Paulo Caetano: “A razão deixa de ter muita consistência na nossa vida se não estiver acompanhada de uma dose grande de emoção”, assinalou.
Texto e Entrevista: Rui Lavrador / Fotografias: Nuno Almeida
Apresentação da corrida comemorativa dos 45 anos de alternativa do cavaleiro Paulo Caetano
O Salão Nobre do Campo Pequeno recebeu, ontem, a apresentação da corrida comemorativa dos 45 anos de alternativa do cavaleiro Paulo Caetano.
Com apresentação a cargo de António Lúcio, destaque para a presença de vários elementos da Comissão de Honra relativamente a esta efeméride, bem como dos cavaleiros João Moura Caetano e Duarte Pinto – que integram o cartel da corrida comemorativa – além de familiares e amigos.
O cavaleiro falou sobre o seu percurso, a importância do regresso ao Campo Pequeno e a voz embargou-se um pouco quando falou de Joaquim Bastinhas, após Joaquim Tapadas – que esteve na assistência – recordar a última corrida do cavaleiro elvense no Coliseu de Elvas, num cartel composto por Paulo Caetano, Joaquim Bastinhas, João Moura Caetano e Marcos Bastinhas.
Na parte final, tomaram a palavra alguns dos presentes que destacaram o percurso profissional e pessoal de Paulo Caetano, bem como os seus valores enquanto cidadão.

Paulo Caetano: “hoje em dia não tenha grandes fronteiras, nem grandes limitações a expressar a minha sensibilidade”
O cavaleiro concedeu – posteriormente – algumas declarações ao site Infocul.pt e Tauromaquia.com.pt.
Primeiramente, quando questionado sobre quando é que decidiu que iria cometer este “acto de loucura”, de voltar a tourear no Campo Pequeno, referiu: “Exatamente. Muito bem analisado, meu caro. Nesta história todos temos um bocadinho de loucura, quando não é muita, é saudável“.
“Mas enfim, há um momento que eu há bocado, na conferência, não disse que talvez seja a grande motivação de uma decisão destas. Foi o ter visto o mestre João Núncio comemorar 50 anos de Alternativa, nesta praça. E foi uma coisa que me marcou muito, porque vi uma pessoa com uma enorme genialidade, com uma intuição toureira e com um toureirismo como eu nunca tinha visto até aí, apesar das limitações e da idade“, destacou.
Nesse sentido, “isso marcou-me de uma forma profunda, eu era uma criança e fiquei marcado, pensei isto, realmente é o marco mais elevado que um toureiro pode chegar, poder tourear nesta idade, nem que seja um touro, e talvez essa situação tenha sido a mais marcante para, no meu subconsciente, ter ficado a marinar até agora, e já há uns anos, pensei “quando fizer 45 anos da Alternativa, quando lá chegar, são 50 de toureio, toureio um touro no Campo Pequeno”. E daí talvez tenha sido uma decisão já com muito tempo de amadurecimento, apesar da loucura, como disse“.
“O Bastinhas tem um lugar muito especial no meu coração e no coração da nossa família”, referiu Paulo Caetano
Seguidamente, foi questionado relativamente à sobriedade e risco que apresentava enquanto toureiro, comparativamente à forma mais emocional como tem falado nos últimos anos em algumas ocasiões públicas. Será que a vida foi ensinando a libertar um pouco mais o coração?
“Eu acho que sim. A idade das poucas coisas que nos traz de melhor é a noção de que os sentimentos e as emoções é a coisa mais importante da vida, são os elementos mais importantes da nossa vida. Sem isso não há nada. A razão deixa de ter muita consistência na nossa vida se não estiver acompanhada de uma dose grande de emoção. E talvez sim, talvez hoje em dia não tenha grandes fronteiras, nem grandes limitações a expressar a minha sensibilidade, aquilo que sinto, talvez sim“, respondeu Paulo Caetano.
Paulo Caetano: “também cá não está o meu querido padrinho José João Zoio, era outro grande amigo”
Quando questionado se Joaquim Bastinhas era o único nome daqueles com quem competiu a sério, que lamenta por não estar neste cartel, referiu: “Não, também cá não está o meu querido padrinho José João Zoio, era outro grande amigo”
Assim, reforçou: “O Bastinhas tem um lugar muito especial no meu coração e no coração da nossa família. Sempre fomos dois colegas muito chegados, muito, muito chegados. Isto quer dizer, isto de ser colegas chegados é uma coisa muito complicada, porque o Bastinhas ao mesmo tempo foi um dos mais sérios e duros competidores que eu tive, não é? E saber que podia contar com ele nos bastidores para me apoiar, para uma palavra amiga, e ele comigo, é um caso muito bonito no toureio e realmente nós vivemos essa amizade e como tal foi um desgosto enorme ele ter partido tão prematuramente e pronto, é um desgosto que ainda vivo hoje, a sua partida, vivo com muita emoção, com muita saudade“.

O cartel da corrida comemorativa dos 45 anos de alternativa de Paulo Caetano
A corrida comemorativa dos 45 anos de alternativa será no Campo Pequeno, a 11 de Julho, a partir das 21:45.
Frente a touros de Paulo Caetano e António Charrua, actuam Paulo Caetano, António Ribeiro Telles, João Moura Caetano, Marcos Bastinhas, Duarte Pinto e Miguel Moura.
As pegas ficam a cargo dos grupos de forcados de Montemor e Lisboa.
A comissão de Honra da Corrida Comemorativa dos 45 anos de alternativa de Paulo Caetano
Por fim, assinalar que a comissão de honra desta corrida é presidida por D. Duarte Pio, Duque de Bragança.
Nesse sentido, nela constam ainda Marília Caetano, João Caetano, Madalena Abecassis, D. Francisco Mascarenhas, Álvaro Domecq, João Pedro Rodrigues, José Maltez, Vasco Lucas, José Núncio Fragoso, Francisco Morgado, João Folque Mendonça, Bernardo Zoio, Manuel Jorge de Oliveira, Joaquim Pedro Torres e João Cortes.





