“Inside Country Roads” – a primeira edição da nova rubrica musical sobre o estilo country, do site Infocul. Como primeira edição, temos “Inside Country Roads – a canção mais conhecida do country”. Porque, qual seria a melhor forma de começar do que com “Country Roads” de John Denver? O significado, história e covers mais diferenciados. Apesar da letra ter sido finalizada por Denver, como iremos ver, teve outros criadores iniciais. Porém, o artigo irá incidir sobre a versão de Denver.
Por isso, let’s ride!
Análise das metáforas do tema
“Take Me Home, Country Roads”, conhecida na voz de John Denver é uma sentida homenagem ao estado da Virgínia Ocidental, pintada um retrato vívido das suas paisagens e evocando um profundo sentimento de nostalgia e pertença. Este clássico intemporal fala da saudade de casa e do conforto que ela traz.
A canção começa com “Almost heaven, West Virginia” (“Quase um paraíso, Virgínia Ocidental”), estabelecendo de imediato um tom de adoração pelo estado. As Montanhas Blue Ridge e o Rio Shenandoah são destacados como marcos naturais icónicos, dando vida a esta terra antiga mas sempre em crescimento.
Desta forma, no refrão, Denver personifica as estradas que levam à Virgínia Ocidental como um guia de regresso a um lugar de pertença, referindo-se ao estado como “Mountain Mama” (“Mãe das Montanhas”). Isto não só cria uma ligação profunda, quase familiar, com a terra, como também introduz um sentimento universal de saudade e de desejo de regressar ao conforto do lar.
Mais se adiciona que as estrofes tecem um rico painel de memórias, onde a expressão “miner’s lady” (“senhora do mineiro”) simboliza o património mineiro do estado e as dificuldades a ele associadas. A referência aos céus “dark and dusty” (“escuros e poeirentos”) e ao “misty taste of moonshine” (“sabor enevoado da aguardente”) acrescenta camadas de autenticidade local, capturando a essência da vida rural da cordilheira dos Apalaches. Este retrato de simplicidade e autenticidade contrasta fortemente com a complexidade e pretensão muitas vezes associadas à vida urbana.
A memória do som
Denver aborda também o poder da memória e do som para nos transportar para casa na ponte da canção. O verso “I hear her voice, in the mornin’ hour she calls me” (“Ouço a sua voz, na madrugada ela chama por mim”) sugere que o chamamento do lar é tanto literal como metafórico, reforçado pelo verso “Radio reminds me of my home far away” (“O rádio lembra-me da minha casa tão distante”). Isto reflete a dor de estar longe de casa e o sentimento agridoce de recordar o lugar onde verdadeiramente pertencemos.
A canção encerra com um desejo ainda mais forte de regressar às estradas do campo, reforçando o tema da nostalgia e do regresso às origens. Denver convida todos a juntar-se ao refrão, tornando este desejo algo universal, e não apenas um apelo pessoal. É uma chamada a todos os que já sentiram que o seu lar os puxava, lembrando que, por mais longe que a vida nos leve, a estrada de regresso a casa está sempre à nossa espera.
A história do tema
“Take Me Home, Clopper Road” não soa exatamente bem, mas foi a estrada de Gaithersburg, Maryland, que inspirou a canção que deu a John Denver o seu primeiro single de platina.
Mas vamos por partes, John Denver só ouviu falar da canção na noite anterior. Bill Danoff e a sua namorada na altura, Taffy Nivert, que atuavam como a dupla Fat City, estavam a caminho de uma reunião de família. Enquanto percorriam estradas sinuosas, iam trocando ideias para letras, para passar o tempo — imaginavam uma canção que Johnny Cash pudesse gravar. A estrada em que estavam era, na verdade, Clopper Road, em Gaithersburg, na altura apenas uma estrada de duas faixas de alcatrão,” disse Len Jaffe, cantor e compositor da área de D.C., que assistiu à estreia da canção no Cellar Door.
“Quando chegaram à parte “Almost heaven…”, a ideia inicial era Massachusetts, porque era de lá que Bill Danoff era. Mas não gostaram da sonoridade, então usaram West Virginia. Nunca tinham estado na West Virginia,” contou Jaffe.
A 29 de dezembro de 1970, John Denver iniciou uma série de espetáculos a solo no Cellar Door , Danoff e Nivert eram o ato de abertura. Mais tarde, naquela noite, na casa do casal em Georgetown, Denver perguntou se tinham alguma canção nova para lhe mostrar.
Taffy disse: “Mostra-lhe aquela música que estavas a escrever para o Johnny Cash”. Danoff então pegou numa canção ainda incompleta, que na altura tinha apenas um refrão e um verso. Denver disse ao casal que adorava a canção e, juntos, terminaram a letra e o arranjo durante a noite.
O sucesso imediato de Take Me Home, Country Roads
Na noite seguinte, quarta-feira, 30 de dezembro, Denver apresentou a canção no Cellar Door. Já não tinham mais músicas para tocar, e John disse: “Acabámos de terminar uma música nova, e ainda nem sei a letra de cor” e então colou a letra ao suporte do microfone,” recordou Jaffe. “E tocaram a música pela primeira vez, de improviso, como encore.”
Foi uma ovação em pé de cinco minutos.
No mês seguinte, Denver gravou a canção em Nova Iorque, com Danoff e Nivert nos coros, para o álbum “Poems, Prayers & Promises”.
