representa o que de mais autêntico temos para oferecer: a nossa cultura viva, enraizada na terra e nas pessoas”.
O responsável fortaleceu ainda o valor de apreciar estas tradições: “O Cante Alentejano é uma expressão de identidade coletiva, reconhecida pela UNESCO, que continua a unir gerações e a emocionar quem o ouve”. Diz também que é um compromisso com a valorização e afirmação do Alentejo como destino de excelência, promover iniciativas como esta.
Organização da ACOS e Casa do Alentejo
A organização desta viagem foi da responsabilidade da Casa do Alentejo e da ACOS – Associação de Agricultores do Sul, com o apoio da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e da Câmara Municipal de Beja. Foi criado um comboio especial para levar os grupos corais até à grande feira agrícola do sul, onde se vive o mote “Todo o Alentejo deste mundo”.
A viagem teve início às 8h01, com lugar na estação do Oriente, em Lisboa, e terminou em Beja por volta das 11h14. No regresso, o comboio regressou à capital já perto das 23h20.
Amantes do Cante de diferentes origens
Os grupos corais foram os seguintes:
• Academia Sénior São João da Talha, Santa Iria da Azóia
• Grupo Coral Alentejano “Os Amigos dos Sadinos”
• Grupo Coral Alentejano 1º de Maio
• Grupo Coral Alentejano Cantadeiras do Barreiro
• Grupo Coral Alentejano da ARPIC-Carnide
• Grupo Coral Alentejano Lírio Roxo e Paivas
• Grupo Coral Alentejano O Sobreiro
• Grupo Coral Alentejano Os Amigos do Barreiro
• Grupo Coral Alentejano Saudades do Alentejo
• Grupo Coral Alentejano Unidos do Lavradio
• Grupo Coral Ausentes do Alentejo-Palmela
• Grupo Coral Cantadeiras de Essência Alentejana
• Grupo Coral da LIGA dos Amigos da Mina de S. Domingos
• Grupo Coral do Bairro da Liberdade
• Grupo Coral e Instrumental de St. André Barreiro
• Grupo Coral Estrelas do Guadiana de Tires
• Grupo de Cantares Modalentejo
• Grupo do Núcleo dos Amigos do Concelho de Barrancos
• Grupo Musical ECOS
• Grupo Musical Vozes da Planície
Na altura, o distrito de Lisboa contava com 15 grupos corais ativos e o distrito de Setúbal com 26. O que antes eram grupos formados maioritariamente por alentejanos a viver fora da região, passou a incluir também amantes do Cante de diferentes origens, que ajudam a manter esta tradição viva e presente.