O impacto das redes sociais na arte e nos artistas portugueses

O impacto das redes sociais na arte e nos artistas portugueses, na era da pressa, da necessidade urgente e do esquecimento da “arte”.

Entre a visibilidade e a vulnerabilidade

As redes sociais tornaram-se o palco principal da cultura contemporânea. Em Portugal, muitos artistas dependem hoje da popularidade no Instagram, TikTok ou X (antigo Twitter) para manterem o seu nome vivo. Contudo, essa visibilidade tem um preço – e é mais alto do que parece.

Por um lado, nunca foi tão fácil chegar ao público. Mas, por outro, nunca foi tão difícil manter uma carreira sem ceder às exigências do algoritmo. Cada “gosto” é visto como uma forma de validação, mas também se tornou uma moeda de sobrevivência no mundo artístico.

A cultura do imediato

Vivemos na era do imediato. A música, o teatro e até a literatura enfrentam a pressão constante de serem consumidos rapidamente e substituídos logo a seguir. O público quer novidades todos os dias, e o ciclo de atenção encurta a cada scroll.

As redes sociais transformaram-se em vitrinas incessantes, onde o conteúdo precisa de ser constante para não cair no esquecimento. O talento artístico, muitas vezes, cede espaço à performance digital e à necessidade de agradar a um algoritmo imprevisível.

O preço da exposição

Existe também um lado psicológico que não pode ser ignorado. A pressão para estar sempre presente e relevante cria ansiedade e frustração. Muitos artistas vivem com o receio de perder seguidores, de não gerar o mesmo impacto, de “deixar de contar”.

Antes, o palco era o local da consagração. Hoje, é o feed que define quem “existe” culturalmente. A arte continua viva, mas muitos artistas sentem-se a sobreviver dentro de um sistema que recompensa a quantidade e não a qualidade.

Quando os números valem mais do que o talento

As marcas e os promotores olham, cada vez mais, para as métricas antes de olharem para o mérito artístico. Um artista com milhares de seguidores tem frequentemente mais oportunidades do que alguém com décadas de experiência.

Esta tendência é perigosa, porque desvirtua o propósito da cultura. A arte deve emocionar, questionar e transformar, não apenas gerar cliques. Quando o sucesso é medido em visualizações, perde-se a profundidade e ganha-se a pressa.

A urgência de um novo equilíbrio

Apesar disso, há quem resista. Alguns artistas utilizam as redes de forma consciente, equilibrando visibilidade com autenticidade. Preferem crescer devagar, mas com verdade, em vez de depender de estratégias artificiais para captar atenção.

O desafio passa por recuperar o essencial: criar arte que sirva a expressão, não apenas o engajamento. A tecnologia deve ser uma ferramenta de partilha – e não uma prisão invisível.

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