O nosso passado na Ovibeja: galope entre tradição e futuro

O nosso passado na Ovibeja: galope entre tradição e futuro, num evento que é alma alentejana em movimento.

De facto, a Ovibeja é, no seu coração, um evento alentejano. Não é um evento de cantos e recantos como outros eventos mais de nicho que contam com um ambiente familiar e de comunidade sem grande esforço. É um evento que já pode ser considerado um franchising pela sua dimensão física, de diversidade e importância. É o maior evento do Alentejo, de fazer inveja a muitos eventos nacionais.

Contudo, dentro da Ovibeja, temos esses cantos e recantos, criados organicamente e sem artificialidade, que têm neles o espírito do Alentejo, o espírito do saber viver humilde, feliz, como uma cama que embala a nossa alma e nos leva pelo passado onde já fomos felizes no certame, mesmo antes da imponência que tem agora.

Cem mil motivos para voltarmos, faça chuva ou sol

Neste caso, a alma é de festa, de comemoração, em êxtase daquilo que nos faz sentir daqui, sejamos daqui ou não. Daí os cem mil visitantes que tem anualmente, faça chuva ou faça sol.

É um evento que, realmente, nos cantos e recantos (que os tem), encontramos o nosso eu desprovido de egos ou presunção. Estamos “despidos” numa casa que nos traz tudo, como uma pequena cidade numa cidade.

E é isso que atrai visitantes: um evento que, entre os seus espaços e momentos, nos oferece o que de mais genuíno o Alentejo tem para dar, incluindo a mais bela, saborosa e cheirosa gastronomia. E incluindo coloca os seus filhos em destaque para que todo o mundo que visita o certame possa ver, como é o caso dos artistas no palco “Filhos da Terra”. Um palco em que os seus filhos músicos voltaram porque amam Beja e o Alentejo. E o Alentejo ama-os de volta, por levarem o Cante e outras tradições além do Tejo, com resiliência do campo e paisagens de um “AlémTexas”, atravessando fronteiras físicas e culturais.  E neste palco estiveram presentes nomes como Adiafa, Bruno Chaveiro, Jorge Cruz e Azinhaga. 

Memórias que regressam ao ouvir um casco

Mais do que isso, é um evento nostálgico. Logo na entrada, este que vos escreve é imediatamente levado para o mundo onde tocou no primeiro cavalo, levado pela mão alguém que já não está no plano terreno físico, e que mais tarde passou a querer praticar equitação como desporto e como libertação da alma. E também já o fez no picadeiro da ACOS, a saltar obstáculos em cima de um cavalo e a olhar para o céu numa justiça poética e de homenagem a estes primeiros momentos. Assim como leva na mente os antepassados campinos e tratadores de cavalos de um conhecido cavaleiro, e daqueles que o levaram a tocar no primeiro cavalo.

E agora, já vamos com os primos mais novos, que são a nova geração da família. Acompanham-nos para aprenderem connosco. E nós com eles, na sua forma de ser genuína e desligada de interesse, como a vida profissional, académica e pessoal nos foi habituando. Mas ali tudo para — não ao clássico tempo do Alentejo, mas ao clássico de uma festa que nos prende e nos revela que podemos parar, ou podemos festejar a vida com um sem-número de atividades.

Tradição, presente e um olhar de esperança

Contudo, não é só passado e presente que se revêm perante os nossos olhos, numa fascinante dança entre estes dois tempos na Ovibeja. Está também relacionada com o futuro, o da agricultura, da pecuária, da música e não só. Até das nossas paixões.

E passamos dias a saber mais, a fazer mais e a procurar mais, desenvolvendo umas paixões e descobrindo outras, numa das cidades mais bonitas e felizes do Alentejo, que, como o seu castelo, segue imponente no campo extenso e sem autoestrada, com admiração de quem vê.

A Ovibeja é casa

É isso, no fundo: a Ovibeja é casa. É onde regressamos para nos reencontrarmos e com as nossas versões passadas. É onde as gerações se cruzam, de mãos dadas com o que foi e com o que há de vir. É onde o passado nos sussurra histórias ao ouvido, como uma saudosa avó alentejana que queremos ouvir, e o futuro espreita ao mesmo tempo. 

Tudo isto entre comida tradicional de fazer crescer água na boca, majestosos e inspiradores animais e música sentida debaixo do sol abrasador ou da noite estrelada.

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