Em suma, “Take Me Home, Country Roads” foi lançado como single e chegou ao segundo lugar nas tabelas da Billboard.
Os diferentes covers: dos mais emblemáticos aos mais engraçados
“Forever Country” pelo conjunto de cantores Artists of Then, Now & Forever – https://www.youtube.com/watch?v=s9gAXwYZtfk
“Forever Country” é um uma colaboração lançada em 2016, interpretado por Artists of Then, Now & Forever, uma agregação singular de 30 artistas da música country. O tema combina elementos de três grandes temas de sucesso country históricos: “Take Me Home, Country Roads” (1971), de John Denver, “On the Road Again” (1979), de Willie Nelson, e “I Will Always Love You” (1973), de Dolly Parton. A gravação foi feita para comemorar o 50.º aniversário dos CMA (Country Music Association Awards). O tema inclui alguns artistas como Alabama, Jason Aldean, Brooks & Dunn, Luke Bryan, Eric Church, Brett Eldredge, Faith Hill, Alan Jackson, Miranda Lambert, Little Big Town, Martina McBride, Tim McGraw, Kacey Musgraves, Willie Nelson, Brad Paisley, Dolly Parton e Reba McEntire.
Filme “Kingsman: The Golden Circle” (2017) – https://www.youtube.com/watch?v=01AySy3H39M
No Camboja, durante a invasão a Poppy Land, Eggsy (Taron Egerton) acidentalmente pisou uma mina terrestre. Merlin (Mark Strong) utilizou um spray que congelou temporariamente a detonação. No entanto, quando Eggsy levantou o pé da mina, Merlin inesperadamente pisou-a. A esta altura, o efeito do spray estava a enfraquecer e o recipiente estava vazio.
Merlin tomou então a decisão de se sacrificar para salvar a vida de Eggsy e Hart (Colin Firth), eliminando ao mesmo tempo alguns dos guardas de Poppy. Antes de sair da mina, cantou “Take Me Home, Country Roads” num momento emocionante e épico, despedindo-se com honra antes da explosão.
David Hasselhoff – https://www.youtube.com/watch?v=qMnGON8cwck
O cantor e ator, conhecido pelas suas personagens em “O Justiceiro” (1982) e “Marés Vivas” (1989), também interpretou o tema, com muito do seu estilo de Michael Knight e Mitch Buchannon.
“American Dad” (2005-) – https://www.youtube.com/watch?v=YJEwzLjZv4I
Quando Roger rouba a banda de Steve no episódio “American Dream Factory”, Steve está prestes a desistir de tocar no Festival de 4 de Julho de Langley. No entanto, Stan, que tenta encobrir a presença de imigrantes mexicanos ilegais que trabalham para ele e estão prestes a ser deportados, ajuda Steve a formar uma banda de substituição.
No festival, Steve e os mexicanos cantam “Take Me Home, Country Roads”, de John Denver – a única música em inglês sobre a América que conhecem, pois costumavam cantá-la enquanto sonhavam em imigrar. Ao ouvir a canção, Stan percebe que eles amam tanto a América que não pode permitir que sejam deportados.
Clint Black no filme “Reagan” (2024) – https://www.youtube.com/watch?v=Wtx-AHebDdU
É de afirmar que, no final do filme “Reagan”, com Dennis Quaid, ninguém ficou com os olhos secos. A produção sobre a vida do presidente norte-americano Ronald Reagan, termina com o seu último passeio a cavalo pelo seu rancho, após ser diagnosticado com Alzheimer. O agente dos serviços secretos que o acompanhava deixou-o dar a última volta a cavalo e permitiu também que galopasse sozinho pela última vez antes de ser proibido de realizar esta atividade que tanto gostava. A paisagem idílica entre riachos e montanhas, cumpre o dever de fazer uma lágrima escorrer. Ninguém ficou com os olhos secos, ou pelo menos quem vos escreve.
Videojogo “Fallout 76” (2018) – https://www.youtube.com/watch?v=KmhMEHMgoHc
A série de jogos Fallout é um jogo de interpretação de papéis retro futurista. Normalmente retro futurista apocalíptica. Normalmente o ambiente pós-apocalíptico costuma estar cheio de canções denominadas épicas. Mas estes jogos, para dar esse aspeto retro futurista, incluem canções que vão desde 1900 até aos anos 70. Esta versão da canção contribui para o jogador ficar mais imersivo no jogo e sentir que está mesmo a viver esse mundo pós-apocalíptico, mas com canções que surgem de forma irónica e contrastantes.
Andy e Dwight do “The Office” (2009) – https://www.youtube.com/watch?v=wZga0-YE9cQ
A série “The Office” (2005-2013) é uma das séries com mais sucesso de sempre e galardoada com inúmeros prémios Emmy. Aqui, nesta cena, as personagens Dwight Schrute (Rainn Wilson) e Andy Bernard (Ed Helms) começam a cantar para seduzir a nova recepcionista Erin (Ellie Kemper) , mas depressa começam num dueto em que ignoram a intenção amorosa. A partir daí surge um dueto completamente diferente do que já se viu com “Country Roads”, que inclui banjo, canto lírico a capella, letra em alemão e muito entusiasmo por esta música. No final, o diretor do Recursos Humanos, Toby (Paul Lieberstein) interrompe-os e manda-os parar. Contribuindo para o espectador gostar ainda menos da personagem, que geralmente não é gostado pelas outras personagens por ser um “desmancha-prazeres”.