Sobral de Monte Agraço: Moura Caetano, Oliveira e Dias Gomes serviram gourmet a quem só gosta de fast food

Sobral de Monte Agraço: Moura Caetano, Oliveira e Dias Gomes serviram gourmet a quem só gosta de fast food, esta terça-feira.

Sobral de Monte Agraço: Moura Caetano, Oliveira e Dias Gomes serviram gourmet a quem só gosta de fast food

Texto: Rui Lavrador
Fotografia: Rute Nunes e Carlos Pedroso

A Praça de Touros de Sobral de Monte Agraço recebeu, em dia de feriado nacional, um festival taurino.

O cartel foi composto pelos cavaleiros João Moura Caetano, Manuel Telles Bastos, Joaquim Brito Paes e Diogo Oliveira (praticante), os matadores Uceda Leal e Manuel Dias Gomes e o novilheiro Gonçalo Alves. As pegas ficaram a cargo dos forcados amadores de Lisboa e Académicos de Elvas. Lidaram-se novilhos das ganadarias Irmãos Moura Caetano (1º), Charrua (2º, 3º e 4º) e Falé Filipe (5º, 6º e 7º).

Coube a João Moura Caetano abrir praça, frente a um exemplar da ganadaria Irmãos Moura Caetano. Na tauromaquia dos pobres lusitanos, nem sempre a qualidade é entendida. Aqui nem foi esse o caso, até porque a lide foi de muito boa nota, com Moura Caetano a construir uma actuação toda ela em plano muito elevado, de forma templada, sortes bem desenhadas, reuniões harmoniosas e remates vistosos. À excepção do primeiro ferro curto, tudo foi construído com inteligência e classe. O público foi ‘obrigado’ a render-se perante a evidência.

Pedro Félix, pelos amadores de Lisboa, concretizou a pega ao primeiro intento, após reunião pouca ortodoxa, mas com o grupo a fechar bem.

Manuel Telles Bastos desenhou uma actuação em plano positivo, mas sem romper em triunfo. Destaque-se a postura clássica e a tentar cumprir os cânones da tauromaquia à portuguesa, sendo de realce um ferro curto de boa nota, com desenho da sorte de frente, reunião ajustada e ao estribo e a rematar bem.

Paulo Ganhão, dos Académicos de Elvas, concretizou a pega ao terceiro intento.

Joaquim Brito Paes lidou um exemplar da ganadaria Charrua, desenhando uma actuação alegre, entretida e com bons momentos, principalmente na brega, que teria sido ainda mais valorizada se a cravagem não resultasse díspar e a velocidade fosse um pouco menor. Porém, o novilho tinha algum brusquidão, que não facilitou a tarefa do ginete.

Duarte Nascimento, pelos amadores de Lisboa, concretizou a pega ao primeiro intento.

Diogo Oliveira teve por diante um oponente que exigia conhecimento e poucas falhas ao cavaleiro. Diogo conseguiu uma actuação de grande nível, com sortes bem desenhadas, cravagens ajustadas e remates excêntricos. A lide terminou com um mau ferro de violino, que resultou descaído. Deverá controlar, também, a velocidade. Actuação brindada a Paulo Caetano.

Francisco Rosado, pelos Académicos de Elvas, concretizou a pega ao segundo intento.

Uceda Leal enfrentou um novilho de Fale Filipe e recebeu-o bem por verónicas, trminando o primeiro Tércio com uma meia verónica. Na muleta, teve alguns pormenores interessantes, mas sem nunca romper em triunfo, perante um novilho complicado e com pouca transmissão. Destaque para um excelente par de bandarilhas por João Pedro Silva ‘Açoreano’.

Manuel Dias Gomes esteve triunfal na sua actuação. Dias Gomes é um toureiro fascinante, pela estética que impõe nas suas faenas, por servir uma obra artística harmosiosa, pausada, como se a sua paleta de cores fosse infindável, colorindo-o ao melhor estilo gourmet. No capote esteve bem, mas foi na muleta que se destacou, por ambos os pitons, sempre de forma muito elegante. Dias Gomes tem de estar em mais cartéis!

Por fim, o novilheiro Gonçalo Alves teve uma actuação intermitente, com momentos bons e outros nem tanto, fruto de alguma imaturidade. Deverá ter em atenção a sua postura na arena, porque poder e arte não se devem confundir com altivez. Bons pormenores na muleta, depois de um tércio de bandarilhas muito irregular e de pouco brilho no capote. Tem qualidade para fazer muito melhor.

Os novilhos das diferentes ganadarias cumpriram, excepto o 5º. O 6º foi o de melhor nota e foi atribuída volta ao ganadeiro, que o mesmo recusou dar.

Uma palavra ao empresário José Luís Gomes pela aposta no toureio a pé, com carteis bem enquadrados nas praças que gere.

O público ficou aquém do certamente esperado, demonstrando em muitos casos uma falta de saber estar gritante. Uma corrida de touros não é uma tasca em que se fala com os amigos a toda a hora. Por fim, lamentável a poeirada que foi uma constante na corrida.

Talvez a tauromaquia necessite de um público mais sofisticado e deva ser essa a aposta, ou remeter-se-á a uma cultura plebeia e de poucos recursos… sem margem evolutiva.

Corrida dirigida por João Cantinho, assessorado por Jorge Moreira da Silva. No cornetim a função, foi cumprida por José Henriques.

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