Corrida de Gala à Antiga Portuguesa em Alcácer do Sal: O que interessa é sorrir e aplaudir…

Corrida de Gala à Antiga Portuguesa em Alcácer do Sal: O que interessa é sorrir e aplaudir…, este domingo.

Texto: Rui Lavrador
Fotografia: Roberto Pingas Rodrigues

A Praça de Touros João Branco Núncio, em Alcácer do Sal, engalanou-se, este domingo, para receber uma corrida de touros de gala à antiga portuguesa. Uma corrida que serviu para celebrar o centenário do tauródromo.

Antes da corrida, o cortejo evocativo desfilou em redor do tauródromo. Uma corrida sempre muito querida pelos aficionados, devido ao traje evocativo das touradas reais do século XVIII.

Assim, pela arena desfilaram os pajens do neto e do cavaleiro, os componentes do “Bando” (timbaleiro e charameleiros), os porta-estandartes, os coches com as respectivas tripulações (cocheiro, moços de tábua e alabardeiros, os porta-guias dos cavalos de combate) e o neto, que dirige todo o cortejo.

O cartel foi composto por João Moura Caetano, Marcos Bastinhas, Duarte Pinto, Andrés Romero, Francisco F. Núncio e Joaquim Brito Paes, forcados amadores de Montemor e Lisboa. Os touros foram pertence da ganadaria Ascensão Vaz e Canas Vigouroux (o quinto, que substituiu um touro de Ascensão Vaz que partiu um píton nos curros).

E se uma corrida de gala nos transporta para uma época faustosa, de glamour, elegância e trajes pitorescos, a vertente artística desta corrida, entenda-se lides, transportou-nos para um sombrio preto e branco, com algumas a soarem a tenebrosas. Foi uma tarde com demasiado entretenimento e pouca Arte, porém o público aplaudiu até mais não poder e, portanto, manda quem paga e seguimos todos alegres e contentes, ao belo modo de bobos da côrte.

Coube a João Moura Caetano abrir as actuações equestres e fê-lo diante um touro que saiu solto, distraído e a não querer fixar-se. O cavaleiro cravou-lhe um importante primeiro comprido para o centrar, um ferro de muito mérito, em que demonstrou inteligência ao rapidamente entender o touro e um pragmatismo artístico assinalável, sabendo que tal acção o podia embalar para uma lide a tocar no triunfo. Actuação de bom nível, destacando-se nos primeiros 3 ferros curtos, citando de frente e oxigenando os ‘embroques’ ao mesmo tempo que aguentava a investida., reunindo ‘en su sítio’. Bonita a brega ladeada levada a cabo, durante a lide. Touro a ir a mais durante a lide, mas exigindo que o cavaleiro o cuidasse, o que acabou por suceder. Artisticamente, a melhor actuação da tarde.

Manuel Carvalho, pelos Amadores de Montemor, concretizou a pega ao terceiro intento, com ajudas carregadas.

Seguiu-se uma bronca em Alcácer, numa situação que roçou o amadorismo. Para o cavaleiro Marcos Bastinhas saiu o touro que estava destinado a Duarte Pinto. Um erro da equipa responsável pelos curros. Assim, Marcos saiu da arena e entrou Duarte, invertendo-se a ordem de lide.

Duarte Pinto entrou em praça e de imediato deu início à lide, diante um touro áspero, a adiantar-se uma barbaridade nas reuniões e com o cavaleiro a resolver, como pôde, mas sem triunfar. Actuação marcada por vários toques na montada e com alguns ferros cravados a cilhas passadas. Ainda assim, o público acarinhou-o muito, dando-lhe conforto perante a dificuldade que o touro acarretava.

Duarte Mira, pelos Amadores de Lisboa, concretizou a pega ao quarto intento.

Marcos Bastinhas teve o gesto bonito de brindar a sua actuação a Duarte Pinto, pela situação que ocorreu anteriormente, o erro na saída do touro. Uma situação à qual, obviamente, os cavaleiros foram alheios. Momento de grande nobreza do cavaleiro alentejano. Frente a um touro complicado e que se defendia no momento das reuniões, destaca-se o excelente terceiro ferro curto e ainda a ligação criada com o público. Marcos deixou em delírio o público de Alcácer.

José Maria Marques, pelos Amadores de Montemor, concretizou a pega ao primeiro intento, numa boa execução e com o grupo a responder pronto e eficiente.

Andrés Romero enfrentou um touro que impactou devido à larga córnea que ostentou. Romero teve um excelente curto, com reunião cingida e sofreu um susto ao quase ser colhido, porém não se desmontando, mas ficando queixoso de perna. Não passou de um susto e prosseguiu a lide. Touro com excelente comportamento, que mereceu volta do ganadeiro à arena, após a lide e a pega. O touro foi indultado e será semental da ganadaria Ascensão Vaz.

Nuno Fitas, pelos Amadores de Lisboa, concretizou a pega ao primeiro intento, numa excelente execução.

Francisco F. Núncio teve uma lide que se pode dividir, em termos de análise, em duas fases. Uma primeira fase muito segura, percebendo as dificuldades do touro, mas conseguindo dois ferros curtos de grande valor e a segunda fase, a terminal, em que sofreu vários toques na montada aquando das reuniões. Mais uma vez, o público acarinhou muito.

Bernardo Dentinho, pelos forcados amadores de Montemor, concretizou a pega ao primeiro intento.

As actuações equestres encerraram com Joaquim Brito Paes, que esteve muito esforçado, resiliente e a conseguir resolver as dificuldades que o touro lhe foi colocando. O público voltou a ser generoso e acarinhou muito o artista.

Duarte Nascimento, pelos Amadores de Lisboa concretizou a pega ao quarto intento.

Corrida dirigida por Domingos Jeremias, demasiado benevolente, assessorado por Feliciano Reis. No cornetim esteve Nuno Massano.

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