João Pedro Pais com concerto sublime em Sintra e um conselho para a vida: “Deixem-se de merdas e sejam felizes”

João Pedro Pais com concerto sublime em Sintra e um conselho para a vida: “Deixem-se de merdas e sejam felizes”, esta sexta-feira.

João Pedro Pais com concerto sublime em Sintra e um conselho para a vida: "Deixem-se de merdas e sejam felizes"

Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Rute Nunes e Carlos Pedroso

Completamente esgotado e a fervilhar de emoções, foi assim que o Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, acolheu, esta sexta-feira, o concerto de apresentação do mais recente disco de João Pedro Pais, ‘Amor Urbano’.

João Pedro Pais celebra 25 anos de carreira e é absolutamente anormal, para a cena portuguesa, a forma como consegue reinventar-se ano após ano, disco após disco. A maturidade, a vivência, mas sobretudo a extraordinária capacidade de escrever canções, colocam-no num patamar qualitativo cimeiro no panorama nacional.

O Homem que nos ensinou o significado da palavra “Mentira”, através da cruel verdade descrita numa canção, que nos colocou aos pulos a gritar “tu não sabes nada de nada” através do conhecimento que nos foi passando através das suas, que posteriormente passaram a ser nossas, canções, ou ainda o homem que nos ensinou a caminhar “Passo a Passo” e que foi o mesmo que criou uma relação inquebrável entre “A Palma e a Mão” entre si e um público que jamais o abandona(rá), foi crescendo, maturando e transformou-se num arista “do caraças” (uma expressão tão usada por si nos concertos).

JPP é a sigla do seu nome artístico, mas pode ser também a sigla de “Juntos Por Portugal”, e na verdade é isso que o artista tem feito. Através da sua arte, das suas histórias e da forma como encara a cultura, criou uma legião de fãs que são fascinados pela língua de Camões e Pessoa, pela nobre arte de cantar em português e com isso encher o peito de orgulho sempre que nos referimos a um país geograficamente pequeno, mas capaz de produzir talento superior aos maiores países do mundo.

Mas abordando o concerto no Olga Cadaval, começo por destacar o brilhante trabalho de Vítor Azevedo no desenho de luzes e João Martins no som, ambos irrepreensíveis.

João Pedro Pais apostou numa fase inicial por dar a conhecer alguns dos temas dos novo disco e posteriormente por fazer uma viagem no tempo e percorrer a restante discografia, perante um público que desempenhou um coro cheio de alma e denotando profundo conhecimento do que foi ali ouvir.

Alguns dos temas mais conhecidos foram, esta noite, interpretados com uma “roupagem diferente”, tendo o artista explicado que o objectivo era “desconstruir os temas” sem prejudicar ou alterar a letra e melodia, tendo aqui também completado o desafio com distinção.

Durante duas horas, soube criar diferentes tonalidades emocionais, servindo a música (e isto caros leitores é tão, mas tão importante) e apostando num precioso cuidado com a língua portuguesa e na forma como a mensagem de cada tema foi passada.

Pelos entretantos, foi contando histórias, quer dos temas quer algumas de cariz pessoal, como se estivesse na sua sala de estar, rodeado de amigos, numa noite de inverno em que a arte serviu de lareira para aquecer a alma.

João Pedro Pais é, indiscutivelmente, um nome gigante da música portuguesa. Um percurso musical muito coerente, sem ceder a tentações comerciais, não se desviando da arte em função do entretenimento e empregando o seu coração em cada canção. O João é um artista do mundo, mas nós temos a enorme sorte de ele ser português.

Sublime concerto, de um artista que acompanhou o crescimento da minha geração e que teve a capacidade de chegar aos mais velhos e reinventar-se para os mais novos.

Em palco, foi acompanhado por Donovan Bettencourt, Fernando Tavares, Rui Almeida e Sérgio Mendes.

No final do concerto, deixou uma palavra aos jovens: “Deixem-se de merdas e sejam felizes”. Independentemente da idade de cada um, é um conselho valioso a quem queira uma vida suprema.

Alinhamento:

Estás aí
Tribo
O meu amor
Carrossel
Prometo
Uma questão de fé
Santo Domingo
Passo a Passo
Um Volto Já
Mais que uma vez
Ninguém
Paciência
Fazes-me falta
Mentira
Nada de Nada
Louco
És do mundo
Não há
A Palma e a Mão
Um resto de tudo
Uma questão de fé

Siga-nos no Google News

Artigos Relacionados

Siga-nos nas redes sociais

31,799FãsCurtir
12,697SeguidoresSeguir
438SeguidoresSeguir
291InscritosInscrever