Vila Franca: Joaquim Ribeiro ‘Cuqui’ & “Governado”, este domingo, na Palha Blanco.

Texto: Manuel Santos Lima
Fotografia: Rute Nunes e Carlos Pedroso
Numa tarde de toiros exigentes valeu o seu final! A bravura destacou-se, tal como o seu revelador. Em praça estiveram Manuel Escribano, António João Ferreira e Joaquim Ribeiro “Cuqui”, diante toiros da temida ganadaria de Palha.
Joaquim Ribeiro & Governado: o binómio que perdurará desta corrida! Prometia ser dura ou de emoções fortes, dada a dureza reconhecida da mítica ganadaria que a esta praça deu nome. Os Palhas, de João Folque de Mendoça, são hoje reconhecidos como a mais temida divisa portuguesa depois de anos a apurar, de novo, um toiro fiero e encastado, eterna marca desta casa, mas que deram, na sua maioria, faenas duras, exigentes e de poucas hipóteses para os diestros. Somente o último, de nome “Governante”, se distinguiu dos demais pela bravura, casta e nobreza incansáveis, e permitiu uma lide em redondo ao matador da Moita do Ribatejo.
É certo que Joaquim Ribeiro “Cuqui” é o mais recente doutorado da tarde de hoje… mas é-lhe devida una menção primaz nesta crónica. E importa recordar que este mesmo toureiro, em 2020, realizou uma faena igualmente sonante a um toiro de Palha na sua terra natal, que lhe valeu e ao maioral desta ganadaria uma justa volta ao ruedo. Hoje mereceriam ambos os mesmos louvores. Se no seu primeiro teve dificuldades, entre as curtas investidas do toiro, a difícil ligação dos muletazos e necessidade extrema de se cruzar para fazer a faena, no segundo exibiu todo o seu toureio. O “Governante” foi a mais, galopou e levou “el hocico por el suelo”! A simbiose foi perfeita, entre a entrega do toiro e o temple do toureiro. Por naturais, derechazos ou manoletinas, entre cada tanda a faena elevava-se e foi rotunda! A este triunfo faltou somente a morte do toiro…
O mais velho da terna, Manuel Escribano, debutava em Vila Franca. E não tinha presente a exigência e a afición declarativa desta praça! Não se questiona o seu enorme valor e as suas frutíferas atitudes enquanto matador de toiros duros ou de encastes díspares. A ele se deve todo o respeito. Mas hoje não… mesmo com o mau lote que lhe coube lidar. Simplesmente não se entregou ou fez por isso. Ambos os seus adversários demonstraram pouca codicia, empaque e ritmo, que lhe roubaram a revelação do seu toureio. No entanto, sendo este um pleno lidador, de duros encastes, não mostrou qualquer evidência dessa postura. Foi “ventajista” ou pouco entregado, sempre despegado e sem o seu habitual valor. Mais que lidar os toiros procurou lidar o público… e dar uma volta que não merecia.
Completava este cartel um valente da terra. Sério, com um toureio sóbrio e para o toiro, com verdade e entrega. António João Ferreira é um dos mais proeminentes toureiros lusos do momento. Provou, sem triunfos, a sua boa fase e o seu bom gosto. No seu primeiro, alegre e com ritmo, não conseguiu templar nem ligar as investidas do toiro. Entregou-se cruzando os seus terrenos mas não dominou o seu exigente adversário nem fez dele o que queria. A esta faena, com mérito, seguiu-se a do quinto, igual na forma e na dificuldade e que pôs em riste o matador. O toiro não humilhava, nem obedecia ou consentia e obrigou a uma enorme entrega, uma vez mais, do diestro.
Praça de Toiros de Vila Franca
1ª da Feira de Outubro
Meia entrada de público.
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Toiros de Palha, de João Folque de Mendoça.
De apresentação desigual, afeitados e bem constituídos.
Exigentes, sem ritmo e fieros no geral.
• Manuel Escribano | volta e silêncio
• António João Ferreira | silêncio e silêncio
• Joaquim Ribeiro “Cuqui” | volta e volta de mérito
Referências || Ovação ao bandarilheiro João Ferreira no quarto toiro da ordem.
Segundo toiro da ordem foi recolhido por falta de força, saindo o primeiro sobrero.