V+Fama: Uma lufada de ar fresco em crescimento sustentado, qualitativamente, na abordagem ao mundo dos famosos.
Em tempos de zapping frenético e de fórmulas gastas, é refrescante assistir ao nascimento de um programa como o V+Fama, da V+TVI. Um formato que, sem pretensiosismo mas com evidente ambição, vem mostrar que é possível falar de celebridades com classe, leveza, verdade e, acima de tudo, respeito.
No centro deste novo projeto está Adriano Silva Martins — uma figura que já há muito merecia um espaço de liderança televisiva em Portugal. O seu percurso como comentador em Portugal e Espanha é marcado por consistência, credibilidade e uma leitura sensata do mediatismo. Agora, como apresentador, Adriano traz ao V+Fama aquilo que poucos conseguem conjugar: seriedade no conteúdo e leveza na forma. Conduz o programa com um equilíbrio raro — sem paternalismos nem excessos de informalidade, com o sorriso certo (por vezes raro), a pergunta certa e, sobretudo, o tom certo.
Ao seu lado, uma equipa de comentadores que surpreende pela química e complementaridade.
Nesse sentido, destacarei alguns.
Guilherme Castelo Branco é um exemplo de preparação rigorosa, elegância no trato e domínio oratório. Fala-se muito da necessidade de “elevar” o discurso nos formatos de entretenimento — pois bem, Guilherme fá-lo naturalmente, sem esforço, com classe.
Pedro Capitão, por sua vez, tem sido uma bela surpresa neste formato. Quem o tem acompanhado reconhece-lhe uma evolução constante, marcada por uma graça genuína, espontânea, mas nunca vulgar. Há nele um brilho especial — a capacidade de divertir sem cair no facilitismo, de comentar sem ridicularizar. É, claramente, uma voz em ascensão neste tipo de programas.
Já António Leal e Silva traz ao painel a experiência, a memória e o lado “histórico” da análise mediática. Pode, por vezes, exagerar nos apartes sobre si mesmo — um traço que até acaba por humanizar a sua presença — mas é inegável a sua importância no equilíbrio e profundidade de certos temas. Em televisão, alguma vaidade até se perdoa quando há conteúdo — e António tem-no.
V+Fama: Crescimento e a necessidade de dar tempo
O V+Fama tem crescido a olhos vistos. A sua estrutura firme, os temas escolhidos com critério e, acima de tudo, a ousadia de ir buscar histórias “fora da caixa”, fazem com que se destaque num panorama onde tudo parece muitas vezes reciclado. Ao contrário do que se espera num formato sobre famosos, aqui sente-se que há curadoria, há pensamento editorial e há vontade de oferecer algo mais ao espectador do que apenas o “diz-que-disse”.
E é importante deixar isto bem claro: não se confundam audiências com qualidade. O que é bom, sólido e bem feito, leva o seu tempo a ganhar espaço. Mas quando ganha, fica. O V+Fama está no bom caminho para se afirmar como o melhor programa do género em Portugal — porque respeita a inteligência do público e valoriza quem nele participa.
Por isso, talvez o mais importante agora seja isto: dar tempo ao tempo. Deixar o programa respirar, ganhar o seu público, consolidar a sua identidade.
Não é só entretenimento. É uma nova forma de olhar para o mediatismo — com cabeça, coração e alguma graça. E disso, a televisão portuguesa anda bem carente.